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Governo ainda não prioriza segurança da informação

 

Gabriela Valente


Enquanto a CPI da Espionagem chega à conclusão de que o Brasil é "profundamente vulnerável" em segurança da informação, o tema continua longe das prioridades governamentais. Há um ano, o Palácio do Planalto abriu prazo para órgãos da administração direta solicitarem tecnologia de criptografia para protegerem informações classificadas como secretas ou ultrassecretas. Dos 45 órgãos, só nove requisitaram a ferramenta. Nem mesmo o escândalo do monitoramento de autoridades brasileiras pelo governo americano estimulou a preocupação em preservar os segredos nacionais. Áreas estratégicas, como a equipe econômica, são expostas a ataques.

A comunicação entre o Palácio do Planalto e a Granja do Torto, por exemplo, é feita por um cabo de fibra instalado pela Cisco Systems, segundo fontes. Como a empresa é americana, ela teria de repassar informações à Agência Nacional de Segurança Americana (NSA, sigla em inglês). No Ministério da Fazenda só são feitas varreduras à procura de grampos em linhas de telefonia fixa.
 

Nota DefesaNet – A empresa CISCO enviou a seguinte retificação que também foi anexada à matéria original em O GLOBO.

"Sobre a matéria publicada no O Globo no dia 27 de abril de 2014, com o título "Governo ainda não prioriza segurança da informação", esclarecemos que a Cisco não possui fibra óptica em seu portfólio, bem como não opera links de telecomunicações, seja em fibra ou em outros meios físicos. Sobre a alegação de que a empresa teria que repassar informações para a Agência Nacional de Segurança Americana (NSA), por ser americana, isso também está incorreto. A Cisco não monitora as comunicações de cidadãos ou organizações governamentais no Brasil ou em qualquer lugar do mundo."

O equipamento usado pelos técnicos da pasta não tem condições de verificar escutas em celulares dos técnicos que decidem os rumos da economia. Já no Banco Central, a administração comprou telefones com blindagem para grampos. Mas os diretores recusaram-se a usar os aparelhos com criptografia. O contrato foi cancelado há um ano. No Congresso, a Polícia Legislativa só faz varredura de grampos se o parlamentar suspeitar que está sendo grampeado e solicitar o serviço. A verificação também é feita apenas em telefones fixos.

No Supremo Tribunal Federal são relatadas as mesmas fragilidades. Mas, oficialmente, a Corte não respondeu os questionamentos enviados pelo GLOBO.

Depois da notícia de que a NSA espionou o Brasil, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) passou a centralizar a discussão sobre segurança da informação. Mesmo antes das revelações de Edward Snowden, o GSI já estava preocupado com o tema.

Em março do ano passado, o GSI publicou uma instrução normativa que dispunha sobre padrões mínimos de recursos criptografados. A assessoria do gabinete, entretanto, diz que não é obrigatória a adesão. "A utilização do recurso criptográfico baseado em algoritmo de estado é de responsabilidade dos órgãos e de entidades do Poder Executivo Federal, a partir do momento em que for detectada a necessidade de tratamento da informação classificada em formato digital", disse em nota ao GLOBO.

Por trás do discurso oficial de tranquilidade, cresce a preocupação, em especial, com a proteção da comunicação de áreas estratégicas. A infraestrutura é responsável por investimentos vultuosos e alvo da espionagem. A Petrobras foi monitorada pela NSA. Fontes relatam que Banco do Brasil e Caixa fizeram estudos para blindar o conselho e vice-presidentes, mas não avançaram. Mas a maior apreensão continua a ser a equipe econômica.

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CPI Espionagem apresenta Relatório Link

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