Júlio Ottoboni
Especial para o DefesaNet
O clima com o aumento das demissões da EMBRAER, em São José dos Campos, começou a incomodar os políticos da cidade. O presidente da Câmara, o vereador Juvenil Silvério (PSDB), oficializou na semana passada o documento que deve ser enviado à direção da empresa, que agora fica em São Paulo, no qual solicita que se tenha uma reunião com uma comissão de vereadores.
Os integrantes do legislativo local querem esclarecimentos sobre possíveis demissões de empregados e lay off (afastamento temporário) na empresa. Na semana retrasada, as informações eram que a EMBRAER tinha demitido mais 400 empregados de sua matriz. Entre os dispensados estão engenheiros de projetos, que foram pegos de surpresa, pois não estavam no lay off da empresa.
Segundo a EMBRAER, o lay off, afetando 1.080 empregados, está em prática como anunciado no ano passado. Os empregados estão sendo dividido por grupos, dependendo da área de trabalho. A fábrica está sendo preparada para os novos aviões comerciais. É um processo de transição. Essa é a posição da companhia que não recebeu até o momento nenhum pedido de reunião com os parlamentares da cidade.
O grupo de vereadores dispostos a cobrar explicações da direção da EMBRAER é formado pelos vereadores Renata Paiva (PSD), Amélia Naomi (PT), Wagner Balieiro (PT), Dulce Rita (PSDB), Rogério Cyborg (PV), Valdir Alvarenga (SD), José Dimas (PSDB), Maninho Cem Por Cento (PTB), Sérgio Camargo (PSDB), Lino Bispo (PR) e o próprio presidente da casa.
Há poucos dias, a comissão parlamentar se reuniu com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e essa proximidade não é vista com bons olhos pela companhia e por parte dos empregados, principalmente por conter vereadores do PT que são conhecidos por estimularem graves e com histórico de impedimento de ingresso de trabalhadores na fábrica.
Segundo o vereador Rogério Cyborg (PV), a reunião é um pedido dos sindicalistas. “Foi o sindicato que veio aqui para falar da GM e na pauta eles pediram para fazermos uma reunião com a EMBRAER. Nos já tínhamos ido lá (direção da EMBRAER) e eles falaram e nos explicaram”. O vereador disse que o sindicato pede que os membros do legislativo atenda o pedido e tenha uma reunião com a EMBRAER.
A EMBRAER tem transferido parte de sua produção para os Estados Unidos (toda a produção de jatos executivos Phenom e Legacy) e adquirido fábricas tanto em solo norte americano como no México e Portugal. Além da criação de dois centros de engenharia, um na Flórida e outro na Califórnia. Isso tem abalado a confiança do cluster aeronáutico de São José dos Campos, conhecido por ter o Sindicato dos Metalúrgicos vinculado ao partido de extrema esquerda PSTU e o maior opositor as políticas adotadas pela EMBRAER, como a de transferir para São Paulo sua direção e o setor administrativo e investir em fábricas no exterior.
A situação piorou depois de 2009, quando a empresa demitiu mais de 4 mil funcionários depois de ter avisado que inexistia planos neste sentido. Nos últimos meses, depois que surgiu o escândalo do pagamento de propina pela antiga direção da empresa para conquistar uma licitação de aviões militares Super Tucano na República Dominicana, revelado pela inteligência e pela Justiça dos Estados Unidos, e a consequente multa de US$ 206 milhões complicou ainda mais a já desgastadíssima relação.
Os sindicalistas afirmam que a empresa está demitindo para poder pagar o alto custo das multas impostas pelas autoridades americanas relacionadas às ilegalidades descobertas e que causou um prejuízo imenso para a imagem da companhia. Ainda há Investigações sobre os casos na Arábia Saudita, Moçambique e Índia. “Quem pagará a conta da propina é o trabalhador, que será vitima duas vezes, no pagamento e na demissão”, comentou o presidente do sindicato, Antonio Macapá.
Na área civil a EMBRAER finaliza o desenvolvimento da Família E-2. Avança nos testes da aeronave de transporte multimissão KC-390. Com a empresa Sierra Nevada iniciará testes com o Super Tucano na USAF. As vendas de Super Tucano (Afeganistão, Líbano e Nigéria) estão sendo coordenadas via o sistema FMS americano e produzidos pela Sierra Nevada nos Estados Unidos
A atual administração liderada pelo CEI Paulo Cesar Silva não explicitou desde a sua posse, junho 2016, a estratégia da EMBRAER referente ao seu futuro industrial.
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