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Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet
A posse do físico Marco Antonio Raupp no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação não é a mera indicação de um técnico na área, como a desatenta imprensa nacional informa.
Trata-se de etapa de uma profunda reformulação da área espacial brasileira, ou o pleno exercício do processo DilmaX. O processo de análise de tomada de decisão adotada pela Presidente Dilma Rousseff baeado em: fatos dados e números, ou mais simplesmente na realidade dos fatos.
Para que o leitor entenda este processo apresentamos uma história palaciana:
“Quando ainda gerente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no governo Luiz Inácio, foi informado à presidente Dilma Rousseff, que ela poderia ter um acompanhamento gerencial preciso da evolução das obras via imagens de satélites.
Agora no controle total do PAC, como presidente, a Senhora Dilma preside uma reunião de avaliação do PAC. Em meio a reunião a presidente solicita as fotos dos satélites, que lhe foram prometidas meses antes.
Pânico geral na mesa, alguns dos presentes olham para o céu do Planalto Central, em busca de um salvador satélite. Sob o constrangimento geral e sabedores das conseqüências um dos presentes teve de dar a notícia, estas fotos não existiam.
Fruto de um confuso compartilhamento entre os Ministérios de Defesa e Ciência e Tecnologia, e neste mais a gestão compartilhada entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com visões diferentes sobre as prioridades no espaço gerou que não havia fotos para serem apresentadas à presidente”. E também nada de concreto no programa Espacial Brasileiro
A reunião aconteceu no primeiro semestre de 2011. E as ações começaram imediatamente.”
A partir disso uma rápida evolução dos acontecimentos. É convocado o físico Marco Antonio Raupp para assumir a AEB. Os primeiros conflitos foram exatamente com o INPE, cujo presidente não aceitava subordinar-se à AEB. Sentindo de onde os ventos sopravam este anunciou a sua saída no final de 2011 e aguarda-se a indicação do substituto a partir de uma lista tríplice já apresentada pela comunidade acadêmica.
Mais importante disso foi a visita de uma grande comitiva incluindo o então ministro Jobim, comandante da Aeronáutica brig Saito, o próprio Raupp, entre outros ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), em 28 de Julho de 2011 e novamente visitado pelo novo ministro Amorim, em 4 de Novembro.
O próprio ministério da Defesa acelera projetos que estavam em velocidades burocráticas. Podemos ver pela realização de dois importantes testes:
1 – Teste do propulsor S43TM, desenvolvido para compor o segundo estágio do Veículo Lançador de Satélites 1 (VLS-1) – Novembro 2011.
2 Ensaios de qualificação em solo do motor de foguete L5, dentro do programa de desenvolvimento de tecnologia nacional de propulsão líquida Oxigênio – etanol) pela Divisão de Propulsão Espacial do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
No campo político o feudo galáctico do Partido Socialista Brasileiros (PSB), na binacional Brasil-Ucrânia Alcantara Cyclone Space, foi desfeito com a indicação do reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), brigadeiro Reginaldo dos Santos, para diretor-geral da empresa Alcântara Cyclone Space, substituindo ao “perdido no espaço” Roberto Amaral.
Logo os governos do Brasil e Ucrânia revigoram a ACS com a assinatura de acordo em setembro com a Ucrânia propondo-se a investir US$ 250 milhões.
Com o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) é ressuscitado o Programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro (SGB) que estava parado há vários anos no Ministério da Defesa. Há a possibilidade de adquirir dois satélites de comunicação, o primeiro em 2014 e o segundo em 2018. Para serem compartilhados entre o PNBL e o Ministério da Defesa (banda X).
A EMBRAER Defesa e Segurança forma uma empresa com a TELEBRAS para as atividades associadas ao Programa de Satélites. A francesa THALES forma também uma joint venture com a brasileira Andrade Gutierrez (leia-se OI), com foco nas áreas de defesa, segurança e espaço.
Foi no espaço que o Processo DilmaX realizou a mais ampla reformulação e implementação. Pelo seu caráter técnico a maior parte destes movimentos foram desapercebidos pela imprensa e até os meios políticos.
O fortalecimento do Programa Brasil-China CBERS e uma ampla gama de satélites de pesquisa e monitoramento a serem conduzidos pelo INPE até 2020. Mais a peça vital que os satélites exercem em dois programas prioritários da Defesa Brasileira : SISFRON e SISGAAz, colocam o setor espacial na prioridade nacional.
Caberá ao físico Raupp a árdua tarefa de gerenciar dar dinamismo ao Programa Espacial brasileiro.
Se é para manter o meta de 2014 do lançamento do primeiro satélite de comunicações em 2014 a decisão terá de ser tomada até março. Como compatibilizar o interesses industriais da nova EMBRAER Defesa e Segurança e a TELEBRAS?
Ainda na noite da dia da nomeação ao MCTI, Marco Antonio Raupp divulgou a seguinte nota: Recebo como uma distinção especial o convite da presidente Dilma Rousseff para assumir o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, num momento fundamental da sua evolução. Com 40 anos de militância nas atividades cientificas e tecnológicas, como pesquisador e gestor de instituições da área, considero uma honra e um enorme desafio a nova missão que me é confiada. Tenho absoluta consciência da exigência sem precedentes para que a ciência, a tecnologia e a inovação contribuam de forma essencial para o desenvolvimento social e econômico do Brasil. Para dar cumprimento a essa missão, espero contar com a participação ativa das comunidades científica, tecnológica e empresarial, e com o apoio das equipes que compõem o Ministério. Também muito me honra suceder o ministro Aloizio Mercadante, a quem desejo a continuidade e o avanço do êxito alcançado pelo professor Fernando Haddad à frente do Ministério da Educação. Marco Antonio Raupp |
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