A OPTO enviou para a China, na manhã da última segunda, 12/11, o segundo modelo de voo da câmera MUX, que irá equipar o satélite sino-brasileiro CBERS-4. Hoje, apenas outros sete países (EUA, França, Rússia, Índia, Japão, China e Israel) detêm o conhecimento e a tecnologia necessários para construir uma câmera como esta. A OPTO é a única companhia da América Latina capacitada a desenvolver e produzir tal equipamento – e de forma independente –, colocando o Brasil entre o seleto grupo de nações a dominar a tecnologia de imageamento aeroespacial. Chamada de MUX FM2 (multiespectral, flight model 2), a câmera é destinada ao monitoramento ambiental e gerenciamento de recursos naturais.
Em 30/03, uma câmera idêntica a esta também foi enviada para a China, mas para equipar o satélite CBERS-3 (cujo lançamento está programado para janeiro de 2013, por meio do foguete chinês “Longa Marcha”). A MUX pesa mais de 120 kg e é capaz de fazer imagens com 20 metros de resolução do solo, a mais de 750 km de altitude. Desconsiderando a curvatura da Terra (para exemplificar), seria como se, de São Carlos/SP, fosse possível enxergar um ônibus em Brasília/DF. A faixa de largura imageada, extensão do território visto em uma linha na imagem, é de 120 km de largura.
Independência tecnológica
A fabricação da MUX pela OPTO atende à diretriz do Programa Espacial Brasileiro de fomentar a capacitação e o desenvolvimento de tecnologia de ponta pela indústria nacional. O trabalho da companhia também contribui para a independência tecnológica em áreas altamente sensíveis do ponto de vista estratégico.
Construída para auxiliar de forma decisiva no monitoramento ambiental e gerenciamento de recursos naturais (trabalhando em quatro bandas espectrais de luz), as imagens produzidas pela câmera têm capacidade de mostrar, com precisão, queimadas, desmatamentos, alteração de cursos d’água, ocupação urbana desordenada, entre outras funções. As imagens poderão ser utilizadas em todo o mundo, gratuitamente, por meio do site do INPE.
Projeto
O projeto da câmera teve início em 2004, quando a OPTO venceu a licitação internacional para o desenvolvimento e fabricação da câmera. O projeto sofreu diversos aperfeiçoamentos, principalmente em razão do não compartilhamento de tecnologias e venda de componentes “sensíveis” por outros países. Contudo, a companhia de São Carlos conseguiu, de forma inédita, desenvolver soluções próprias e inovadoras, dominando todo o ciclo de construção do equipamento. Para se ter ideia, somente o projeto preliminar da câmera foi composto por mais de 450 documentos, totalizando mais de 16 mil páginas.
Nesse período, foram construídas versões sucessivas de protótipos, denominadas modelos de engenharia, de qualificação e de voo (modelo final) da câmera MUX. O modelo de qualificação, por exemplo, foi exaustivamente testado (como em provas extremas de choque e vibração). O objetivo da bateria de testes e ensaios foi assegurar que o projeto (e consequentemente o equipamento) suporta as cargas de lançamento e as condições de temperatura, radiação e vácuo no espaço, além de verificar se ele atende aos requisitos de envelhecimento e compatibilidade eletromagnética com os outros sistemas do satélite, mantendo sempre o melhor desempenho funcional.
Cerimônia
Os funcionários da companhia participaram de um evento simbólico de embarque da câmera, representando todos aqueles que se importam com a independência tecnológica da nação, reconhecendo ainda o esforço e a dedicação de todos os colaboradores da empresa.