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INB busca na China parceria para ampliar exploração de urânio no Brasil

André Ramalho, Heloísa Magalhães e Rodrigo Polito


Uma comitiva das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) vai visitar a China este mês em busca de parcerias para investimentos na exploração urânio no Brasil.

O convite foi feito pela China National Nuclear Corporation (CNNC), que opera onze reatores próprios e prospecta oportunidades de negócios no mercado brasileiro.

Presidente da INB, João Carlos Tupinambá busca sócios para viabilizar financeiramente o desenvolvimento de novas minas. Uma das possibilidades é a reserva de Rio Cristalino, no Pará. "A China é carente em reservas. Nosso objetivo [com a parceria] é aumentar a capacidade de produção e vamos buscar possibilidades de associações em minério.

É uma coisa que a gente precisa explorar", disse o executivo ao Valor. Segundo ele, as conversas com os chineses começaram há quatro meses. A viagem, contudo, ainda precisa ser oficializada pelo governo brasileiro.

A companhia não tem uma estimativa de investimentos necessários para a exploração da mina, no Pará, mas prevê investimentos de US$ 15 milhões só para os trabalhos de prospecção, sondagem e análises químicas que subsidiarão a elaboração definitiva do projeto físico e econômico de Rio Cristalino – cuja reserva potencial é estimada em 150 mil toneladas de concentrado de urânio (U3O8), conhecido como "yellowcake".

O volume estimado, mas não confirmado, é praticamente a metade das reservas atuais do país. Segundo a INB, o Brasil ocupa a sétima posição no ranking mundial de reservas de urânio, com cerca de 309 mil toneladas de U3O8.

Parcerias internacionais não são novidade nos negócios da CNNC – que já possui acordos para a exploração de urânio com outros países, como Níger, Namíbia e Cazaquistão. No Brasil, a INB já adota o modelo de parcerias, com o grupo Galvani, do setor de fertilizantes, no desenvolvimento da jazida de Itatiaia, em Santa Quitéria (CE), prevista para operar em 2020.

De acordo com o contrato, cabe à Galvani o investimento total, de R$ 850 milhões, para o desenvolvimento do projeto, que visa explorar o urânio e o fosfato, encontrados de forma associada na reserva. A INB é detentora da área da jazida e do direito de lavra e receberá da Galvani o urânio que será extraído no processo de purificação do ácido fosfórico produzido.

No curto prazo, o foco da INB é desenvolver a segunda fase de exploração de Caetité, na Bahia, a única em operação no Brasil e que responde pelo suprimento das usinas Angra 1 e Angra 2. O projeto deve exigir investimentos de US$ 250 milhões e visa desenvolver novas minas para compensar o esgotamento de Cachoeira, a primeira mina explorada pela empresa na região e cuja capacidade de extração a céu aberto se exauriu.

A segunda fase de exploração de Caetité prevê a abertura de uma nova mina, a de Engenho, cujo início de produção está previsto para o biênio 2016/2017, e também a lavra subterrânea da mina Cachoeira, a partir de 2019. A expectativa da INB é que Caetité tenha capacidade de extração de urânio por mais 30 anos, no mínimo.

Com o desenvolvimento da segunda fase de exploração de Caetité, a jazida terá capacidade para abastecer não somente Angra 1 e 2, como também a demanda da terceira usina. Sem definição sobre a expansão de novas nucleares no Brasil, a INB tem planos de diversificação. A companhia tem a Eletronuclear como única cliente e busca alternativas.

Este ano, a empresa fechou seu primeiro contrato de exportação de urânio enriquecido, com a Combustibles Nucleares Argentinos (Conuar), no valor de US$ 4,5 milhões. Até o fim do ano, segundo Tupinambá, a expectativa é concluir a exportação da primeira carga, enriquecida na fábrica de Resende (RJ). "O valor do contrato não é o mais importante. O mais importante é nos qualificarmos como exportadores. Gostaríamos de nos consolidar no mercado argentino", disse Tupinambá.

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