O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), responsável pela distribuição dos recursos de numeração na Internet brasileira, anuncia que os blocos de endereços IPv4 livres para alocação se esgotarão nos próximos meses.
Os endereços IP são distribuídos globalmente de forma coordenada com políticas que seguem princípios comuns em todo o mundo e definidas em um processo aberto pela própria comunidade Internet. Essas regras visam garantir a distribuição dos endereços com base em necessidades bem justificadas. A IANA ( Internet Assigned Numbers Authority) funciona como um estoque central. Além dela, no mundo, existem cinco organizações responsáveis pela distribuição de IPs em suas respectivas regiões geográficas. O LACNIC (Registro de Endereçamento Internet para a América Latina e Caribe) é o responsável pela distribuição em nossa região.
O NIC.br recebe os IPs do LACNIC e os distribui no Brasil. Até hoje, esse modelo sempre funcionou. “O LACNIC nunca recusou repasses de endereços IPv4 ao NIC.br, que jamais recusou alocações a operadoras ou provedores de acesso, quando justificadas adequadamente”, afirma Ricardo Patara, gerente de recursos de numeração do NIC.br.
A forma com que os IPs são distribuídos e gerenciados não é a razão do esgotamento, mas sim o crescimento contínuo da Internet. Em 2013, o Brasil foi o segundo país no mundo com mais alocações de endereços IPv4, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Isso pode ser considerado um reflexo das políticas nacionais de Inclusão Digital e, principalmente, do crescimento do acesso à Internet móvel em nosso país. A tendência de crescimento para 2014 é semelhante, o que torna o esgotamento dos endereços IPv4 irreversível.
“Não há nenhuma ação que possa ser feita para mitigar a escassez dos endereços IPv4. Eles realmente se esgotarão nos próximos meses”, destaca Ricardo Patara.
Em duas regiões os endereços IPv4 já terminaram. Em abril de 2011, na região da Ásia e Pacífico e, em setembro de 2012, na região da Europa. Previsões têm apontado que maio de 2014 é a época mais provável para o término dos estoques de endereços IPv4 na região do LACNIC. Essas estimativas estão disponíveis há alguns anos, sempre atualizadas, no sítio web do LACNIC e do projeto IPv6.br, do NIC.br. São também divulgadas em diversos eventos coordenados pelo NIC.br.
Após o mês de maio, restará apenas uma reserva pequena de endereços IPv4 para atender novos entrantes na Internet e situações emergenciais. Para esta finalidade foram reservados aproximadamente 4 milhões de endereços. As regras para a distribuição dessa reserva serão mais restritivas que as atuais. De forma resumida, cada empresa poderá solicitar apenas 1024 IPs.
O NIC.br, por sua vez, reforça a necessidade urgente da adoção da nova versão do protocolo de Internet, o IPv6, e trabalha em conjunto com diferentes frentes para agilizar essa transição.
Iniciativas do NIC.br
Encontros na sede do NIC.br reúnem, desde 2012, associações de provedores, Polícia Federal, Ministério Público, associações de comércio eletrônico, bancos, operadoras de telecomunicações, Anatel, fabricantes de equipamentos, entre outros, além de representantes do Comitê Gestor da Internet (CGI.br) e do NIC.br.
O atraso na implementação do IPv6, principalmente no backbone nacional, levou o CGI.br a enviar um ofício, em dezembro de 2013, aos principais consumidores de endereços IP no Brasil, enfatizando a necessidade de medidas em tempo hábil. Sem a adoção rápida do IPv6, toda a cadeia envolvida no fornecimento de serviços na Internet poderá ficar comprometida e pequenos provedores, datacenters e empresas terão dificuldades de expandir seus negócios, caso não exista oferta de trânsito IPv6 por parte das principais operadoras.
Consequências
Se uma empresa presente na Internet não implantar a nova tecnologia rapidamente, correrá o risco de ver seu serviço com falhas de funcionamento para um número crescente de usuários. O esgotamento do IPv4 poderá gerar ainda problemas de segurança, como por exemplo, uma maior dificuldade para identificar um criminoso online.
Boa parte dos equipamentos vendidos no mercado e utilizados por consumidores domésticos, como smartphones e roteadores Wi-Fi, ainda não suportam o IPv6. É importante que os consumidores passem a exigir o suporte ao protocolo ao comprar esses equipamentos ou contratar serviços na Internet.
Sobre o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – NIC.br
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR — NIC.br (http://www.nic.br/) é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil. São atividades permanentes do NIC.br coordenar o registro de nomes de domínio — Registro.br (http://www.registro.br/), estudar, responder e tratar incidentes de segurança no Brasil – CERT.br (http://www.cert.br/), estudar e pesquisar tecnologias de redes e operações — CEPTRO.br (http://www.ceptro.br/), produzir indicadores sobre as tecnologias da informação e da comunicação — CETIC.br (http://www.cetic.br/) e abrigar o escritório do W3C no Brasil (http://www.w3c.br/).
Sobre o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br
O Comitê Gestor da Internet no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil, coordena e integra todas as iniciativas de serviços Internet no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a disseminação dos serviços ofertados. Com base nos princípios de multilateralidade, transparência e democracia, o CGI.br representa um modelo de governança multissetorial da Internet com efetiva participação de todos os setores da sociedade nas suas decisões. Uma de suas formulações são os 10 Princípios para a Governança e Uso da Internet (http://www.cgi.br/principios). Mais informações em http://www.cgi.br/.