AS FORÇAS MAMBEMBES DA 6ª POTÊNCIA ECONÔMICA
(Texto revisado)
Paulo Ricardo da Rocha Paiva
Coronel de Infantaria e Estado-Maior
Alerta, nação indefesa! São dados para registro e cobrança quando o País amargar uma humilhação, com ou mesmo sem combate, pelos “senhores da guerra”. Cidadão converse com os militares, os oficiais e graduados sabem, investigue o percentual dos armamentos e das viaturas em disponibilidade nos quartéis.
O Ministério da Defesa precisa se impor, metade dos blindados, aviões e belonaves está indisponível, sem condições de combate, todos caducando. Tropas motorizadas ainda estão concentradas no sul, região que carece, sim, mas de tropas/brigadas de infantaria mecanizada. Estudos e levantamentos com uma detalhada radiografia das Forças Armadas, repetitivos, mostrados pelos militares a governantes e políticos, têm alertado sobre a penúria do equipamento, explicitando também as conhecidas distorções na distribuição de efetivos no território nacional, sem que lhes sejam repassados os recursos para transferências e instalações mais do que necessárias.
A Brigada de Infantaria Paraquedista é um exemplo: sua mudança para Anápolis/GO, procurando o centro geométrico do País, já virou estória da carochinha. E não basta transferir unidades. Somente se patrulharia razoavelmente as fronteiras se o efetivo ínfimo que temos na Amazônia fosse bem dotado de meios anfíbios e de helicópteros.
Dizer, então, que o índice de disponibilidade de meios se alce a “animadores” 70%, isto é estória para inglês ver. Estariam computadas na conta as "viaturas sobre rodas”? Aí fica forte: veículos de autoridades, ônibus de bandas de música, transportes administrativos em geral, seria considerar toda a tralha do "incrível exército de brancaleone"! Fontes fidedignas dizem que as viaturas que ainda rodam o fazem graças ao excelente nível dos mecânicos e às unidades de manutenção que fazem milagres, mesmo com cortes repetitivos nos parcos recursos provenientes do orçamento da união.
Blindados! Que lástima, dos refugos do Vietnã talvez nem 50% das viaturas blindadas de transporte de pessoal estejam ainda serpenteando, pelo menos nas condições ideais de um CHARRUA, protótipo que a MOTO PEÇAS de São Paulo testou e que, se encomendado pelo governo desde1980, já estaria renovado em versões atualizadas. Mas o total dos recursos desviados, das obras do PAC somados aos de alguns “ministérios propinados” do poder executivo, seria bem chegado para manutenir as geringonças de algumas unidades sobre lagartas. Ademais, não falta dinheiro para encomendar à indústria nacional. No painel do “impostômetro” a arrecadação já alcança os 4 (quatro) trilhões de reais. Afinal de contas que oitava potência é esta que não se garante? E há quem diga: somos a quinta. Helicópteros!
O Comando Militar da Amazônia dispõe de doze, um piadão para a grande região norte! Mas as acusações persistem: os militares não patrulham as fronteiras! Defesa antiaérea, perigo! Como garantir as principais fontes geradoras de energia do País? Os mísseis antiaéreos portáteis, hoje, são mais do que necessários enquanto não dispusermos dos três grupos desta artilharia com material de ponta, um para cada hidroelétrica (Itaipú, Tucuruí e, futuramente, Belo Monte). Que o povo exija segurança. A situação é bem mais periclitante do que se pensa: as fontes de energia se somam a Amazônia e ao pré-sal. Em contrapartida, é incrível, o cidadão não se liga, muito menos os governantes, quiçá os políticos: “as usinas constituem alvos prioritários para as grandes potências que cobiçam nossos invejáveis recursos naturais”!
E a Marinha, como pode esta Força, considerada a mais bem aparelhada, operar com mais de um terço dos principais equipamentos indisponível? Quem disser que metade dos seus muito poucos navios está no estaleiro erra por pouco. E quanto a aviação naval, como assegurar a posse do pré-sal com irrisórios 23 caças ultrapassados, destes, quantos estão voando ainda? Com a palavra o Ministro Celso Amorim. E o nosso aeródromo, o São Paulo, a Força Naval já recebeu recursos para fazê-lo sair da Baía de Guanabara em um, simples que seja, exercício no entorno da área pré-salica?
Vou fechar com a FAB, descaso, os caças de interceptação ainda são comprados, uma estória antiga que, deslavadamente, já se arrasta há anos. Lamentavelmente, a 6ªpotência econômica continua à mercê dos membros da "gang dos cinco" para adquiri-los. Uma cadeira cativa no CS/ONU requer muito mais do que 200 caças obsoletos. Cidadão, pergunte a quem de direito, deste total, quantos ainda estão voando em condições de combater? Talvez um pouco mais do que a metade. Atenção povo de Manaus, "bombardeios cirúrgicos dos todo poderosos”, a cidade é sede de comando militar de área e está tiranicamente distante da concentração dos comandos aéreos que, de alguma forma, disporiam de meios, ainda que fragilíssimos, para esboçar alguma reação.
O fato é que, se o circo começar, e isto pode ocorrer de repente, ninguém vai querer saber da nossa índole pacífica. Vai importar, sim, para nossa juventude na linha de frente, o poder de dissuasão de que dispõe, não para lutar, mas, sobretudo, para fazer o inimigo desistir da luta. Por isso mesmo fica difícil acreditar que ainda não tenhamos denunciado o vil TNP. Seria bem mais barato, extremamente oportuno e permitiria postergar por prazo mais suave, sem afogadilho, as outras providências, todas baseadas em gastos astronômicos com material bélico de última geração que ainda não fabricamos.