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Brasil tem espécie de BOPE da internet

Com 2,1 mil tentativas de ataques por dia o governo federal precisa realmente se proteger contra crimes cibernéticos. Aos que pensam que nada tem acontecido, um aviso direto vem do diretor do Departamento de Segurança da Informação e Comunicações do Gabinete da Presidência da República Raphael Mandarino Junior: “O departamento existe há seis anos e temos uma espécie de BOPE da internet”, relata.

Ao participar do III Congresso de Crimes Eletrônicos, promovido pela Fecomércio, em São Paulo, Mandarino lembrou que essas tentativas de ataque geralmente buscam acesso as informações sensíveis. Em todo o País, são centenas de equipes que cuidam dos procedimentos mais simples e, quando o quadro é mais grave, o comando de Brasília assume o trabalho. “Temos laboratórios e organizamos 200 virus por mês ainda não filtrados por antivirus. Temos milhares de famílias de vírus e aprendemos como eles funcionam. Assim, se algum dia o Brasil precisar usar tecnologia ou como defesa ativa, saberemos nos posicionar.”

O diretor brinca dizendo que questionam se o Brasil tem um time de ciberguerreiros, mas ele responde, em tom mais sóbrio, mostrando que o País tem investido neste assunto. “Temos gente muito bem treinada, cursos específicos, gente estudando mundo afora para fazer frente a isso. Somos muito convidados para participar das grandes iniciativas de cibercrime. Temos acordo com Rússia para proteção mútua do espaço cibernético, estamos bem posicionados. Não sei se sabemos fazer, mas as pessoas nos respeitam”, frisa.

Defesa em dia
Se por um lado o Gabinete da Presidência tem área exclusivamente dedicada ao ciberespaço, no Exército isso vem em formação há pouco mais de um ano, mostrando que, realmente, o País tem se preocupado com o crescimento no volume e com a sofisticação dos ataques via internet. À frente do Centro de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro (CDCIBER) está o general José Carlos dos Santos. Ele explica que esse departamento foi criado por orientação do Ministério da Defesa que entendeu que a instituição deveria centralizar a estratégia de defesa do ciberespaço de Exército, Marinha e Aeronáutica.

Para o general, essa iniciativa colocou o assunto segurança nacional em debate novamente na sociedade e, mais que isso, incluiu o setor cibernético no mesmo patamar de importância que as demais áreas de atuação das forças armadas. “Criamos o centro em agosto do ano passado e, desde então, 20 militares trabalham na formulação de projetos estruturantes do setor e os trabalhos estão caminhando de forma até melhor do que imaginávamos e com muita parceria”, comenta.

Embora saiba que tenha muito a aprender e evoluir, sobretudo na criação de uma doutrina, assim como Mandarino, o general acredita que o País esteja num patamar adequado quando comparado com outras nações. “Já não precisamos de um 11 de setembro para causar catástrofe. Um ataque bem coordenado, feito por uma potência, pode causar danos superiores aos de 11 de setembro, por isso, muitos países estão tomando ações similares as do Brasil. Estamos como os demais, mas buscando uma doutrina para este assunto.”

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