Discurso da Presidente da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de cumprimentos aos oficiais-generais
Brasília/DF – 16 Dezembro 2015
(ver sumário em inglês Link)
Boa tarde a todos,
Eu queria iniciar cumprimentando o vice-presidente da República, Michel Temer, e o Ministro da Defesa, Aldo Rebelo, e a senhora Rita de Cássia Rebelo.
Aproveitar e dizer que, de fato, esse é um momento especial nas nossas cerimônias de cumprimento aos oficiais-generais e almoço de confraternização, uma vez que aqui nós vemos que é reconhecida a presença das senhoras, das mulheres dos oficiais-generais do nosso País.
Isso é muito importante porque se trata de um reconhecimento ao papel que, não só no Exército, na Marinha e na Aeronáutica, mas sobretudo aí a mulher desempenha, tanto como companheira, amiga, apoiadora, esposa, mas também, e agora cada vez mais, como integrante das Forças Armadas. Então, eu acredito que, de fato, essa é uma comemoração especial.
Queria cumprimentar os comandantes militares:
– o General-do-Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, do Exército Brasileiro, e a senhora Maria Aparecida Villas Bôas;
– o Almirante-de-Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, da Marinha do Brasil, e a senhora Cristiane Prisco Leal Ferreira, e o,
– Tenente-Brigadeiro-do-ar, Nivaldo Luiz Rossato, da Força Aérea Brasileira, e a senhora Rosa Marlene Rossato.
Cumprimentar o Tenente-Brigadeiro-do-ar Carlos Moretti Bermudez, chefe interino do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, e a senhora Eliana Ferreira Bermudez;
– o General-de-Exército Joaquim Silva e Luna, secretário-geral do Ministério da Defesa, e a senhora Nadeja Luna;
– o General-de-Divisão Marcos Antônio Amaro, chefe da Casa Militar da Presidência da República; os senhores oficiais-generais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e os oficiais-generais hoje aqui promovidos.
Dirigir um cumprimento muito especial às suas famílias, às senhoras e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Senhoras e senhores,
É com grande satisfação que eu recebo os oficiais-generais promovidos em 2015. Congratulo-me com os senhores pela promoção, felicitando também os cônjuges, os filhos, todos os familiares, que eu tenho certeza, cujo apoio foi, certamente, fundamental para esta vitória.
O ingresso dos senhores oficiais-generais, que foram hoje promovidos a generais no seleto círculo desses oficiais das Forças Armadas, é sinônimo de reconhecimento e também das mais elevadas responsabilidades. Assim como a promoção dentro desse seleto círculo é também, sem sombra de dúvida, um momento especial de reconhecimento do profissionalismo e da meritocracia que impera nas nossas Forças Armadas.
Reconhecimento pelos grandes sacrifícios exigidos pela carreira militar para a qual os senhores entraram cedo, e ao longo da qual mantiveram fortes o espírito de abnegação e o patriotismo. Quanto às responsabilidades à frente de suas novas funções, a experiência e a sabedoria acumuladas ao longo de suas carreiras lhes permitirão encarar, com sucesso, os desafios que enfrentarão a partir de agora e que são essenciais para o nosso País, para afirmação da nossa nacionalidade e para a defesa da nossa Pátria.
O Brasil, sem sombra de dúvida, conta com seu comprometimento. Estou certa de que os senhores serão exemplo e fonte de inspiração para as mulheres e os homens que comandarão.
Desejo-lhes muito sucesso em suas missões. Confio que, sob sua liderança, nossas Forças Armadas continuarão decisivas para a construção de um Brasil mais seguro, mais forte, mais justo e democrático.
Senhoras e senhores oficiais-generais,
A história de nosso País sempre se confundiu e confunde-se com a história das Forças Armadas. O Ministro Aldo Rebelo tem uma importância na sua recuperação histórica dessa questão porque o nosso país afirma pouco esta historia. Quando nós olhamos para a América espanhola, nós vemos que a América espanhola se dividiu em pequenos países espalhados por um imenso continente. Neste continente restou um país com uma única língua, com uma imensa capacidade de convívio com a diversidade e a diferença.
Construiu esse espaço territorial, a alma dessa nação, homens e mulheres. Dentre os homens e mulheres, sem sombra de dúvida avulta a Forças Armadas do nosso país, daí a importância da história para as novas gerações. Para todos aqueles que têm de entender porque nós aqui nessa região do mundo nos mantemos como um país de 200 milhões, mais de 200 milhões de pessoas, e um imenso território.
Os patronos desse processo, o Marquês de Tamandaré, Duque de Caxias e Santos Dumont, Floriano, nós temos de ter certeza que memória de cada um deles deve nos remeter aos ideais de paz, liberdade, união, coragem e inventividade, tem de se transformar em exemplos para o nosso País, porque guardam de uma forma bastante exemplar os valores da coragem e do interesse do País acima dos interesses pessoais.
Hoje, nossa República vive uma fase democrática e soberana, em que estão consolidadas as fronteiras nacionais e firmado o pacifismo como princípio constitucional.
Nossa Política Nacional de Defesa, formulada e constantemente atualizada de forma transparente e aberta, estabelece a direção, o norte para a formulação das estratégias de proteção da nossa soberania. A Estratégia Nacional de Defesa consagrou a relação indissociável entre defesa e desenvolvimento. Entre a afirmação do Brasil no mundo e a preservação interna dos nossos valores.
Nesta quadra histórica que vivemos, persiste necessário prosseguir com a valorização funcional da carreira militar. Essa valorização é necessária e justa em face do sacrifício exigido pela carreira, e eu me comprometo a dar sequência a esse processo, que sempre nos atraiu a atenção e a preocupação.
Reitero também que o Brasil precisa dos projetos estratégicos que estão em desenvolvimento nas Forças Armadas. Meu governo compreende a importância de desenvolvermos a base industrial de defesa brasileira e de nos capacitarmos tecnologicamente em áreas estratégicas.
Mesmo num momento de reequilíbrio fiscal, precisamos olhar sempre que as revisões de prazos e as adaptações não podem interromper um processo, que as Forças Armadas com diligência e flexibilidade têm levado à cabo. Reconheço esse esforço e asseguro que os projetos prioritários não serão comprometidos. Afinal, face aos imperativos de defesa do século XXI, não podemos abdicar do pleno desenvolvimento de nossos setores nuclear, cibernético e aeroespacial.
Mesmo o Brasil sendo reconhecido em muitas áreas como um soft power, ele pode ser um poder suave, mas para ser suave, ele tem de ser um poder.
Daí porque o Programa Nuclear da Marinha e o Programa de Desenvolvimento de Submarinos, o PROSUB, avançaram muito durante o meu governo. Em ARAMAR e em Itaguaí, etapas importantes da execução desses projetos foram concluídas e, apesar da redução de ritmo, consagraremos nossa condição de país autônomo em termos de domínio da tecnologia nuclear e dotado dos meios apropriados para a dissuasão em nossas águas jurisdicionais.
O projeto-piloto do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras, o SISFRON, que está centrado em Dourados, no Mato Grosso do Sul, atingiu já 64% de sua execução em 2015. Com o desenvolvimento deste e de projetos como o blindado Guarani, que tem 90% de conteúdo local, nacional, iremos fortalecer a presença e a capacidade de ação do Estado na faixa de fronteira e a indústria nacional de defesa.
O Projeto Estratégico F-X2, cuja assinatura do contrato financeiro comemoramos recentemente, dotará o Brasil de um caça supersônico de última geração. Sua execução propiciará ampla transferência de tecnologia e geração de milhares de empregos no setor aeroespacial.
Cito, também, o Projeto KC-390, o maior avião já fabricado no Brasil. Com concepção e desenvolvimento 100% nacionais, este projeto está promovendo uma teia de promissoras relações com a indústria brasileira nas vertentes econômica, social, tecnológica e institucional.
Não somente este, mas outros projetos, na medida que reconhecemos que o papel das Forças Armadas internacionalmente nos países desenvolvidos, tem sido um fator extremamente relevante na expansão, criação e difusão de tecnologia. A indústria de defesa em todos os países desenvolvidos do mundo ocupa um papel essencial na necessidade que esses diferentes países tem de se modernizar e se apropriar dos últimos conhecimentos.
Ao mesmo tempo, é muito importante o papel das Forças Armadas, tanto no que se refere à garantia da lei e da ordem, não só nos grandes eventos, mas em momentos bastante decisivos para afirmação do papel do nosso País. Não só nos desastres naturais, quando as Forças Armadas ocupam a frente e a liderança do Sistema Nacional de [Proteção e] Defesa Civil. Não só também nos grandes eventos, mas também em momentos decisivos, como foi o terrível desastre, que não só afetou o patrimônio, o meio ambiente, mas também tirou vidas de alguns valorosos trabalhadores brasileiros na região ali de Mariana.
O Brasil seguirá precisando e atento às necessidades da sua população. O Brasil seguirá atento e necessitando da defesa das nossas fronteiras. O Brasil seguirá se afirmando como país da maior biodiversidade na nossa Amazônia verde.
O Brasil necessitará da proteção das nossas riquezas na Amazônia Azul, da amplidão do nosso espaço aéreo e, principalmente, na defesa do povo brasileiro – nosso maior patrimônio. E aqui eu me refiro ao combate à microcefalia e a grande contribuição que as Forças Armadas estão dando nessa verdadeira cruzada contra o mosquito da dengue, o aedes aegypti, e agora tanto ao chikungunya, com ao vírus zika.
Eu conto com a liderança do Ministério da Defesa, conto com os comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, conto com a colaboração dos senhores para a consecução dos objetivos de desenvolvimento sustentável, da redução das extremas desigualdades que, ao longo dos últimos 13 anos, nós viemos lutando para conseguir.
Desejo a todos nós muito sucesso nas nossas missões no ano vindouro, e, sobretudo, desejo um feliz natal a todas as famílias, a todos os senhores oficiais-generais e suas esposas e, sobretudo, a todo povo brasileiro. Desejo também a todos nós uma luta incessante, um próspero ano novo.
Muito obrigada.
Presidente Dilma Rousseff