rasília, 25/10/2011 — O ministro da Defesa da República do Chile, Andrés Allamand, quer usar a experiência brasileira para montar um plano de fronteiras para seu país. A solicitação foi feita no encontro com o ministro da Defesa, Celso Amorim, durante almoço de trabalho na tarde de hoje, em Brasília.
Lançado em junho, pela presidenta Dilma Rousseff, o Plano Estratégico de Fronteiras foi desenvolvido para combater o narcotráfico, o tráfico de pessoas e o contrabando de armas. Em apenas quatro meses, a iniciativa apresentou resultados expressivos.
"Temos problemas semelhantes e podemos nos beneficiar do trabalho desenvolvido pelo Brasil", afirmou Allamand, que viajou, em seguida, para Manaus para conhecer os sistemas de Proteção (Sipam) e de Vigilância da Amazônia (Sivam).
Durante o encontro, o ministro Celso Amorim prometeu dar todo o apoio necessário ao futuro programa chileno, que se encontra em fase de elaboração. O modelo brasileiro envolve o uso integrado de veículos aéreos não-tripulados, satélites de sensoriamento remoto, radares de terra e aviões de vigilância eletrônica e de reconhecimento.
Cooperação industrial
No almoço, os dois ministros discutiram também a possibilidade de incrementar a cooperação industrial nas áreas naval e de manutenção de blindados.
Celso Amorim solicitou ao secretário de Produtos de Defesa, Murilo Marques Barbosa, uma breve explanação sobre as medidas de incentivo ao setor, recentemente promulgadas em medida provisória.
Após a apresentação, o secretário ressaltou a necessidade de maior integração dos países da América do Sul na produção militar e dual: "Todos devem se beneficiar com o aparelhamento da indústria de defesa do subcontinente."
Presente também à reunião, o comandante da Marinha, almirante de esquadra Júlio Soares de Moura Neto, lembrou que os estaleiros chilenos já realizam alguns trabalhos de manutenção em navios brasileiros e destacou a necessidade de uma maior cooperação entre as duas esquadras.
Haiti e estratégia
No decorrer da conversa, Andrés Allamand mencionou também a questão do Haiti, para onde o Chile, à semelhança do Brasil, enviou efetivos militares para compor a missão das Nações Unidas para a estabilização do país (Minustah). O ministro chileno destacou a necessidade de uma política integrada na nação caribenha. Ele acredita que sejam necessários entre cinco e dez anos para o final da missão. "Mas uma coisa tem que ficar certa. Não sairemos um dia antes e nem permaneceremos um dia depois do Brasil", garantiu.
O ministro chileno terminou a conversa com dois convites ao colega brasileiro. Solicitou que Celso Amorim mostre a experiência da Estratégia Nacional de Defesa em seu país e, em seguida, visite a Antártida.
O ministro brasileiro aceitou os convites e propôs que haja um maior intercâmbio de pessoal entre os centros tecnológicos militares e de estudos estratégicos dos dois países.