Propondo ”diálogo e negociação” como forma de equacionar eventuais divergências, o ministro da Defesa, Celso Amorim, reiterou na sexta-feira passada (23/03) a importância de a América do Sul investir em ações de cooperação e integração no campo de defesa.
Em aula magna proferida na Escola Militar do Chile, na capital do país, Amorim disse que segurança e defesa não escapam à pauta de integração entre as democracias da região, mas a embasam e consolidam. O evento marcou o início de uma visita oficial de cinco dias do ministro brasileiro ao país andino.
“A prosperidade e a segurança de cada um de nossos países são indissociáveis da prosperidade e da segurança de todos”, afirmou ele, perante um auditório repleto de militares. Cerca de 600 participantes do curso conjunto das academias de guerra chilenas, além de agregados de outros países, compareceram ao evento.
Na palestra intituladaEstratégia de Defesa do Brasil e América do Sul, Celso Amorim defendeu, em língua espanhola, a ideia de que a cooperação militar regional, nos mais variados níveis, pode aprofundar o sentido de uma unidade sul-americana, com benefícios para a estabilidade e a prosperidade de toda a região.
Utilizando a indústria de defesa como exemplo, citou a construção do avião cargueiro KC-390 – de iniciativa brasileira, mas que conta com a participação de outros países, inclusive da América do Sul – como modelo de integração tecnológica e industrial. “A complementaridade não é o único benefício de projetos como esse. Trata-se de construir e aprofundar confiança, renovar mentalidades e expandir associações estratégicas”, garantiu.
Dissuasão regional
Para o ministro da Defesa, a integração entre os países sul-americanos deve ser alicerçada na transparência das ações e na orientação para a preservação da paz. A esse respeito, observou que o subcontinente caminha para ser uma comunidade de segurança, na qual a guerra é impensável como método de solução de controvérsias.
“Nossa reflexão sobre o papel da América do Sul no sistema internacional deve estar fundamentada na identidade democrática e não conflitiva que distingue nossa região”, sublinhou. E lembrou o compromisso regional de manter a América do Sul como zona livre de armas nucleares.
No entanto, Celso Amorim alertou para a importância de a América do Sul “estar ciente da necessidade de dissuasão em nível regional”, devido a seus vastos recursos energéticos, minerais, vegetais, humanos, de água e de biodiversidade.
“A História nos ensina que a possibilidade de que os ativos de nossa região se tornem objeto de competição e cobiça internacional não pode ser descartada, por mais pacíficas que sejam nossas orientações políticas e por mais voltados que estejamos para o diálogo e a negociação como métodos de solução de conflitos”, explicou.
Ao tratar do tema, o ministro da Defesa foi enfático ao dizer que “ser pacífico não significa ser desarmado”. E afirmou que é prudente que os países da região preparem suas forças de modo a tornar o custo de eventuais agressões proibitivo.
“Estamos dirigindo esforços para equipar e adestrar satisfatoriamente nossas Forças Armadas. Queremos fazê-lo de forma crescentemente integrada com nossos sócios e parceiros da Unasul e, na medida do possível, da América Latina e do Caribe”, garantiu.
Celso Amorim permanece na capital chilena até a próxima terça-feira (27/03), onde terá reuniões de trabalho com autoridades nacionais e comparecerá à abertura da FIDAE 2012 (Feira Internacional do Ar e do Espaço), maior feira de aviação da América Latina.