Search
Close this search box.

Embraer investe na Tempest e entra em cibersegurança

Pedro Arbex e Geraldo Samor
Brazil Journal
01 julho 2020

 

A Embraer está fazendo um aumento de capital na Tempest — uma empresa líder em cibersegurança no Brasil, com clientes no mercado financeiro e varejo — numa transação que abre uma nova linha de negócios para a fabricante de aeronaves.
 
O aporte da Embraer dará fôlego para que a Tempest acelere sua expansão internacional em meio a uma explosão de ataques cibernéticos por conta da covid.
 
A Embraer já era acionista indireta da Tempest por meio do FIP Aeroespacial, um fundo de venture capital que tem a Embraer e BNDES como cotistas e que investiu na empresa em 2015. Até a transação anunciada hoje, o fundo detinha 37% do capital.
 
Fundada em 2000, quando a cibersegurança ainda era um assunto de nerds que liam Isaac Asimov, a Tempest começou atendendo um único cliente: um ecommerce que queria aprimorar sua segurança.
 
Mas com a digitalização da economia e a entrada do FIP, a companhia viu seu faturamento sair de R$ 20 milhões para R$ 120 milhões no ano passado — um crescimento médio anual de 46%. As margens são suculentas, por se tratar de um negócio brain-heavy e capital-light.
 
Hoje, a Tempest é líder de mercado no Brasil atendendo 315 clientes — de grandes bancos e varejistas até indústrias e operadoras de telecom. No exterior, seus clientes incluem a revista The Economist, o jornal The Guardian, a Tesco, uma das maiores redes de supermercado da Europa, e o Comitê Olímpico Internacional.
 
Apesar de controlada pela Embraer, a Tempest continuará operando autonomamente e manterá sua marca. O plano é fortalecer sua presença na Europa e montar times comerciais nos Estados Unidos e na Ásia. Hoje, o Reino Unido responde por 10% da receita, mas a Tempest acha que pode fazer mais de 50% das vendas no exterior nos próximos cinco anos.
 
Quando foi fazer o pitch de seu produto para a The Economist, Lincoln Mattos ouviu a pergunta de um milhão de libras: ‘O que o Brasil tem a ensinar para os países desenvolvidos em cybersecurity?’
 
O co-fundador da Tempest só faltou dizer, ‘Hold my beer.’
 
“A régua dos bancos brasileiros é muita alta. O Brasil concentra alguns dos ataques ao sistema financeiro mais sofisticados do mundo. As coisas acontecem aqui primeiro e depois vão pro resto do mundo,” ele disse ao cliente, conforme relatou ao Brazil Journal.
 
“Temos quase 200 milhões de pessoas online e um internet banking comparável a economias desenvolvidas. Junta isso com a desigualdade social enorme e a falta de uma política especializada de combate aos hackers, temos a ‘tempestade perfeita’ do cibercrime.”
 
Produto do Porto Digital de Recife — um mini Silicon Valley no Nordeste — a Tempest foi fundada por Lincoln, Marco Carnut e Evandro Hora quando os três estudavam na Universidade Federal de Pernambuco. Lincoln fazia iniciação científica em ciência da computação, Evandro estava concluindo seu mestrado na área e Marco fazia graduação em matemática.
 
Agora, a Embraer vai dar à Tempest um cartão de visitas para abrir mercados como o de defesa, indústria aeroespacial e infraestrutura crítica, disse Lincoln.
 
Em seu dia a dia, a Tempest fecha contratos para cuidar de toda a defesa do cliente. Para bancos digitais, monta e gerencia centros de operações de segurança para prevenir fraude; para varejistas, monta o arcabouço de segurança para as operações de ecommerce. E para a maioria, implementa testes de invasão para medir a segurança dos sistemas.
 
Um dos produtos da Tempest está embarcado em mais de 30 milhões de smartphones no Brasil. Trata-se do ‘Allow Me’, um software integrado ao internet banking e ao aplicativo dos bancos, que garante o onboard seguro de novos clientes e checa a autenticação de todas as transações.
 
O investimento da Embraer vem num momento em que a pandemia tem evidenciado a necessidade da cibersegurança — um tema que tem se tornado assunto de 'C-level' nas grandes empresas.
 
Segundo Lincoln, os cibercrimes “aumentaram significativamente” nos últimos três meses, chegando a seu pico histórico.
 
“Antes da crise os funcionários ficavam dentro das empresas, onde elas têm vários sistemas de segurança. Agora, o perímetro das companhias virou a casa dos funcionários… os ataques aumentaram muito, desde aqueles emails de phishing aos ataques a roteadores de internet,” disse Lincoln.
 

Compartilhar:

Leia também
Últimas Notícias

Inscreva-se na nossa newsletter