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Mulheres na carreira bélica das Forças Armadas

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AsCom MD Brasil
 

A abertura de vagas para o sexo feminino para o ensino bélico do Exército brasileiro atraiu sete mil e setecentas candidatas, com uma média de 192,5 por vaga, o que demonstra uma disputa bastante acirrada. A este total somam-se os 21.300 homens que também concorrem à Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), a porta de entrada para a carreira de oficial combatente da força terrestre.

No concurso, a primeira etapa foi vencida nos dias 10 e 11 de setembro, quando todos os candidatos foram submetidos às provas teóricas, nas disciplinas de português, redação, física, química, matemática, geografia, história e inglês. Após todo o processo de correção e publicação de resultados, serão conhecidos os aprovados para a segunda fase, em janeiro de 2017, que constitui a realização da inspeção de saúde e do exame de aptidão física (abdominal, flexão de braço e corrida).

A disputa engloba 40 vagas para mulheres e quatrocentas para homens que, ao serem selecionados, passarão um ano na EsPCEx, em Campinas, no estado de São Paulo. Concluído este período, os aprovados seguirão para a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende, no estado do Rio de Janeiro. Após quatro anos, as primeiras mulheres do Serviço de Intendência e do Quadro de Material Bélico sairão aspirantes a oficiais do Exército, caminho para alcançar o generalato.

Nesta batalha por uma das 40 vagas, está a aluna do Colégio Militar de Brasília (CMB), Mônica de Souza Moreira, de 18 anos. Ela disse que desde a infância pensava em ser militar. Mônica realizou um curso preparatório no próprio colégio e mudou sua rotina de estudos. “Quando entrava no colégio, chegava, assistia às aulas normais, almoçava na escola e à tarde tinha o curso”, comentou.

Mônica espera que a carreira militar complemente os ensinamentos que adquiriu no CMB e incentive outras meninas a fazer o concurso, não só da EsPCEx, mas de outras escolas militares. O maior desafio, segundo assinalou, vai ser a distância de sua família, pois o curso na EsPCEx funciona em regime de internato.

Natália Pim, de 17 anos, também aluna do CMB e uma das candidatas, escolheu participar do concurso, pois considera que as escolas militares preparam os seus oficiais não só de forma intelectual, mas também pessoal. “Além de eu ter uma formação profissional muito boa, vou desenvolver o lado pessoal como nunca vivi antes”, afirmou Pim. Para ela, só assistir aulas não foi o suficiente na preparação e, por isso, incluiu exercícios diferentes na sua rotina, principalmente nos estudos de português e matemática, disciplinas exigidas na prova teórica.

A candidata também procurou se preparar para a segunda fase do concurso, ou seja, a prova física. “Além de todo o preparo mental, você tem que ter um preparo físico, então me dediquei mais à academia, corrida, pois não adianta passar na prova escrita e não passar na física. Devemos cuidar da saúde também”, comentou. Ela considera que, entrando na escola, será bastante cobrada, pois a experiência será diferente e poderá aprender muito. “Meu maior sonho é ver minha avó na AMAN, quando estiver me tornando aspirante”, contou Natália.
 

Para receber o grupo de mulheres, a EsPCEx teve que se adaptar à nova realidade. Segundo o Coronel Gustavo Henrique Dutra de Menezes, comandante da escola, a infraestrutura passou por quatro grandes obras: alojamentos, seção de saúde, seção de treinamento físico militar e almoxarifado. O regulamento também sofreu modificações, como as normas gerais de conduta, entre elas a apresentação individual das alunas, que deverá seguir o Regulamento de Uniformes do Exército. “Todos os cuidados e as adaptações necessárias para receber as alunas foram realizados”, afirmou o Cel Dutra.

A AMAN também tem sua infraestrutura adequada para a chegada das primeiras mulheres. Este processo deve ser concluído ao longo do próximo ano.

Mulheres nas Forças Armadas

A Marinha e a Aeronáutica foram pioneiras na inserção de mulheres na linha bélica. Em 2013, a Marinha abriu vagas no concurso da Escola Naval. Engenheiras e intendentes podem chegar até o posto de vice almirante. A primeira a alcançar um posto de oficial general foi a Contra Almirante Dalva Maria de Carvalho Mendes, nomeada em 2012.

“Acredito também que mais mulheres se sentiram motivadas a ingressar nas forças armadas após minha ascensão ao generalato. Esse fato demonstra, na prática, que a promoção é uma decorrência normal da carreira militar independente de gênero, pois está pautada na meritocracia, critério utilizado na avaliação de todos os oficiais”, ressaltou a C Alte Carvalho sobre a carreira.

A Aeronáutica é a que contempla hoje o maior número de mulheres, cerca de 10 mil, dentre as de carreira e as temporárias. Foi no ano de 1996 que entraram as primeiras mulheres na Academia da Força Aérea, sediada em Pirassununga, no estado de São Paulo. Já as primeiras aviadoras ingressaram em 2003 e se formaram em 2006; estas oficiais aviadoras poderão ser promovidas a Tenente Brigadeiro do Ar em 2046.

A carreira militar nas Forças Armadas no Brasil passou a ser uma alternativa no mercado de trabalho para as mulheres. Dentre os fatores para essa demanda estão a perspectiva de ascensão funcional, a estabilidade da profissão, o respeito e a organização das instituições militares e a própria vocação militar.

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