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Nova gestão da AEB amplia parceria com setor privado

Virgínia Silveira

Mesmo com orçamento mais apertado, inferior a R$ 350 milhões em 2012, o novo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, que toma posse oficialmente hoje em Brasília, pretende seguir adiante com o programa de lançadores, aumentar a participação das empresas e universidades brasileiras nos projetos, assim como lançar no prazo estabelecido pela presidente Dilma o primeiro satélite geoestacionário brasileiro, com base num empreendimento público-privado entre Telebras e Embraer

O lançamento do edital de construção do satélite, segundo ele, será feito em breve, assim como a criação oficial da nova empresa que está sendo formada entre Embraer e Telebras. A empresa ficará sediada no Parque Tecnológico de São José dos Campos. "O executivo Nelson Salgado, da Embraer, é quem está coordenando essas ações. O diretor de Política Espacial e de Investimentos Estratégicos da AEB, Himilcon de Castro Carvalho, foi convidado para ser o diretor técnico da empresa", disse Coelho.

O presidente da AEB disse que embora o primeiro satélite geoestacionário não seja adquirido no país, o governo brasileiro vai exigir acordos de offset (contrapartidas tecnológicas) para a solução de alguns gargalos tecnológicos que existem no programa espacial. A AEB, diz ele, vai comandar esse processo de transferência de tecnologia para a indústria nacional para que ela não precise mais contratar todos os elementos de um satélite como o SGB fora do Brasil.

Para que o programa espacial cumpra os objetivos estabelecidos no PNAE (Plano Nacional de Atividades Espaciais), Coelho espera contar em 2013 com um orçamento da ordem de R$ 800 milhões. Segundo o executivo, o programa espacial hoje é visto como uma prioridade para o governo. "No momento em que o governo toma a iniciativa de criar um sistema nacional para as atividades espaciais, é óbvio que ele passe a ser considerado uma necessidade de Estado. Não é a necessidade de um governo apenas", afirmou.

Sobre o esvaziamento de pesquisadores no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e no DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, o presidente da AEB disse que tem alertado o governo sobre a perda de pesquisadores no setor, mas que no caso de projetos pontuais, onde existe uma necessidade urgente de recursos humanos, o problema poderia ser resolvido com a contratação temporária.

Alguns projetos, segundo o presidente, também poderiam ser feitos na indústria, depois de passar por um processo de qualificação dentro dos Institutos. Estudos feitos pelo DCTA, segundo Coelho, mostram que as parcerias com países que já dominam a tecnologia de lançadores seriam interessantes para o Brasil acelerar o desenvolvimento do seu próprio foguete.

Ele cita algumas iniciativas que já estão dando certo com empresas russas para o projeto do foguete VLS-1 e com o Centro Espacial Alemão (DLR), no desenvolvimento do foguete Veículo Lançador de Microssatélites (VLM). "Na área de desenvolvimento tecnológico e industrial, eu acho que a história de cooperação deveria ser substituída por parceria, porque hoje em dia ninguém faz cooperação à toa de tecnologia. Querem fazer parcerias bem equilibradas".

Há duas semanas no comando da AEB, Coelho disse que encara o processo de integração das entidades que pertencem ao Sistema Nacional de Desenvolvimento de Políticas de Atividades Espaciais como grande desafio da sua gestão.

Idealizada pelo seu antecessor, o atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, a integração do sistema espacial foi um processo polêmico, que resultou na saída do ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara. A nomeação do novo diretor, Leonel Fernando Perondi, no último dia 14, completou a renovação da cúpula do setor espacial, que vive um momento de grandes oportunidades, porque pela primeira vez na história do país, o MCTI está sendo comandado por um técnico originário do setor espacial.

Além de amigo do presidente da Agência Espacial, o ministro Raupp foi diretor do Inpe e conhece bem os problemas do setor. "Não podemos negar que ele vindo do Inpe, com a experiência que adquiriu lá, tem melhores condições de discernir o que é bom e o que não é bom para o programa espacial brasileiro", disse Coelho, que também trabalhou no Inpe na mesma época que o ministro Raupp.

O lançamento do satélite de sensoriamento remoto CBERS-3, feito em parceria com a China, em novembro deste ano, é uma prioridade da AEB com um significado especial tanto para Coelho quanto para o ministro, pois coincidentemente foi sob a coordenação deles que o programa de cooperação com os chineses teve início na década de 80.

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