por Rafael Leopoldo
O panorama de ameaças cibernéticas no Brasil nunca foi tão complexo quanto o atual. Além do país ser, reconhecidamente, um celeiro para hackers de todo o mundo, intensificado por um mercado paralelo de fraudadores locais, equipes de cibersegurança precisam enfrentar uma enxurrada constante de ataques que só aumentam em frequência e sofisticação. No Brasil, um relatório da Apura Cyber Intelligence apontou um aumento de 220% nos ataques de ransomware em 2023, em comparação com o ano anterior.
Essa avalanche de alertas e incidentes de segurança torna difícil manter uma segurança eficaz em toda a organização. Muitas empresas não dispõem do número necessário de profissionais de segurança cibernética para responder adequadamente aos alertas. De acordo com a ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software), o Brasil enfrenta um déficit de 70 mil profissionais qualificados em segurança da informação, um número que tende a crescer com a digitalização das empresas.
Por isso, a IA generativa é uma ferramenta potencial que as empresas podem usar para escalar as defesas cibernéticas lideradas por humanos. E a tecnologia já está presente em várias soluções de cibersegurança.
Expansão do conhecimento de segurança com IA
A IA generativa tem um potencial tremendo no campo da segurança, sendo capaz de ampliar o conhecimento e melhores práticas, fornecendo etapas de correção automatizadas e orientações.
Com o uso da IA generativa, os profissionais não precisam se concentrar tanto em ensinar uma técnica específica de remediação ou instruir sobre o uso de uma tecnologia específica. O foco muda para ensinar quais fluxos de trabalho de IA ou prompts devem ser utilizados em diferentes cenários.
Várias soluções de cibersegurança já estão adotando a IA generativa, melhorando os resultados de segurança, o tempo de correção, e a curva de aprendizado dos analistas que operam as soluções. Utilizando processamento de linguagem natural (PLN) para apoiar os times de segurança em processos como resposta a incidentes, caça a ameaças e gerenciamento da postura de segurança, fica mais fácil para os times atuais de cibersegurança gerenciarem a quantidade de tarefas e sistemas de hoje.
Mais do que isso, a IA também ajuda a diminuir a barreira tecnológica entre diferentes níveis técnicos dos profissionais– nivelando o conhecimento sobre tipos específicos de ataque, técnicas de remediação, plataformas de segurança, entre outros casos.
A “mágica” da IA com automação e análise preditiva
Uma vez “equipadas” com Inteligência Artificial, as soluções de segurança podem detectar e responder a incidentes de segurança em tempo real, minimizando o impacto dos ataques. A automação permite a identificação rápida de ameaças e a execução de medidas corretivas sem intervenção humana imediata, o que é vital em um cenário onde os ciberataques são cada vez mais rápidos e complexos.
A IA também pode analisar grandes volumes de dados para prever possíveis ameaças antes que elas ocorram. Usando técnicas avançadas de machine learning –e acesso a casos de uso bem como a bancos de dados de informações sobre ataques– é possível identificar padrões e comportamentos anômalos que podem indicar um ataque iminente. Essa análise preditiva permite que as empresas adotem uma postura proativa, em vez de reativa, em relação à segurança cibernética.
Outro ponto é que, com a Inteligência Artificial, é possível realmente personalizar as soluções de cibersegurança para cada empresa. Algoritmos de IA podem ser treinados para entender o ambiente específico de uma organização, e adaptar as medidas de segurança para proteger os ativos mais críticos.
Por fim, a IA ajuda os times de segurança em um dos maiores desafios da operação: os falsos positivos, que consomem tempo e recursos para a checagem dupla – que precisa ser feita por um humano. A IA pode ajudar a filtrar esses alertas, permitindo que os profissionais de segurança se concentrem em ameaças reais. Sistemas de IA podem interpretar e contextualizar alertas, reduzindo significativamente a carga de trabalho e aumentando a precisão das respostas.
Em resumo, a IA é uma aliada poderosa na luta contra ameaças cibernéticas, trazendo eficiência, precisão e inovação para o campo da cibersegurança. Na medida em que as empresas continuam a adotar essa tecnologia, elas estarão melhor posicionadas para proteger seus dados e operações contra os ataques cada vez mais sofisticados dos hackers.
Rafael Leopoldo is Director of Growth and Technology at Selbetti