O lançamento do foguete Soyuz com os dois primeiros satélites do sistema de navegação europeu Galileo ocorreu nesta sexta-feira (21/10), às 8h30, horário de Brasília, na base espacial europeia de Kourou, na Guiana Francesa. A operação aconteceria nesta quinta-feira, mas foi cancelada depois que foi detectada uma anomalia durante o abastecimento de combustível do foguete.
A operação, considerada um marco na história espacial europeia, é o primeiro passo para que, em 2014, o sistema de navegação Galileo esteja apto a competir com o sistema de navegação GPS, que é norte-americano.
O projeto, que é da Comissão Europeia e da Agência Espacial Europeia (ESA), prevê a construção de um sistema civil de navegação por satélite com cobertura mundial. Em 2014, ele deverá contar com 18 satélites. Até 2020, será ampliado para 30. Os próximos dois satélites da "constelação" Galileo deverão ser lançados em 2012.
O foguete russo Soyuz ST-B será responsável por colocar os dois primeiros satélites em órbita, a aproximadamente 23.600 quilômetros de altitude. É a primeira vez que este foguete será lançado fora de suas antigas bases soviéticas. Ele voou pela primeira vez em 1966 e era para ter sido usado pela antiga União Soviética para vencer os EUA na corrida espacial à Lua, nos anos 1960.
A participação do Soyuz nesta operação marca também um novo capítulo na cooperação espacial entre a Europa e a Rússia, já que é a primeira vez que o foguete russo é usado pelos europeus.
Autonomia europeia
No final da década, quando estiver plenamente operacional, o Galileo dará autonomia aos europeus em relação ao sistema norte-americano GPS. A Rússia diz ter concluído um sistema semelhante no início deste mês.
O foguete Soyuz foi adaptado para permitir que a empresa europeia de lançamentos Arianespace, que também opera o Ariane-5, leve para a órbita terrestre uma carga de 3,2 toneladas, considerada média.
A Rússia deve receber dezenas de milhões de dólares por cada lançamento, dinheiro que ajudará a financiar suas atividades espaciais. Ao mesmo tempo, a presença dos foguetes russos na base espacial europeia de Kurou ajudará a Arianespace a reduzir custos.
"Estamos no final de um episódio e no início de outro", comentou o executivo-chefe da Arianespace, Jean-Yves Le Gall, em entrevista à Reuters. "O Soyuz vai lançar satélites de tamanho médio, que não poderiam ser lançados pelo Ariane-5, e vai nos permitir lançar com mais frequência da Guiana Francesa, diminuindo os custos para a empresa, já que os custos fixos no local de lançamento na Guiana serão divididos por um maior número de lançamentos", disse Le Gall.
O sistema de navegação Galileo deu os primeiros passos em 1999 e chegou a ficar seriamente ameaçado devido ao fracasso das negociações com o setor privado, em 2007. Os diversos atrasos fizeram disparar o custo total do programa, que já superou os 5 bilhões de euros.
BV/lusa/rtr/dpa
Revisão: Alexandre Schossler