“É emblemático estarmos lançando o livro do IPEA sobre defesa em uma época de mudanças nas duas maiores economias do mundo, com a eleição presidencial nos Estados Unidos e as alterações no Partido Comunista da China”, afirmou o diretor de Desenvolvimento Institucional do IPEA, Luiz Cezar Loureiro de Azeredo, durante o lançamento do livro Defesa nacional para o século 21, ocorrido na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), nesta terça-feira, 6, na cidade do Rio de Janeiro.
O evento contou com a participação de oficiais das forças armadas, pesquisadores do IPEA e acadêmicos de todo o país, e foi marcado por um ciclo multitemático de palestras. A ideia era situar o Estado brasileiro na conjuntura política internacional e lançar uma discussão sobre a importância do aparato tecnológico militar para a defesa do território.
Para Azeredo, o país tem de estar atento às mudanças e compreender a atual conjuntura e, para isso, três questões são fundamentais: o aprofundamento da globalização e a consequente intensificação das relações comerciais que ainda favorecem as nações desenvolvidas; a questão do meio ambiente, na qual os países centrais gozam de flexibilidade, como por exemplo na emissão de CO2, e cerceiam os bens naturais dos países periféricos, considerados mundiais e intocáveis; e a governança internacional que, apesar da crescente afirmação dos BRICS, ainda está nas mãos das nações mais ricas.
Em seu discurso, Azeredo destacou a importância de uma base material forte autônoma, centrada no desenvolvimento e na avaliação cuidadosa dos nossos aliados estratégicos no mundo. Segundo ele, o momento atual pode abrir oportunidades para o Brasil consolidar as estratégias de defesa na região, em conjunto com os vizinhos da América do Sul, e desenvolver parcerias no setor de tecnologia com outros países, como a África do Sul e a Índia.
Loureiro lembrou que a reconfiguração do cenário político internacional tem pressionado os países a avaliar a mudança de posicionamento sobre domínio da tecnologia nuclear e intervenções das grandes potências em nações com menor estrutura militar e econômica. ''Não se trata de defender a não intervenção quando um país ruir, mas de não se permitir mais que alguns países intervenham quando quiserem, segundo seus interesses'', destacou.
Logo depois, o pesquisador do IPEA e um dos organizadores do livro, Rodrigo Fracalossi, defendeu a aproximação entre militares e civis para a efetividade das políticas de defesa. ''Quanto mais instituições debaterem a defesa, sejam civis ou militares, dentro ou fora do governo, mais diversas serão as perspectivas acerca dos problemas que nós temos de enfrentar na área. Países que têm uma defesa forte conseguiram envolver a sociedade civil no debate em torno do tema'', disse.
Conteúdo
ORGANIZADORES E AUTORES 11
INTRODUÇÃO 13
PARTE I: SEGURANÇA E POLÍTICA INTERNACIONAL
CAPÍTULO 1 SEGURANÇA INTERNACIONAL NA DÉCADA DE 1990
Williams da Silva Gonçalves 21
CAPÍTULO 2 POLÍTICA DE DEFESA E SEGURANÇA DO BRASIL NO SÉCULO XXI:
UM ESBOÇO HISTÓRICO
Francisco Carlos Teixeira da Silva 49
CAPÍTULO 3 DOS “DIVIDENDOS DA PAZ” À GUERRA CONTRA O TERROR: GASTOS MILITARES
MUNDIAIS NAS DUAS DÉCADAS APÓS O FIM DA GUERRA FRIA – 1991-2009
Edison Benedito da Silva Filho
Rodrigo Fracalossi de Moraes 83
CAPÍTULO 4 TERRORISMOS: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO DO FENÔMENO POLÍTICO
Marcial A. Garcia Suarez 131
CAPÍTULO 5 O PODER MILITAR BRASILEIRO COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA EXTERNA
Fernando José Sant’Ana Soares e Silva 149
PARTE II: ESTRATÉGIA E TECNOLOGIA NA DEFESA E NA SEGURANÇA INTERNACIONAL
CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE CULTURA ESTRATÉGICA
Reginaldo Mattar Nasser 185
CAPÍTULO 7 A CONDUTA DA GUERRA NA ERA DIGITAL: CONCEITOS, POLÍTICAS E PRÁTICAS
Érico Esteves Duarte 201
CAPÍTULO 8 AS FUNÇÕES TECNOLÓGICAS DE COMBATE EM GUERRAS DO PASSADO,
DO PRESENTE E DO FUTURO
José Carlos Albano do Amarante 247
CAPÍTULO 9 AS CIDADES E AS “NOVÍSSIMAS GUERRAS”: A MILITARIZAÇÃO
DO ESPAÇO URBANO
Reginaldo Mattar Nasser 271
CAPÍTULO 10 BRASIL, SERVIÇOS SECRETOS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS:
CONHECENDO UM POUCO MAIS SOBRE O GRANDE JOGO
Joanisval Brito Gonçalves 295
CAPÍTULO 11 O PRESENTE E O FUTURO DA DISSUASÃO BRASILEIRA
Luiz Eduardo Rocha Paiva 317