Search
Close this search box.

Gen MATTIOLI – Haverá união das grandes empresas

DefesaNet

Excelente série de 3 artigos publicados na edição de O Globo, 15JUL12:

Superbélicas verde-amarelas – Grandes empreiteiras receberão incentivo para expandir setor. Governo quer aumentar exportações Link

Uma história belicosa – Após anos de glória, setor de defesa do país foi à guerra para sobreviver Link

Gen MATTIOLI – Haverá união das grandes empresas – Para o Gen MATTIOLI a "Colaboração do setor privado ajudará indústria bélica no Brasil Link

Danilo Fariello


A INDÚSTRIA DA GUERRA

BRASÍLIA. De acordo com o general de divisão Aderico Visconte Pardi Mattioli, diretor do Departamento de Produtos de Defesa do Ministério, ao aproximar empreiteiras das empresas que já produzem equipamentos para o setor, cria-se um ambiente para desenvolvimento sustentável da indústria nacional de defesa. No ano passado, quando o ministério criou a Secretaria de Produtos de Defesa, as compras deixaram de ser feitas pelas Forças – Marinha, Exército ou Aeronáutica – para serem concentradas na pasta. Assim, tornou-se possível criar uma estratégia para desenvolvimento da indústria.

O GLOBO: Qual o foco principal do governo nas compras de produtos de defesa?

GENERAL ADERICO VISCONTE PARDI MATTIOLI: Todos os nossos produtos devem ter uma capacitação operacional, mas eu tenho um compromisso com o país de aumentar a nossa capacitação produtiva para chegar ao poder de dissuasão. A maioria dos países nunca conseguirá ter uma indústria, mas esse é um diferencial que temos. Eu posso me dar ao luxo de não ter o melhor radar do mundo, mas ter um radar que é meu. O mesmo vale para fuzis ou porta-aviões. Isso muda radicalmente a maneira de ver as coisas.

Formar uma indústria nacional é mais relevante pela visão de soberania ou pelo seu potencial econômico?

MATTIOLI: Não desconectamos a visão do poderio de defesa ao retorno econômico. O dia em que eu dissociar uma coisa da outra, estou perdido. Toda compra que faço fora do país tem de me trazer uma capacitação produtiva. É um mercado de difícil conquista, mas tenho de deixar de importar, produzir aqui e, se possível, exportar, o que contribuirá com meu balanço de pagamentos.

Por que atrair as grandes empresas, principalmente empreiteiras, para o setor?

MATTIOLI: A lei 12.598 deste ano traz a possibilidade de o setor de ciência e tecnologia em defesa poder trabalhar com dispensa de licitação. Assim, você sinaliza algo. A intenção da lei é dar soberania tecnológica para o país. Também a Estratégia Nacional de Defesa demonstra que o governo está se movimentando em satélites, cibernética, entre outras áreas. Eu vejo que haverá uma união de todas as grandes empresas do setor, como ocorreu na Europa. As empresas pequenas não conseguem responder por isso. Além disso, como a produção tem alto valor agregado e não há ativo significativo, qual a garantia para um banco privado ou o BNDES financiar essas empresas?

O Estado não poderia assumir essa função?

MATTIOLI: O Estado ainda tem uma dívida social muito grande, e tenho questionamentos da sociedade civil sobre a prioridade desses investimentos. As empresas, não. Elas entenderam que, tendo musculatura econômica, assumem essas empresas de risco, que hoje estão no vermelho, mas têm um potencial de azul muito grande. Elas assumem a licitação, o grande compromisso, os financiamentos, porque têm musculatura para isso. Essas empresas brotam de movimentos que nós estamos fazendo. Tem que ser uma empresa nacional integradora.

Quanto tempo demora para esse fortalecimento da indústria de defesa?

MATTIOLI: A linha do tempo é longa. A nossa plataforma de defesa teve início quando D. João VI veio com toda a sua capacitação intelectual em 1808. Ele monta uma indústria bélica para voltar para Portugal e se proteger enquanto estivesse aqui. Daí nasce a engenharia brasileira. Hoje, somos fortes em aviões, com uma capacitação que começou nos anos 1950. Se nosso submarino não consegue capacitação sozinho, temos, por outro lado, um terreno fértil (para seu desenvolvimento), porque temos, por exemplo, a possibilidade de uma empresa de construção produzir para ele edificações que não fissurem

Compartilhar:

Leia também
Últimas Notícias

Inscreva-se na nossa newsletter