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COP21 – Dilma vai à Paris com novas promessas absurdas


Júlio Ottoboni
Exclusivo DefesaNet


De 30 de novembro a 11 de dezembro de 2015 acontecerá em Paris, França, a 21ª Conferência das Partes (COP-21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e a 11ª Reunião das Partes no Protocolo de Quioto (MOP-11). A COP21 busca alcançar um novo acordo internacional sobre o clima, aplicável a todos os países, com o objetivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2°C.

No parque de exposições de Le Bourget, no norte da capital, local da famosa feira aeronáutica, um dia antes da inauguração oficial do evento, na presença de cerca de 150 chefes de estado ou governo. Os chefes de Estado, cercados por um contingente de mais de 11 mil policiais e agentes secretos apenas da França terá nomes como o de Barack Obama (Estados Unidos), Xi Jinping (China), Angela Merkel (Alemanha) e Enrique Peña Nieto (México), além de Dilma Rouseff, entre diversos outros.

A presidente Dilma saiu do mar de lama, que destruiu o Rio Doce Brasil e funda Brasília numa das piores crises da república brasileira para ser o principal alvo de desconfiança do mundo. Claudicante, a dirigente brasileira terá que usar de artifícios pouco confiáveis para driblar a avalanche de críticas sobre sua postura pessoal e de seu governo diante as questões ambientais. Já que em nenhum outro momento houve um desmatamento tão agressivo como os que ocorrem seus governos, além de secas imensas e desastres por negligência, além de ações contra os povos da floresta.

 Numa de suas conhecidas estratégias marqueteiras de baixíssima credibilidade, além de seus discursos incompreensíveis, Dilma Rousseff prometerá que o Brasil terá o desmatamento ilegal zerado e a redução de emissão de gases de efeito estufa em 43% para 2030. Ela já tinha se comprometido no meio deste ano em plantar 12 milhões de hectares de florestas em 15 anos.

Neste mesmo período, se mantendo os níveis atuais de derrubada de 3 milhões de árvores por dia, o volume de destruição chegará a marca de 16,4 bilhões de unidades. O governo teria que plantar 68,4 milhões de áreas nesta área prometida em 15 anos. Entretanto, isso é menor que a derrubada calculada em um ano de extração ilegal de madeira, quando se desmata com a supressão de mais de 1 bilhão/ano.

Para alcançar a meta dos 12 milhões de hectares, tendo como média 570 árvores por hectare, em uma década e meia seria preciso o plantio de 4,5 milhões de árvores/ano. Para um governo que estimula a agropecuária extensiva e de baixa produtividade essa será mais um caso de cobrança e deboche internacional. A política de Dilma Rousseff tem, inclusive, alimentado os discursos de internacionalização da Amazônia tal a incompetência do governo em manter a floresta em pé e cumprir seus compromissos ambientais.

Viúvas do comunismo soviético

Ministros da linha de Aldo Rebello, um cético quanto ao aquecimento global e que estimulou o desmatamento amazônico e a destruição de diversos ecossistemas com o novo Código Florestal, do qual foi o relator e articulador, o Brasil não deve se dobrar aos interesses estrangeiros e deve se alinhar à posição da Rússia, que se define como um país com uma economia em transição e que não assumirá compromissos para custear medidas contra a mudança climática. Isso foi anunciado pelo representante da presidência para assuntos do clima, Alexander Bedritsky, que ainda tenta convencer seus parceiros do Brics a adotar a mesma conduta.

“Com a economia em transição, e de acordo com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), a Rússia não tem a intenção de se comprometer” no financiamento das medidas para reverter o aquecimento global, declarou Bedritsky, em comunicado.

O texto, publicado no site do Kremlin, advertiu ainda que as sanções econômicas adotadas pelo Ocidente contra Moscou por seu papel na crise da Ucrânia podem ter consequências para o desenvolvimento da energia limpa na Rússia. Ou seja, os russos têm gás natural e petróleo sobrando e querem manter as fontes de energia de sua economia exatamente como as existentes hoje, mesmo que isso destrua o planeta.

O ano de 2015 conquistou o título de ano mais quente já registrado, conforme comunicado da Organização Meteorológica Mundial. Os culpados são o fenômeno El Niño e o aquecimento global. Segundo o relatório – antecipado pela entidade em razão da conferência do clima, esse ano já ultrapassou 2014, alcançando a marca de dois recordes sucessivos.

Outros dados cruzados, recolhidos pela OMM, Nasa e por institutos climatológicos do Japão, apontavam para a mesma situação. A temperatura média do planeta neste ano está em 14,57°C, a maior desde o início dos registros em 1880.

Morte e destruição.

A região Sul do Brasil se transformou num imenso corredor de tornados chegando até São Paulo. As tempestades de granizos devastaram cidades gaúchas, catarinenses, paranaenses e paulistas com uma brutalidade jamais vista. O mesmo está ocorrendo no Uruguai, Argentina e Paraguai. Os desastres meteorológicos naturais aumentaram em frequência ao longo dos 20 últimos anos e foram responsáveis por 606 mil mortes, afirma um novo relatório do Escritório da ONU para a Redução dos Riscos de Desastres, o UNISDR.

Como a frequência e intensidade desse tipo de evento tende a aumentar com a mudança climática, o órgão destacou a importância da COP21 alcançar um acordo para corte de gases do efeito estufa. O início dos registros foi em meados dos anos 90. As conclusões são: "as catástrofes meteorológicas levaram 606 mil vidas, uma média de 30 mil ao ano, com 4,1 bilhões de pessoas feridas, que perderam suas casas ou ficaram em necessidade de ajuda urgente", afirma.

O Brasil ocupa o sétimo lugar na lista de países com o maior número de vítimas de catástrofes ambientais nesse mesmo período, com 51 milhões de prejudicados. O clima foi responsável por 90% dos grandes desastres naturais no período. Foram registradas 6.457 inundações, tempestades, ondas de calor, secas e outros eventos meteorológicos.

As tempestades foram o tipo mais mortal de evento climático no período, provocando 242 mil das 606 mil mortes, 89% delas em países em desenvolvimento. As inundações mataram 157 mil, principalmente no continente asiático.
 
Dilma terá que se explicar

A presidente Dilma teve chiliques ao saber que especialistas da ONU afirmaram que os 63 milhões de metros cúbicos de dejetos de minério liberados no Rio Doce, depois do rompimento da barreira, são tóxicos. Além de recriminar a falta de atitude do governo brasileiro e o acobertamento da gravidade do caso e a defesa prematura da empresa.

"Não é aceitável que se tenha demorado três semanas para que as informações sobre os riscos tóxicos da catástrofe tenham sido divulgadas", afirmam os técnicos das Nações Unidas. O documento em que são citados o relator especial para direitos humanos e meio ambiente, John Knox, e o especialista independente de direitos humanos e substâncias e resíduos perigosos da ONU, Baskut Tuncak, não poupou o governo brasileiro.

"As medidas tomadas pelo governo brasileiro, a Vale e a BHP Billiton para evitar danos foram claramente insuficientes. O governo e as empresas devem fazer de tudo a seu alcance para evitar mais danos, incluindo a exposição a metais pesados e outras substâncias químicas tóxicas", observaram.

Destruição da Amazônia aumenta

Estimativa do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), aponta a taxa de 5.831 km2 no período de agosto de 2014 a julho de 2015. O país, que detém a maior parcela de floresta amazônica do mundo, desmatou 4.800 quilômetros quadrados em 2014.

A taxa de desmatamento estimada pelo PRODES 2015 indica um aumento de 16% em relação a 2014, em que foram medidos 5.012 km2. No entanto, a taxa atual representa uma redução de 79% em relação à registrada em 2004, ano em que foi iniciado o Plano para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).

O PRODES realiza o monitoramento sistemático na Amazônia Legal e produz, desde 1988, as taxas anuais de desmatamento na região, que são usadas pelo governo brasileiro para o estabelecimento de políticas públicas. Desmatamento da Amazônia volta a crescer e atinge 770 mil km2 em seu total.

Cúpula da Terra

A UNFCCC foi adotada durante a Cúpula da Terra do Rio de Janeiro, em 1992, e entrou em vigor no dia 21 de março de 1994. Ela foi ratificada por 196 Estados, que constituem as “Partes” para a Convenção.

Esta Convenção-Quadro é uma convenção universal de princípios, reconhecendo a existência de mudanças climáticas antropogênicas – ou seja, de origem humana – e dando os países industrializados a maior parte da responsabilidade para combatê-la. A Conferência das Partes (COP), constituída por todos os Estados Partes, é o órgão decisório da Convenção. Reúne-se a cada ano em uma sessão global onde as decisões são tomadas para cumprir as metas de combate às mudanças climáticas. As decisões só podem ser tomadas por unanimidade pelos Estados Partes ou por consenso. A COP realizada em Paris será a vigésima primeira, portanto “COP21”.

Medo do ISIS evitará protestos
 
Dilma Rousseff tem de agradecer aos atentados terroristas ocorrido na França por ter algumas horas de paz na capital do país. As famosas reuniões paralelas que ocorrem em tendas ao lado do local do encontro oficial foram canceladas e proibidas. Isso fere o esquema de segurança criado pelas autoridades francesas.

 A devastação da Amazônia e a recente tragédia do Rio Doce, além da ofensiva contra os povos da floresta, estavam na pauta dos manifestantes – a maioria formada por militantes de causas ambientais – que iriam exigir explicações da dirigente do Brasil.

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