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Pesquisadores acabam com boicote após universidade negar ‘robôs assassinos’

Mais de 50 pesquisadores de inteligência artificial terminaram um boicote à principal universidade da Coreia do Sul após a instituição concordar em não desenvolver "robôs assassinos". O grupo temia que a Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (Kaist) elaborasse armas letais autônomas a partir de uma parceira com a maior fabricante de armamentos do país.

Em fevereiro, a Kaist e a Hanwha Systems lançaram um projeto de defesa e inteligência artificial. O negócio acendeu um alerta na comunidade científica por se tratar de um contrato entre a universidade e a maior fabricante de armamentos do país, inclusive de munição cluster — projéteis de grande alcance e letalidade, que despejam bombas do ar.

Representantes de 120 países das Nações Unidas se reúnem nesta segunda-feira, em Genebra, para debater os desafios postos por armas autônomas, chamadas pelos críticos de "robôs assassinos".

Pesquisadores baseados em 30 países anunciaram, na semana passada, que se recusariam a visitar a Kaist, receber funcionários da instituição ou cooperar em programas de estudos até a confirmação de que a parceria não desenvolveria armas e máquinas sem a dependência do controle humano.

UNIVERSIDADE DIZ QUE FOCO É SISTEMA

A Kaist se manifestou horas depois do boicote e destacou que a abertura do Centro de Pesquisas para a Convergência da Defesa Nacional e Inteligência Artificial não tinha em seus planos desenvolver "armas autônomas e robôs assassinos". O presidente da universidade, Sung-Chul Shin, disse que o foco é em sistemas de comando e controle, navegação autônoma para submarinos, treinamento de aeronaves inteligentes e reconhecimento de objetos.

"Eu reafirmo que a Kaist não irá conduzir qualquer atividade de pesquisa contra a dignidade humana, incluindo armamentos autônomos sem controle humano significativo", ressaltou Shin, em comunicado.

Nesta segunda-feira, o professor Toby Walsh, da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sidney, Austrália frisou que o boicote organizado por ele terminou. O pesquisador ressaltou que a Kaist mostrou "compromisso rápido com o uso responsável da inteligência artificial no desenvolvimento de armas", de forma "pública e clara".

"Nós não devemos passar a decisão de quem vive ou morre para uma máquina. Isso ultrapassa uma linha moral", ressaltou Walsh no lançamento do boicote.

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