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EMB-100: Bandeirante histórico deteriora-se em parque de SJC

Júlio Ottoboni

 

O terceiro protótipo do avião Bandeirante EMB-100, o primeiro aparelho montado pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER) está em estado de abandono no Parque Santos Dumont, em São José dos Campos. Seu último restauro ocorreu em 2011 e depois sequer houve limpeza ou mesmo manutenção. A sua pintura e fuselagem se encontram bastante deterioradas, há peças quebradas e infiltrações de água na fuselagem. O aparelho foi doado ao município em fevereiro de 1981 pelo então presidente da empresa, Ozires Silva, e desde então se encontra em exposição no local.

As condições gerais do aparelho são ruins, há desde uma grossa camada de sujeira recobrindo todo avião como desprendimento de partes da fuselagem, o ‘nariz’ do aparelho está todo rachado, a pintura original desbotada e em algumas apresenta descolamento, os vidros das janelas estão totalmente opacos,  há sinais de infiltração de água nas escotilhas,  em pelo menos duas delas foi passado vedante de calha residencial, material totalmente inadequado para restauro, outras estão tapadas, e o trem de pouso dianteiro está quebrado.

A responsabilidade da manutenção do parque e de seus equipamentos é da prefeitura, mas nos últimos quatro anos nada foi feito para a preservação do avião que lançou a Embraer no mundo aeronáutico.  A atual gestão informou que tem conhecimento da gravidade do caso e está em entendimento com a antiga estatal para promover uma recuperação do aparelho dentro das especificações técnicas exigidas.

Esse avião trata-se de um marco para o setor aeronáutico e particularmente para o segmento científico nacional. Ele foi usado por uma década em missões ligadas ao Centro Nacional de Atividades Espaciais (CNAE), que foi a primeira instituição brasileira criada para tratar de assuntos relacionados à pesquisa espacial e que deu origem ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de São José dos Campos.

Em 02 de janeiro de 1970, a Embraer começou a funcionar e passou a produzir suas primeiras aeronaves, o pioneiro foi o terceiro protótipo do EMB-100. O avião foi equipado com um laboratório para pesquisas de sensoriamento remoto e aero fotos. Seu primeiro voo ocorreu no dia 29 de junho de 1970, segundo registros da ex-estatal. O aparelho que foi entregue um mês depois para a CNAE, que passaria a ser denominada de Inpe, em 1971 e ficou em operação no centro de pesquisas até 1980.

O local onde se encontra o avião já foi aberto, depois ganhou um gradil de ferro, mas que possibilitava os visitantes a chegarem bem perto do aparelho. Ao longo da última década foi trocada por uma cerca de madeira que impede a aproximação das pessoas, entretanto isso não refletiu em sua conservação.

A última recuperação da aeronave foi feita em 2011. O restauro do avião foi feito por integrantes do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), local onde a Embraer e o Inpe foram criados, além do projeto original do Bandeirante – o que possibilitou o surgimento da EMBRAER e do polo aeronáutico, que dava seus primeiros passos nesta época com a AVIBRAS, AEROTEC e outras empresas pequenas de engenheiros do ITA.

Para o especialista em aeronáutica e ex-empresário do setor, Lauro Ney Batista, há boas chances de se recuperar a estética original do avião.

“Desde que reformaram o parque em 2011 o avião também foi recuperado. Atualmente isso poderia ser feito pela EMBRAER ou também daria para fazer com patrocínio e dar o serviço para uma escola de mecânica de aviação, como a TAS em São José dos Campos ou a Escola Municipal de Ciências Aeronáuticas de Taubaté. Dá para fazer o trabalho, inclusive de pintura, no local. O trem de pouso será preciso retirar e levar para uma oficina”, explica Batista.

Como também é restaurador de aeronaves, o especialista acredita que o custo é relativamente baixo. “Depende de quem for fazer o serviço. Eu faria por uns R$ 20 mil, em troca de divulgação. Para a Embraer é praticamente nada e ela ainda teria voluntários da Associação dos Pioneiros e Veteranos da Embraer (APVE), como na reforma anterior”.

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