Os ministros da Defesa, Raul Jungmann, das Relações Exteriores, José Serra, e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Sérgio Etchegoyen, reuniram-se na quinta-feira passada (17NOV2016) para definir uma agenda internacional convergente de defesa e segurança. Para implementar essa agenda, foi criado um mecanismo de coordenação interministerial e serão realizados seminários sobre temas estratégicos e ligados à base industrial de defesa.
Durante o encontro, o ministro Raul Jungmann fez um levantamento histórico das ações conjuntas das Relações Exteriores, das Forças Armadas e do Ministério da Defesa em prol dos interesses nacionais. Jungmann lembrou que a Política Nacional de Defesa, lançada em 1996 e atualizada periodicamente (a última versão foi assinada ontem pelo Presidente da República e encaminhada ao Congresso, juntamente com a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa), teve a participação de diplomatas e militares. Discorreu, ainda, sobre as áreas de interesse estratégico do Brasil e pontos específicos da agenda convergente entre os ministérios.
Para Jungmann, “um país como o Brasil, continental e que tem aspirações globais, precisa articular permanentemente suas políticas nas áreas de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Nenhum país do mundo que se pretende respeitado, importante, e com projeção no cenário global, pode deixar ter essas duas políticas sincronizadas e coordenadas”. O ministro da Defesa celebrou o fato de que as pastas estavam “unidas e coesas” na agenda externa.
O ministro José Serra apresentou um quadro atualizado da política externa brasileira e da conjuntura regional e mundial, sublinhou a importância do aprofundamento da cooperação militar com países vizinhos, a África e outras regiões do mundo, destacou o fato de que a agenda internacional de defesa se pauta pelas diretrizes da diplomacia e afirmou o potencial de trabalho conjunto em diversas áreas, inclusive na exportação de produtos de defesa.
Para Serra, por se tratarem de áreas que representam o Estado brasileiro, é extremamente importante que as duas pastas trabalhem juntas, avaliando de forma detalhada a implementação efetiva dos acordos de cooperação. Afirmou que toda ação de cooperação externa que o Itamaraty e a Defesa fazem deve ser coordenada, tendo em mente os interesses nacionais.
O Ministro Etchegoyen assinalou o caráter histórico do encontro entre as pastas. Ressaltou que o Brasil é um país pacífico, mas não pode ser “desprevenido” nem perder a referência dos interesses nacionais. “Mais que pacífico – complementou –, o Brasil é um país provedor de paz”. Acrescentou, entre os temas prioritários mencionados na reunião, a agenda cibernética e nuclear.
Entre os temas que serão priorizados no mecanismo de coordenação estão missões de paz, indústria de defesa e exportações, cooperação na área de Ciência, Tecnologia e Inovação, segurança na região de fronteira e relação com países vizinhos (Cone Sul e Unasul).
A reunião contou com as presenças dos comandantes da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, do Exército, general Eduardo Villas Bôas, da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Nivaldo Rossato, do chefe do Estado Maior-Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho, dos secretários-gerais da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, e do Itamaraty, embaixador Marcos Galvão, e do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), embaixador Roberto Jaguaribe.
Também participaram o secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Flávio Basilio, o chefe de Assuntos Estratégicos, brigadeiro Alvani da Silva, o chefe de Operações Conjuntas, general Claudio Moura, e o chefe de Logística, almirante Luiz Henrique Caroli além de subsecretários e chefes de departamento de várias áreas do Ministério das Relações Exteriores.