Drª. Fernanda Corrêa
AMAZUL/ESG
ASBRAGEO
Na primeira metade do século XX, a maior parte da base industrial brasileira se consolidou pela importação em massa de tecnologias. Por as empresas estrangeiras que aqui se instalavam trazerem seus processos de produção, não houve maiores ganhos científicos e tecnológicos para a comunidade científica e para o empresariado brasileiro.
Em sua grande maioria, a aquisição de tecnologia das empresas brasileiras se deu através de bens de capital, ou seja, na compra de maquinários, equipamentos, treinamento de pessoal, manuais etc.
No enquanto, a necessidade de criar políticas científicas e tecnológicas que impulsionassem o desenvolvimento socioeconômico no Brasil se tornou uma preocupação latente a partir dos governos militares (1964-1985). O Programa Nuclear Brasileiro (PNB), fruto do Acordo Nuclear Brasil- Alemanha Ocidental de 1975, é resultado destes esforços.
Deste Programa, foram criadas empresas especializadas nas atividades nucleares, mão de obra altamente qualificada, centros e laboratórios de pesquisa, joint ventures, absorções de conhecimentos e tecnologias e o desenvolvimento de capacidades técnicas industriais que, em grande parte, conseguiram ser mantidas pelo Governo mesmo após os tempos de crise econômica do final da década de 1980 e da década de 1990.
Empresas como a Nuclebras Equipamentos Pesados S/A (NUCLEP) e Eletrobras Eletronuclear (ELETRONUCLEAR) tiveram suas atividades mantidas e as Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB) e Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (AMAZUL) foram criadas pelo Governo federal para dar continuidade ao PNB, com o Programa Nuclear da Marinha (PNM) e demais programas e projetos nucleares nacionais.
Atualmente, a NUCLEP é fornecedora de equipamentos pesados para as usinas nucleares Angra I, II e III e para o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), a ELETRONUCLEAR é operadora da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) e responsável pela seleção dos sítios das futuras usinas nucleares brasileiras no Nordeste, a INB domina todas as etapas do ciclo do combustível nuclear e abastece as usinas nucleares brasileiras e a recém criada AMAZUL é a responsável pelo gerenciamento de projetos e de recursos humanos estratégicos que atuam em todos os programas e projetos nucleares brasileiros.
A Constituição Federal de 1988 atribui à União o monopólio da maior parte das atividades nucleares em território nacional. A fim de mapear, identificar e potencializar as atividades do setor, este grupo de trabalho tem por objetivo explorar a capacidade científica, tecnológica e inovadora das indústrias nucleares brasileiras, avaliar suas competências e capacidades e/ou atuar junto das empresas, associações, universidades, centros de pesquisa e demais entidades nucleares para propor soluções inovadoras aos problemas identificados.
Do ponto de vista da geopolítica, a exploração científica, tecnológica, industrial e comercial do urânio enriquecido pode tornar o Brasil autossuficiente na produção de urânio e exportador de combustível nuclear. Sob aval do Governo, a participação da indústria privada nacional e internacional pode contribuir para a ELETRONUCLEAR e a AMAZUL desenvolverem competências em tecnologias de reatores nucleares para diversas finalidades pacíficas e a NUCLEP pode ser tornar a maior fornecedora de equipamentos pesados para setor nuclear na América Latina.
Embora a INB, por exemplo, domine o conhecimento de todas as etapas do ciclo do combustível, o urânio extraído das minas não é convertido para o estado gasoso nem enriquecido em território nacional.
A falta de investimentos empresariais para o desenvolvimento de equipamentos para atender as demandas da INB impede que todas as etapas do ciclo sejam realizadas no Brasil.
O Grupo se propõe a estudar minunciosamente, do pondo de vista da geopolítica, a solução para gargalos científicos e tecnológicos como este, naturais de países emergentes.