EQUILÍBRIO, SERENIDADE E UNIÃO
NO COMBATE AO COVID-19
Reis Friede
Professor Emérito da Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército – ECEME,
é Economista e Engenheiro com Licenciatura em Matemática.
I. Introdução
A atual pandemia de SARS-CoV-2 (também conhecida como COVID-19)1 pode ser considerada como o maior desafio que a humanidade já enfrentou, desde os desastres da peste negra no final do século XIV (um surto bacteriano transmitido por pulgas e ratos pretos que levou a óbito entre 75 a 200 milhões na Eurásia, incluindo um terço da população europeia) e, principalmente, das diversas pandemias virais de gripe que a humanidade testemunhou, com ênfase na chamada espanhola, entre 1918-20 (o primeiro surto de H1N1 registrado na história), que infectou (diretamente) 500 milhões de pessoas (mais de 25% da população mundial) e matou entre 50 e 100 milhões de pessoas.
“Cerca de 80% dos pacientes com COVID-19 internados na UTI morrem. Vivemos das pequenas alegrias; dos pacientes que se recuperam (…)
Há um estresse enorme no hospital, porque existe também uma pandemia de pânico (…)” (RONALDO DAMIÃO; Diretor do Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ, O Globo, 08/04/2020, p. 8)
O SARS-CoV-2 é uma terceira modalidade de coronavírus da classe SARS (com capacidade de transmissão entre humanos) que desencadeia uma doença infecciosa (supostamente) respiratória (a exemplo do SARS-CoV-1 e do
MERS) que pode causar no ser humano, – dependendo da carga viral contraída e da capacidade individual do sistema imunológico -, desde um simples resfriado até complicações extremamente gravosas, como pneumonia, insuficiência respiratória e um conjunto de complicações inflamatórias que, transcendendo aos pulmões, pode atingir todos os órgãos do ser humano, levando ao óbito.
"A COVID-19 pode afetar qualquer parte do corpo, com consequências devastadoras, e não apenas os pulmões. Ela ataca também os rins, fígado, coração, cérebro e intestinos.
A maioria dos pacientes, em estado grave, tem sido acometida por microtrombos que, na circulação pulmonar, impedem a chegada do sangue para remover o CO2 e levar oxigênio aos demais órgãos, formando coágulos sanguíneos que podem conduzir à embolia pulmonar, AVC, etc. (…).
Os pulmões costumam ser atacadas primeiro. Neles, o coronavírus mata as células dos alvéolos e faz com que eles se rompam. O pulmão fica inflamado e a circulação dos vasos do sistema respiratório é afetada o que, por si só, pode conduzir à morte do infectado.
Mas os rins também são severamente atingidos, e entre 40% e 60% dos pacientes internados em UTI precisam de diálise. Os microtrombos afetam tão intensamente a circulação que seus efeitos são visíveis, em alguns casos, em necrose das mãos e dos pés (…).
A COVID-19 é, nesse sentido, uma doença extremamente grave e complexa (…)." (HARLAN KRUMHOLZ; Universidade de Yale, O Globo, 22/04/2020, p. 11)
"É importante lembrar que o agravamento dos casos de COVID-19 se deve justamente à possibilidade de ocorrência de uma 'tempestade imunológica', uma inflamação generalizada causada pela resposta descontrolada do organismo" (NELSON SPECTOR; Hematologista – UFRJ, O Globo, 07/04/2020, p.9)
Trata-se, portanto, de um vírus extremamente perigoso, e considerado "inteligente", pela sua elevada capacidade de sobrevivência, em decorrência de seu (surpreendentemente) elevado coeficiente de incidência (número de casos novos / população), – que o faz capaz de, a cada vetor humano, infectar outros três (o vírus H1N1, por exemplo, contaminava em média apenas entre 1,2 e 1,3 pessoa) -, associado a um baixo coeficiente de letalidade (capacidade do patógeno de conduzir à morte), permitindo, desta feita, a sobrevida de seu hospedeiro (inclusive assintomático) e, consequentemente, a sua própria (posto que o mesmo é incapaz de se manter vivo por mais de 72 horas em superfícies “mortas”), preservando, por consequência, um alto (e indesejável) coeficiente de virulência (capacidade do germe de agredir e de ser letal ao outro organismo).
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