IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Definida a Comissão da Verdade, o governo federal agora trabalhará para fortalecer a imagem do ministro Celso Amorim (Defesa) entre seus comandados de farda. No plano, anúncios de programas de reequipamento das Forças Armadas.
Amorim não é exatamente querido entre os militares por seu perfil de esquerda e pouca familiaridade com os temas da pasta. Seu antecessor, Nelson Jobim, sofria as mesmas críticas. Mas se impôs com dois movimentos.
Primeiro, ao alinhar-se a eles em questões polêmicas como a rejeição a revisionismos da ditadura que incluíssem ferir a Lei de Anistia.
Segundo, deu vazão a pleitos como aumentos e programas de modernização.
Como no primeiro item Amorim tem mais dificuldade para convencer os militares, ainda ressabiados com o episódio em que ele buscou enquadrar oficiais críticos ao governo, o Planalto aposta na segunda frente.
A Aeronáutica espera a compra de seus caças, um negócio de estimados R$ 10 bilhões. No Planalto, a expectativa é a de que o assunto esteja resolvido ainda este ano.
Além disso, na quarta passada a FAB lançou pedido de oferta para seus novos aviões-tanque, compra de até R$ 1 bilhão em dois aparelhos.
O Exército será contemplado na defesa antiaérea, setor que especialistas apontam como maior lacuna nas capacidades militares brasileiras. Ao menos cinco países disputam o contrato, de até R$ 3 bilhões. O programa está atrasado, e o governo quer avançá-lo o mais rápido possível.
Por fim, a Marinha deverá anunciar novas aquisições para seu programa de navios de superfície, estimado em até R$ 7,5 bilhões. Ainda faltam cinco fragatas, dois navios-patrulha oceânicos e uma embarcação de apoio.
Compras como essas sempre são financiadas ao longo de muitos anos, mas o governo avalia como empacotá-las de modo a serem palatáveis politicamente.