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Brasil desenvolve satélite em parceria com Alemanha

Virgínia Silveira

O Brasil está desenvolvendo um novo foguete em parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR) para lançar o experimento científico Shefex 3 (da sigla em inglês Sharp Edge FlightExperiment). Trata-se de um programa europeu que vem testando o comportamento de novos materiais e tipos de proteção térmica necessários para o desenvolvimento de tecnologia de voos hipersônicos e de veículos lançadores reutilizáveis.

Enquanto o novo foguete, batizado de VLM-1 (Veículo Lançador de Microssatélites) não fica pronto, o Programa Europeu de Microgravidade vem usando, desde 2005, os foguetes de sondagem desenvolvidos pelo Instituto de aeronáutica e Espaço, órgão de pesquisa e desenvolvimento do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial.

O centro alemão está bancando 25% dos custos de desenvolvimento do VLM-1, cujo investimento total é estimado em R$ 100 milhões. A Agência Espacial Brasileira está destinando R$ 10 milhões ao projeto para este ano.

O foguete brasileiro vai atender às necessidades do programa espacial alemão e entrar em um nicho de mercado pouco explorado. "Os concorrentes do VLM são os foguetes de grande porte, que levam os microssatélites de carona. Não existe no mercado um veículo específico para o lançamento de microssatélites e nanossatélites, segmento que está crescendo muito devido à miniaturização da tecnologia eletrônica", explicou o coordenador do projeto no Instituto de aeronáutica, Luís Eduardo Loures.

No dia 24 de junho, um foguete de sondagem brasileiro VS-40 lançou o experimento Shefex 2, a partir do Centro de Andoya, na Noruega. O foguete brasileiro VSB-30 já realizou 13 missões bem-sucedidas na Europa em parceria com a organização alemã. No total, o Brasil já conseguiu atingir a marca de 18 lançamentos sem falhas com seus foguetes de sondagem VS30, VSB-30 e VS-40.

Centro alemão vai arcar com 25% do projeto, que poderá receber investimento total de R$ 100 milhões

A operação do Shefex 2, financiada pela Alemanha, teve um custo € 10 milhões. Considerado o principal programa espacial da Alemanha, o Shefex 2 consumiu outros € 6 milhões no desenvolvimento do experimento que foi lançado pelo foguete brasileiro.

Loures explicou que a principal diferença do novo foguete, que está sendo desenvolvido para suportar a missão Shefex 3 em 2015, está na capacidade dos motores. O veículo leva menos de 5 toneladas de propelente (combustível de foguete), enquanto o VLM-1 poderá levar cerca de 28 toneladas desse combustível.

O projeto do Shefex 3 também já está sendo feito em parceria com a indústria brasileira, que negocia a formação de um consórcio para participar desse novo desenvolvimento. "Estamos criando um projeto que dará sustentabilidade para a indústria nacional, porque o produto final tem mercado e um custo de lançamento baixo, inferior a US$ 10 milhões", ressaltou.

Concorrentes do porte do lançador americano Taurus, por exemplo, segundo Loures, têm um custo de lançamento da ordem de US$ 20 milhões. Loures comentou que outros foguetes estrangeiros, como os russos Dnepr e o Cosmos, e o indiano PSLV têm um custo da ordem de US$ 25 milhões a US$ 30 milhões, mas foram projetados para lançar cargas acima de mil quilos em órbita baixa.

Os microssatélites, segundo Loures, apresentam como vantagem o baixo custo de produção, nível de complexidade reduzido e ciclo de desenvolvimento rápido. "Devido à demanda crescente, já existe um mercado identificado para pequenos foguetes do porte do VLM-1 de três lançamentos por ano, segundo a agência americana Federal Aviation Administration (FAA)", disse ele.

O pesquisador comentou que alguns estudos já indicam um mercado ainda mais promissor, de cerca de 20 lançamentos anuais. O ciclo de desenvolvimento dos microssatélites é de dois anos, mas como eles são lançados com satélites maiores, precisam esperar até um ano para conseguir uma vaga nos lançadores de maior porte.

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