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História de mulheres nas Forças Armadas

Lane Barreto
Ascom / MD


A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu, em 1975, a data de 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. A data é relacionada a uma proposta feita em 1910, pela líder feminista alemã Clara Zetkin, durante o 2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas para lembrar operárias mortas durante um incêndio que ocorreu em uma fábrica em Nova York, em 1857.

A história da primeira brasileira a integrar uma unidade militar é bem diferente, pois mostra a força do gênero considerado por alguns como frágil. Maria Quitéria de Jesus Medeiros lutou pela manutenção da Independência do Brasil. Ela alistou-se no regimento de artilharia, como soldado Medeiros, depois foi transferida para a infantaria e passou a integrar o Batalhão dos Voluntários do Imperador, em 1822.

Pelo seu entusiasmo e bravura, Maria Quitéria conquistou o respeito dos companheiros e recebeu de D.Pedro I a insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro. Em junho de 1996, por meio de decreto da Presidência da República, a mulher-soldado passou a ser reconhecida como Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. Outras conquistas na história das mulheres no âmbito militar também são importantes.

Durante a 2ª Guerra Mundial, 73 enfermeiras serviram como voluntárias em hospitais do exército norte-americano. Após a guerra, a maioria delas foi condecorada e recebeu a patente oficial, sendo licenciadas do serviço militar ativo.

Missões de paz

“Decidir participar de uma missão de paz não é tarefa fácil. É saber que, por um bom tempo, trocaremos o aconchego e a convivência familiar pelo desconfortável e desconhecido”, relata a coronel Carla Beatriz Medeiros de Souza Albach, do Quadro Complementar de Oficiais do Exército.

Em 2010, Carla chefiou a Seção de Intérpretes do segundo Batalhão do 17º Contingente da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH). O batalhão foi enviado ao país caribenho após o terremoto ocorrido em janeiro daquele ano.

A coronel Carla relata que, ao chegar ao Haiti, se deparou com o desafio de fazer a transição de batalhão operacional para núcleo de desmobilização, já que, naquele momento, a ONU resolvia iniciar o processo de retirada gradativa de suas tropas daquele país. Profissional de magistério, do idioma inglês, Carla conta que aproveitou para usar suas habilidades de tradutora- intérprete em um ambiente plural, onde várias culturas, raças e credos estavam unidos por um objetivo comum.

Para a coronel, participar de uma missão de paz foi o momento de testar e colocar em prática, como militar, tudo o que aprendeu ao longo de sua carreira. “Considero uma das mais acertadas escolhas da minha vida profissional e pessoal”, declara. A presença feminina em operações de paz teve a participação ampliada após o Ministério da Defesa firmar carta de intenções com a ONU Mulheres (Agência da Organização das Nações Unidas para as mulheres), em dezembro de 2011.

O documento, o primeiro do gênero estabelecido pelo organismo internacional, foi assinado durante visita da secretária-geral adjunta das Nações Unidas ao Brasil.
Marinha
O ingresso de mulheres na Marinha aconteceu em 1980, quando a legislação permitiu a admissão do sexo feminino na Força. No início, elas integravam um corpo auxiliar e sua participação era limitada a alguns cargos e serviço em terra. Entre 1995 e 1996, com a publicação de novas leis que regulamentaram a carreira militar, o acesso das oficiais mulheres foi estendido aos corpos de saúde e engenharia.

Em 1997, houve uma expressiva ampliação da participação das mulheres nas atividades da Força Naval após a reestruturação dos quadros de oficiais e praças. A Marinha possui 7.975 mulheres em seu efetivo, de acordo com dados de 2015.

FAB

A FAB é a que possui o maior número de militares do sexo feminino em seu efetivo, cerca de 9.820 mulheres, segundo dados de 2015. A Aeronáutica também foi a primeira das Forças a abrir espaço para a atuação das mulheres na atividade fim da instituição.

Em 2003, a Força Aérea recebeu as primeiras mulheres para o Curso de Formação de Oficiais Aviadores. O ingresso feminino na academia no Quadro de Oficiais Intendentes foi autorizado em 1995.
Exército

Em 2016, a Força Terrestre divulga pela primeira vez edital com oportunidade de ingresso do sexo feminino na área bélica. A formação da mulher como oficial combatente será iniciada na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas (SP), e será concluída na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende (RJ).

O preparo da mulher como sargento combatente será iniciado na Organização Militar Corpo de Tropa, em Juiz de Fora (MG), e concluído na Escola de Sargentos de Logística (EsSLog), no Rio de Janeiro. De acordo com o Exército, a admissão do gênero feminino na área de combate terá inicio a partir de 2017, nos quadros de logística (intendência e material bélico).

As primeiras oficiais concluirão sua formação em dezembro de 2021, e as sargentos, em dezembro de 2018. Em 1992, a Escola de Formação Complementar do Exército (ESFCEx), localizada em Salvador (BA), formou a primeira turma de oficiais.

Após quatro anos, o espaço para a atuação feminina foi ampliado com a instituição do Serviço Militar Feminino Voluntário para médicas, farmacêuticas, dentistas, veterinárias e enfermeiras (MFDV). Em seguida, , em 1996, o Instituto Militar de Engenharia (IME) recebeu as primeiras mulheres no quadro de engenheiros militares. A presença das mulheres na Força Terrestre subiu de 6.466 em 2012 para 8.101 em 2015.

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