Virgínia Silveira
Depois de anunciar um lucro líquido e R$ 174,3 milhões no primeiro trimestre deste ano, número cerca de quatro vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado, a Embraer promove uma série de alterações em sua estrutura organizacional. As mudanças, anunciadas internamente, na última sexta-feira, acontecem em meio aos estudos sobre a produção de um novo modelo de avião comercial e envolvem, principalmente, a nomeação de um novo vice-presidente para a área de aviação executiva.
Considerada uma das três áreas estratégicas da companhia, junto com aviação comercial e de defesa, o negócio de aviação executiva, segundo o Valor apurou, passa a ser comandado por outro executivo da casa, o americano Ernest Edwards, que já atuava como vice-presidente de vendas da Embraer nos Estados Unidos.
O atual vice-presidente de aviação executiva, Luis Carlos Affonso, foi remanejado para o cargo de vice-presidente de novos programas. O objetivo do novo organograma da companhia, segundo o Valor apurou, é adequar a estrutura organizacional ao novo momento vivido pela empresa, inserida num contexto de grande competição internacional, e o seu posicionamento em relação aos novos negócios e oportunidades que estão surgindo no mercado.
A área de novos programas estava sob o comando do engenheiro Mauro Kern, que assumiu a vice-presidência de engenharia e tecnologia da companhia. O anterior, Emílio Matsuo, foi designado engenheiro-chefe da Embraer, com autoridade máxima na companhia em termos de conformidade e excelência técnica dos produtos.
Há mais de 30 anos na Embraer, o vice-presidente de assuntos corporativos, Horácio Forjaz, que acumulava a responsabilidade sobre as áreas de desenvolvimento social, marketing, comunicação externa e de relações institucionais, deixou a companhia na sexta-feira passada. A área de relações institucionais ficará provisoriamente sob o comando do presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado. Hélio Bambini assumiu a responsabilidade por operações industriais, em sucessão a Artur Coutinho, que acumulava essa função e atualmente é o diretor operacional da Embraer.
Em teleconferência com a imprensa ontem, a vice-presidente de finanças da Embraer, Cynthia Benedetto, manteve as projeções de encerrar 2011 com uma receita líquida de US$ 5,6 bilhões e de entregar 102 jatos comerciais, 18 executivos de grande porte e 100 jatos leves, na linha do Phenom.
Segundo a executiva, nos últimos trimestres tem sido observada uma tendência de estabilização do mercado, com grandes oportunidades no segmento de jatos da família de 70 a 120 assentos, principalmente no mercado norte-americano. No primeiro trimestre deste ano, a Embraer vendeu um total de 44 aeronaves e entregou 28, sendo 20 comerciais e oito executivas.
No segmento de jatos executivos, Cynthia comenta que o mercado ainda está fraco, com pouca possibilidade de aquecimento no curto prazo. Sobre a redução expressiva no número de entregas de jatos executivos no primeiro trimestre deste ano, comparada aos últimos meses de 2010, de 61 para apenas oito jatos, a executiva explicou, em conferência com analistas, que houve uma combinação de questões comerciais (adiamentos e cancelamentos de pedidos de alguns clientes) e de produção.
A apreciação do real frente ao dólar, segundo Cynthia, continua sendo um dos grandes desafios da companhia e a melhoria de produtividade tem sido uma das principais ferramentas utilizadas para enfrentar a pressão pelo aumento dos custos de produção. "A valorização do real nos preocupa bastante, mas todos os investimentos que têm sido aplicados na melhoria de produtividade tem ajudado a manter a estrutura de custos da empresa em linha com o planejado", afirmou a executiva.
A Embraer apresentou uma receita líquida de R$ 1,756 bilhão no primeiro trimestre do ano, inferior aos R$ 1,783 bilhão registrados no mesmo período de 2010.