Mariana Areias
Nesta segunda-feira (28), foi comemorado o Dia Internacional dos Peacekeepers das Nações Unidas na sede do Comando Militar do Planalto, no Setor Militar Urbano, em Brasília (DF). A cerimônia foi realizada pelo Ministério da Defesa (MD), por intermédio da Subchefia de Operações de Paz, em coordenação com os Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
O evento contou com a presença do ministro da Defesa, interino, Joaquim Silva e Luna, que, na ocasião, ressaltou a importância da comemoração. “É uma data bastante relevante, principalmente para o Brasil. O país tem mais de 270 militares empregados em missões de paz. Estamos participando hoje no Líbano e estivemos 13 anos no Haiti, deixando um histórico bastante significativo”, disse.
Para ele, é importante a ideia de o país ser mantenedor de paz. “O Brasil hoje é um garantidor de paz, pelo nosso espírito solidário, dentre outras características. Estamos aqui para celebrar o dia e homenagear aqueles que deram seu sangue, seu suor e até suas vidas”, ressaltou.
Em discurso, o ministro reforçou que “mais difícil que ganhar a guerra, é ganhar a paz” e relembrou missões históricas. Atualmente, o país integra 10 diferentes missões das Nações Unidas.
Além do desfile da tropa, houve desfile com ex-mantenedores da paz em continência ao ministro da Defesa. Na cerimônia, foi realizada, ainda, uma homenagem aos militares falecidos em missões das Nações Unidas.
O chefe de gabinete do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), vice-almirante Flavio Macedo Brasil, valorizou a participação das tropas brasileiras. “Desde 2011, o Brasil assumiu o comando da componente naval dentro da missão da UNIFIL (Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano) e temos orgulho de estar participando desta missão. É uma confiança grande que a ONU deposita nas nossas Forças Armadas”, pontuou. O vice-almirante foi comandante da Força-Tarefa Marítima da UNIFIL, entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016.
O vice-chefe do Departamento de Engenharia e Construção, do Exército, general Júlio César de Arruda participou da cerimônia. Ele foi observador militar em Angola em 1994. “Até hoje guardo com muita satisfação e com muita lembrança o que fizemos lá. O mais importante de tudo foi a solidariedade e a oportunidade de levar paz para o povo angolano”, comentou.
O major-brigadeiro Sergio Roberto de Almeida, chefe da subchefia de assuntos Estratégicos da Aeronáutica foi observador militar na Iugoslávia, em 1996, e se orgulha da atuação dos brasileiros. “É fundamental que a gente valorize esta participação, que é uma atividade de risco”, explicou.
Estiveram presentes no evento o comandante geral do Pessoal da Aeronáutica, tenente -brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez; o vice-chefe do Estado-Maior da Armada, vice-almirante Marcos Silva Rodrigues – representando o comandante da Marinha -; o vice-chefe do Departamento de Engenharia e Construção, general Júlio César de Arruda – representando o comandante do Exército-; oficiais generais das três Forças, autoridades civis e militares, e ex-integrantes de missões de paz das Nações Unidas da ativa e da reserva.
Peacekeepers
Os Peacekeepers, mantenedores da paz das Nações Unidas, são homens e mulheres conhecidos mundialmente como “capacetes azuis ou boinas azuis”, que participam de forças militares multinacionais instituídas pela Organização das Nações Unidas (ONU) com a aprovação e objetivos designados pelo Conselho de Segurança das ONU. Os militares atuam em zonas de conflito armado para promover a paz.
A participação brasileira nas Operações de Paz, com tropa, teve seu início em 1956, com o envio do Batalhão de Infantaria de Força de Paz, Batalhão Suez, para integrar a 1ª Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF I), no conflito árabe-israelense, junto à Faixa de Gaza. Posteriormente, contingentes brasileiros estiveram em Moçambique, Angola, Timor Leste e, recentemente, no Haiti, onde permaneceram por 13 anos.
Atualmente, a presença de uma Nau Capitânia, na Força-Tarefa Marítima (FTM) da Força Interina das Nações Unidas no Líbano é a única participação brasileira com tropas, cerca de 200 militares, no cenário das missões de paz da ONU.
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Ordem do Dia Alusiva ao Dia Internacional dos Peacekeepers
Brasília, 28 de maio de 2018
Senhoras e senhores,
A paz é o bem mais precioso de uma sociedade. Ela cria condições para o desenvolvimento, garantindo a vida e a integridade das pessoas. É com base na paz que se constrói a civilização e se edifica um Estado democrático e justo. No entanto, a paz é conquista que precisa ser mantida; e ela não se mantém sem o esforço vigoroso de pessoas dedicadas e destemidas.
A harmonia e a conciliação são facilmente destruídas por falhas humanas, como a ganância por recursos, a cobiça por poder, o anseio por vingança, o apetite pela crueldade e o apego cego a ideologias violentas. A paz requer fortes defensores.
Nesses tempos desafiadores os derrotados não se sentem vencidos. E mais difícil que ganhar a guerra é ganhar a paz. Há 70 anos, em 29 de maio de 1948, o Conselho de Segurança das Nações Unidas autorizou o destacamento de observadores militares para supervisionar a trégua entre Israel e seus vizinhos no Oriente Médio, dando início às operações de paz sob égide da ONU.
Desde então, as Nações Unidas realizaram 71 operações de paz, envolvendo mais de 120 países. O Brasil faz parte dessa história. Em 1956, as nossas Forças Armadas enviaram o Batalhão de Infantaria de Força de Paz (Batalhão Suez) para integrar a 1ª Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF I) junto à Faixa de Gaza no conflito árabe-israelense.
Posteriormente, militares brasileiros fizeram parte de missões de paz em Moçambique, Angola, Timor Leste, Líbano e Haiti sob a égide das Nações Unidas.
A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH) contou com o emprego de mais de 37 mil militares brasileiros ao longo de 13 anos. Nesse contexto, nossas tropas enfrentaram não só desafios clássicos de estabilização, mas também um terremoto de magnitude de 7,0 na escala Richter que devastou Porto Príncipe e arredores em 2010, causando 220 mil mortes e vários tufões.
Ainda assim, as Forças Armadas do Brasil, e seus colaboradores, conseguiram deixar o Haiti em condições muito melhores do que haviam encontrado, com um maior grau de estabilidade e instituições públicas mais consolidadas. Esse legado atesta o elevado profissionalismo das nossas tropas, a força da cultura solidária dos brasileiros e o acolhimento fraterno dos haitianos. Saímos o ano passado deixando amigos e levando saudades.
No momento, o nosso país integra 10 diferentes missões das Nações Unidas. Destacamos a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), que conta com o Contra-Almirante Eduardo Machado Vazquez , da Marinha do Brasil, à frente da Força-Tarefa Marítima e a Fragata Independência como navio capitânia .
A Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO) é comandada pelo General de Divisão Elias Rodrigues Martins Filho do Exército Brasileiro. Hoje, o Brasil emprega 270 militares, ao todo, para a promoção da paz no mundo.
Esses honrosos brasileiros fardados, e àqueles heróis militares que já deram sua cota de suor, sangue e até a vida em missões de paz passadas, saibam onde estiverem que o exemplo dos seus valorosos esforços nunca será esquecido e que continuam sendo compartilhados e reconhecidos por todos nós, amantes da paz. Parabéns a todos os peacekeepers brasileiros pelo seu dia maior!
Recebam com uma reverente continência o nosso muito obrigado!
JOAQUIM SILVA E LUNA
Ministro de Estado da Defesa
Fotos: Tereza Sobreira/MD e Sargento Batista / CECOMSAER