Chega ao seu final a operação que colocou cerca de 1200 militares brasileiros e argentinos lado a lado em um combate de guerra convencional. O encerramento da Operação Guarani 2012 aconteceu na sexta-feira (29/06).
Para autoridades brasileiras e argentinas, foi realizada uma representação de contra-ataque que uniu a infantaria argentina e a cavalaria brasileira, mostrando o grau de integração alcançado durante o exercício. “Este momento, coroa o sentimento compartilhado pelos envolvidos: todos os objetivos foram alcançados com êxito”, avalia o General de Brigada Valerio Stumpf Trindade, da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. Também participou da cerimônia, o General de Divisão Sergio Etchegoyen, Comandante da 3ª Divisão do Exército.
O sucesso da operação já propicia pensar em um novo exercício. “Comprovamos o alto perfil profissional e o trabalho de todos para que a missão fosse cumprida satisfatoriamente. Esse bom resultado nos motiva para o planejamento de exercícios conjuntos futuros”, complementa Coronel Veterno da Guerra das Malvinas Roberto Oscar Reyes, comandante da Brigada de Monte XII, da Argentina.
Após a demonstração, os dois exércitos se uniram para realizar uma ação Cívico Social na Escola Número 10 de Tacuaruzu, na Região de Misiones. Música, presentes para as crianças e atividades cívico sociais fizeram a alegria dos alunos da escola.
Para encerrar oficialmente as atividades da Operação Guarani 2012, nada melhor do que um desfile das tropas para a comunidade de Apostoles, que tão bem acolheu o exercício. Mais de 4.500 pessoas prestigiaram o evento.
Conflito fictício com combatentes de verdade
“Desde a madrugada de ontem, os confrontos foram constantes. Mas nos preparamos para isso e é ação que queremos”, falou o capitão Fredman, comandante do pelotão de Cavalaria Mecanizado que, no momento da entrevista, estava posicionada exatamente na linha de contato da força amiga (azul) com a força inimiga (vermelha). A movimentação aconteceu durante a Operação Guarani 2012, exercício combinado entre Brasil e Argentina, na região de Misiones, em território argentino. A missão envolveu cerca de 1200 militares e 210 viaturas e simulou a ida do Exército Brasileiro para aliar-se ao país vizinho que foi invadido.
Durante a Operação, os militares envolvidos viveram 24 horas por dia de uma situação fictícia, mas com dedicação real. Foi possível constatar essa realidade em cada ponto da ação. O sobrevoo de um helicóptero com integrantes de imprensa mobilizou os militares que se prepararam para uma ação mais efetiva. “Estamos sempre prontos para bloquear o inimigo, pois não temos informação nenhuma de quando e como os ataques vão acontecer”, disse o Capitão Fredman.
Naquele momento, o alarme foi falso. Mas não para o Aspirante Mossi, comandante do 3º Pelotão Cavalaria Mecanizado e seu efetivo. O ataque veio do céu, dois helicópteros equipados com metralhadoras abriram fogo contra os dois blindados, um Urutu e um Cascavel, da tropa comandada pelo Aspirante. O contra-ataque foi rápido e eficiente. A munição era de festim, mas o combate foi real.
“Para nós que estamos aqui, tudo é muito real e o fator surpresa ajuda a aumentar nossa tensão. Além disso, momentos adversos como ataques noturnos, quando não sabemos de onde vem o inimigo são cruciais”, revela o soldado Miguel, há quatros anos no Exército Argentino. Ele avalia que preparo psicológico e físico são fundamentais para uma Operação como essa. “Estou há 16 horas nesta posição, mas não posso oscilar meu nível de atenção em nenhum momento, pois pode ser fatal para mim e para meus companheiros”, complementa ele, dando ares de realidade ao exercício.
Mega estrutura para o combate
Não foram somente os equipamentos de comunicações com tecnologia de ponta que chamaram atenção durante a Operação Guarani 2012. As instalações também despertaram elogios e interesse. A estrutura preparada para atender ao efetivo do exercício por dias ou meses era composta por Posto Médico, Posto de Banho, Latrinas, Centro de Operações, Centro de Comunicações, refeitório, dormitórios e suporte de água e luz elétrica em toda base.
A cozinha de campanha móvel é operacional. Importada da Alemanha vem sendo empregada nos exercícios e nas atividades de campanha de algumas organizações militares do Exército. As facilidades proporcionadas pela cozinha sobre rodas viraram atração durante a Operação. “Pela facilidade de transporte, pode ser levada para qualquer lugar e isso é muito positivo, pois nessas atividades ter uma boa alimentação é fundamental”, avalia o Cabo Wulhã, do 8º Regimento de Cavalaria Mecanizado, de Uruguaiana.
Mas a boa surpresa veio mesmo na hora do banho com água quente. Sim, água quente. “As pessoas ficaram surpresas com tanta sofisticação no acampamento. Ter água quente no banho e na hora de fazer a barba deixa o militar motivado”, avalia o Cabo Reginato, um dos responsáveis por manter este conforto em funcionamento.