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Em palestra na AFA, Amorim aborda a inserção estratégica do Brasil no mundo

A reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a cooperação com países sul-americanos e africanos, a política externa e os rumos da Defesa no Brasil foram os principais temas abordados pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, em palestra proferida nesta segunda-feira, na Academia da Força Aérea (AFA).

Perante uma plateia composta basicamente por cadetes e alunos de 30 instituições de ensino do país, Amorim falou sobre “A inserção estratégica do Brasil no mundo”. Sua exposição compôs a cerimônia de abertura do IX Congresso Nacional Acadêmico sobre Defesa Nacional, que acontece até o próximo dia 26, em Pirassununga.
 
“Para falar-lhes da visão do Ministério da Defesa sobre a inserção estratégica de nosso país, é preciso começar tecendo algumas considerações sobre os rumos do Brasil e sobre as tendências do sistema internacional”, iniciou Amorim.

Segundo o ministro, o Brasil que entra nesta segunda década do século 21 é “um país transformado”. Ele completou que “a obra que mudou definitivamente o perfil de nosso país é produto de uma longa evolução, por vezes traumática, mas que ganhou especial intensidade no último decênio, no governo Lula, a que tive a honra de servir”.

Após a exposição, Amorim assistiu a troca de equipe de serviço, culminando com desfile de cadetes no pátio central da Academia.

Confira, a seguir, trechos da palestra proferida pelo ministro Celso Amorim:

Ulysses Guimarães e Itamar Franco

“É justo homenagear Ulysses Guimarães, há 20 anos falecido. Quase coincidentemente, comemoramos em breve os 20 anos da posse do saudoso presidente Itamar Franco, que com seu jeito mineiro, aparentemente modesto, contribuiu decisivamente para a consolidação das instituições durante uma transição crítica.”

A evolução do Brasil

“A grande evolução do Brasil se deu em três frentes. A primeira delas é a democratização. Costumo dizer que a liberdade é como o ar: só percebemos sua importância quando falta. A democracia foi uma conquista do povo brasileiro, inscrita em sua constituição cidadã. O sistema democrático vem abrindo novas oportunidades de realização civil e política em nossa sociedade.”

Democracia e defesa
 
“Observo, neste particular, a naturalidade com que convivem democracia e defesa. Por isso, o interesse por assuntos militares não pode de forma alguma ser confundido com militarismo. A defesa, como política pública, é fortalecida pelo controle civil e pelo engajamento da sociedade. Por outro lado, a força militar é valorizada pelo profissionalismo e a dedicação de nossas Forças Armadas e o mais estrito respeito às normas constitucionais que as regem.”
 
“Democracia e defesa não são apenas compatíveis mas se reforçam mutuamente, numa sociedade plural e vibrante como a que queremos construir.”
 
Economia
 
“Uma segunda frente de transformação da realidade nacional é a economia. Nossa história registrava momentos alternados de crescimento econômico e de estagnação, por vezes com a inflação sob relativo controle, mas nunca a ocorrência concomitantemente e sustentada de ambos.”

 
Redução da desigualdade
 
“A terceira frente em que nosso país deu grandes saltos – e talvez a mais importante delas -, é a da redução da desigualdade. Nosso país ainda é muito injusto. O Brasil sem miséria é, exatamente, o lema do governo da presidenta Dilma Rousseff. Em que pese à persistência desta realidade tributária da história, os avanços em direção à igualdade têm sido nada menos que espetaculares.”
 
Conselho de Segurança
 
“Confiante na contribuição que lhe toca dar à ordem mundial, o Brasil atuou, em diferentes níveis, pelas agendas da paz, da prosperidade e da justiça. Advogou a reforma do Conselho de Segurança, de forma a ajustá-lo à realidade internacional do século 21. Um conselho mais representativo, menos dócil ao interesse desta ou daquela potência tradicional, poderá oferecer soluções construtivas aos vários impasses que têm bloqueado sua ação e desacreditado sua autoridade.”

América do Sul
 
“No plano regional, a criação da Unasul traduziu o grande empenho do Brasil em aprofundar a integração da América do Sul e transformá-la em um polo da nova configuração global do poder. Aliás, a negação, na prática política, da realidade sul-americana como espaço de cooperação econômica e articulação diplomática era um dos muitos “círculos de giz” que traçávamos à nossa ação, certamente por inspiração externa.”
 
Continente africano
 
“No continente africano, identificamos o necessário resgate da imensa dívida, contraída por um país profundamente marcado pela escravidão, como lembra Joaquim Nabuco em “O Abolicionismo”, além disso, podemos ver ou antever valiosas oportunidades mutuamente vantajosas de comércio e investimento.”

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