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AEB sepulta missões tripuladas

Júlio Ottoboni
Exclusivo para DefesaNet

Depois do fiasco de ter sido expulsa do programa de cooperação da Estação Espacial Internacional (EEI), a Agência Espacial Brasileira (AEB) sepultou de vez a possibilidade de missões tripuladas ao espaço. Essa foi uma decisão de sua nova presidência, que colocou uma pedra sobre o assunto.  A viagem do astronauta Marcos Pontes em 2006, denominada Centenário como uma homenagem ao voo de Alberto Santos Dumont no 14 Bis, foi recebida com uma saraivada de críticas do meio científico e tida como um gasto de dinheiro inútil, na época uma soma superior a US$ 10 milhões.
 
Para o presidente da AEB, José Raymundo Braga Coelho, que trouxe de volta da direção da agência para as mãos de cientistas, não há a mínima possibilidade de qualquer missão para levar um outro brasileiro ao espaço. Pelo menos por parte do governo federal. Já que na época foi vista como uma jogada de marketing para amenizar os estragos provocados na imagem do programa espacial depois do trágico acidente com o Veículo Lançador de Satélites (VLS)

 
"As missões de lançamentos de pessoas em órbita não estão na nossa programação e nem temos previsão para isto. No momento a agência não tem nenhum compromisso ou comprometimento com essa possibilidade ", decretou o presidente da agência, que aos poucos começa a se reaproximar da NASA e furar o bloqueio da desconfiança causado pelas inúmeras promessas e sucessivas falhas do Brasil no cumprimento de metas e repasses de verbas para a Estação Espacial.

A aceitação de Pontes no programa de formação de astronautas da NASA, inclusive, esteve condicionada a participação brasileira na mega projeto internacional. Com a exclusão do Brasil, as chances do astronauta ser elencado para um das jornadas ficou reduzida a zero e antes que isso acontecesse, o militar negociou e conseguiu um desconto de 50% do custo da passagem no veículo da Rússia.

O assunto foi retomado após recentes declarações do astronauta  brasileiro, Marcos Pontes sobre voltar ao espaço e a instituição de seu curso na USP de São Carlos (SP). O astronauta hoje é professor no curso de engenharia aeronáutica e iniciará a nova especialidade dentro da grade curricular. Trata-se do curso de engenharia aeroespacial programado para o vestibular deste ano. Um dos objetivos é que outros brasileiros também possam viajar para o espaço. O curso seria um agente facilitador para esse caminho.

A rejeição solene a ideia de uma nova aventura espacial tripulada soma-se, ainda, ao fato de Pontes ter ganhado diversos desafetos quando pediu baixa na Aeronáutica, semanas após seu retorno do espaço. Com isso deixou de cumprir uma longa agenda de divulgação do programa espacial brasileiro, que era o grande motivador de sua missão espacial. Ele preferiu partir para atividades individuais e com compensação financeira, o que era impossível de ocorrer quando estava na ativa, pois há proibições de obter vantagens pecuniárias com atividades correlacionadas ao exercício da profissão.

O discurso do astronauta passa novamente por uma missão com os russos entre 2015 ou 16. "Existe a possibilidade sim, e é o que estou esperando”, afirmou Pontes para a imprensa em um evento no Rio de Janeiro ainda no primeiro semestre deste ano, com grande repercussão. Atualmente, cada tripulante de um voo rumo a estação espacial custa cerca de US$ 60 milhões no caso da NASA e os astronautas convocados são custeados pela Agência Espacial dos Estados Unidos.

O ministro Marco Antonio Raupp ficou surpreso ao saber das intenções já pré agendadas pelo astronauta. "Pode até voar, mas tem que ter aprovação da AEB, eu não tenho informação que isto esteja sendo discutido na agência espacial, a questão é quem vai bancar. Não tenho nada contra, mas não temos nenhum planejamento neste sentido", decretou Raupp.

Apesar da AEB saber da existência do curso em São Carlos, salienta que isto é de total responsabilidade da instituição e sem ligação com a agência espacial. Segundo Coelho, é difícil um curso com esse perfil vingar, por razões obvias. “Isso não é mais o foco da AEB e sequer cogitamos essa possibilidade”.

Pontes viajou para a Estação Espacial Internacional (EEI) em 2006 e ficou dez dias em órbita ao redor da Terra. O custo da missão apenas e envio e retorno foi de US$ 10 milhões e o dinheiro, que não era previsto no orçamento, foi retirado as pressas do projeto do satélite sino-brasileiro CBERS-3, o que acarretou uma série de atrasos no projeto com a China e até hoje o satélite não foi lançado.

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