ANÁLISE: Roberto Godoy
Os comandantes militares terão pouco tempo para comemorar a chegada ao topo da carreira: à espera dos generais há R$ 124 bilhões em expectativas, envolvendo os planos e os programas de reequipamento, modernização e qualificação das Forças Armadas.
O problema está na dura batalha para obter do governo o provimento financeiro, superar contingenciamentos e fazer a gestão do caixa depois de sucessivos cortes – e vem mais um por aí. A maior parte do pacote é tópico da pauta de longo prazo, abrange datas projetadas além de 2030 – a renovação da frota de submarinos, seis deles movidos a energia nuclear, bate no remoto ano de 2047, segundo o plano da Marinha.
A primeira fase está em plena execução em Itaguaí, litoral sul do Rio – sai por €6,7 bilhões (R$ 21 bilhões). As entregas começam em 2017. Entretanto, há outras demandas imediatas. Será necessário manter o fluxo de recursos nos próximos quatro anos para a compra dos novos caças Gripen; do cargueiro misto de avião tanque da Embraer, o KC-390; dos blindados Guarani; do sistema Astros 2020, com seu míssil de alcance na faixa de 300 km; e da rede Sisfron, blindagem de 17 mil km de fronteira cujo primeiro módulo – 680km, de olho nos limites com o Paraguai e a Bolívia – já está em teste.
Há mais: o SisGAAZ, sistema de gerenciamento marítimo de 4,5 milhões de km², deve ter as propostas das empresas entregues até o fim do mês.
Em ano de pouco dinheiro, a manutenção de todas as prioridades será difícil. Alguns programas não podem ser interrompidos, sob pena do custo crescente estourar o orçamento. Também precisam ser mantidas as operações de grande envergadura nos extremos do território nacional. A chefia das três Forças singulares dá brilho às quatro estrelas dos comandantes. O problema será arranjar tempo para dar polimento a elas.