Roberto Godoy
O Brasil precisa criar uma nova e moderna estrutura de defesa antiaérea para atender à necessidade da segurança da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, e pode comprar esse equipamento na China.
No dia 12 de abril, em Pequim, durante visita da presidente Dilma Rousseff, o assunto foi tratado entre representantes da China National Precision Machinery Import and Export Corporation (CPMIEC), a agência estatal responsável pelos equipamentos eletrônicos de Defesa e autoridades brasileiras. Em 2008, os chineses já haviam submetido uma proposta preliminar ao Comando do Exército.
Essa, todavia, não é a única possibilidade: os especialistas da Força terrestre estão pesquisando equipamentos junto a fornecedores da Inglaterra, França e Rússia. Itália e Rússia também estão na lista. Qualquer negócio só será tratado em 2012.
O Exército quer adquirir um sistema antiaéreo tridimensional digital, de modo variável de detecção.
Chávez tem. A Venezuela contratou nove conjuntos JYL-1, chineses, com alcance de 450km. Cada unidade é operada por oito militares e é acompanhada por um centro de controle. Pode alimentar redes de coleta de informações e fornecer dados para a artilharia baseada em mísseis e canhões de disparo rápido.
O custo da encomenda de Hugo Chávez é estimado em US$ 150 milhões. Os radares da China oferecidos ao Brasil são mais avançados. O tipo SLC-2, por exemplo, localiza granadas de obuses, foguetes e mísseis táticos em pleno voo, no limite de 50km, permitindo fogo de interceptação com armas de saturação. Há tipos leves, de porte individual, que são capazes de identificar o movimento de veículos a 5km e de pessoal, a 2km. Os pesados, de transporte por carretas 6×6, atuam além de 400km.
A seleção e encomenda do novo sistema antiaéreo é prioridade no reaparelhamento do Exército brasileiro. Segundo uma fonte do Ministério da Defesa ouvida pelo Estado, a aquisição depende da liberação de recursos. Este ano as despesas militares foram drasticamente cortadas pelo governo e as discussões para o próximo ano nem sequer começaram.
O Exército emprega um equipamento nacional, o EDT-Fila, da Avibrás Aeroespacial agregado a canhões Bofors L-70 e Oerlikon de alta cadência – com tecnologia com cerca de 30 anos. Na década de 80, eram listadas baterias de mísseis franceses. O equipamento foi desativado.
No setor, o que o Exército tem de mais moderno são os mísseis de porte pessoal russos Igla-18, com sistema de guiagem infra. Mais de 100 unidades com cerca de 50 tubos lançadores foram compradas. Os testes não foram animadores: o índice de acerto ficou na faixa de 20%. O custo é de cerca de US$ 60 mil dólares.