Soraia Abreu Pedrozo
JORNAL DIÁRIO DO GRANDE ABC
Diversas invenções nasceram na Suécia, mas depois que se tornaram populares no mundo todo, poucos imaginam qual sua origem. Exemplos são o cinto de segurança de três pontas (o tradicional dos automóveis), a embalagem tetra pak, o assento ejetor de avião-caça e o Skype. O país nórdico se destaca quando o assunto é o desenvolvimento de tecnologia, principalmente quando se fala em segurança veicular.
Essa é uma das razões que motivaram a FEI (Faculdade de Engenharia) a selar convênio com a Universidade de Linköping, instituição pública de Ensino Superior situada na cidade homônima, com foco em pesquisa e tecnologia. Ela é sede, inclusive, do parque tecnológico Mjärdevi, que concentra 260 empresas inovadoras, desde start-ups até multinacionais dos segmentos de internet móvel, imagem e som, segurança automotiva e desenvolvimento de softwares e sistemas.
O acordo deve estimular o intercâmbio de alunos, professores e pesquisadores, tanto de graduação e pós-graduação quanto de mestrado, doutorado e pós-doutorado. “A Suécia possui nível de desenvolvimento tecnológico muito forte, que tem muito a acrescentar aos nossos profissionais. Eles poderão conhecer suas inovações e adequá-las à nossa realidade”, afirma o diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais da FEI, Vagner Barbeta. “O modelo de atuação comum naquele país, que reúne instituições de ensino, iniciativas públicas e privadas é referência de sucesso e permite desenvolver tecnologias de forma mais ágil.”
Com o convênio, Barbeta afirma que há o intuito de despertar o interesse pela Suécia. “Hoje, temos na FEI mais de 200 alunos em programas internacionais, mas a maioria em países como Alemanha e Itália. Muitos até então nem cogitam o país devido ao idioma, mas a barreira da língua não existe lá. Em todos os lugares praticamente todos falam inglês.”
Segundo o diretor, o acordo, que ajuda a estabelecer parcerias interessantes para os dois lados, é voltado aos alunos de Engenharia, Ciências da Computação e Administração.
Para participar, é preciso antes pleitear a aprovação em programas governamentais, a exemplo do Ciências Sem Fronteiras, que utiliza recursos do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), órgão de incentivo à pesquisa no Brasil, e do Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), agência com o mesmo intuito, de fomentar a pesquisa brasileira, que tem, inclusive, edital aberto no momento.
MAIS – Também em Linköping fica a Saab, que fabrica o avião-caça Gripen NG, encomendado pela FAB (Força Aérea Brasileira) para substituir a frota atual de 36 aeronaves. A Saab, em parceria com o grupo Inbra, de Mauá, vai construir fábrica em São Bernardo para montagem de estruturas do caça a partir de 2017. Existe a perspectiva de incorporar produção nacional de parte significativa desses itens. O investimento da montadora será de US$ 150 milhões.
Dentre as peças que devem ser fabricadas na região com ajuda de fornecedores brasileiros, estão a tampa do trem de pouso e parte traseira, mas há chances de se fazer também as partes central e intermediária da fuselagem, incluindo as asas.
Ainda em São Bernardo, existe o Cisb (Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileira), há dois anos e meio, que vem trabalhando como intermediador em atividades para estreitar a rede de inovação aberta entre Brasil e Suécia em colaboração com empresas, universidades e órgãos públicos de financiamento. O Cisb também fomenta intercâmbios.