Nicholle Murmel
A convite da assessoria de imprensa da Kudelski Security, a equipe do DefesaNet entrevistou com exclusividade o executivo da empresa no Brasil, Thierry Martin.
Durante a LAAD 2015, em abril, o estande da companhia suíça de segurança cibernética expôs, entre vários produts e serviços, seu sistema 4G-LTE, que forma uma “bolha” segura, dentro da qual dados podem ser compartilhados entre computadores enquanto são monitorados por um centro de controle, o chamado Security Operation Center (SOC).
Além da tecnologia 4G e dos serviços de estruturação, operação e consultoria para os SOCs, a conversa tabém girou em torno das grandes ameaças atuais em termos de invasão e espionagem de redes corporativas. De acordo com Martin, os ataques cibernéticos surgem das mais variadas formas, das mais simples às mais sofisticadas, e alguns são até mesmo confeccionados sob medida para sabotar, por exemplo, programas governamentais. O executivo cita o caso do vírus Stuxnet, desenvolvido para sabotar o programa nuclear iraniano. “Esse ataque pretendia incapacitar as centrífugas nucleares iranianas. Foi muito bem sucedido, e atrasou em pelo menos dois anos o progresso tecnológico do Irã”, explica.
A presença da Kudelski na edição de 2015 da LAAD também levantou a dúvida de uma possível comlaboração entre a empresa e as Forças Armadas brasileiras. Quanto a isso, Martin comenta que houve conversas com representantes militares. Entre os possíveis serviços a serem oferecidos estaria a estruturação e fornecimento de equipamentos para um SOC. O executivo também comenta o panorama da cybersegurança no Brasil: “a lei no Brasil exige que sejam usdos códigos de encriptação desenvolvidos aqui para transmitir dados. Nesse ponto o país está avançado, e cada uma das Forças Armadas têm seus centros de guerra cibernética e desenvolve suas próprias linguagens encriptadas”, explica. “Nesse caso, o papel da Kudelski poderia ser de fornecer produtos para um SOC, e integrar essas linguagens aos equipamentos”, completa.
Por fim, o executivo reflete sobre a ética no trato da informação no espaço cibernético por parte de agências, governos e outras estruturas de poder. “Atualmente, nenhum país tem uma organização militar coerente que seja capaz de acompanhar esse cenpario, que evolui ano a ano. Todos estão se movimentando, inclusive o Brasil. Mas estão todos ainda criando. Acho que hoje, a questão da invasão de privacidade pelos governos ficou bem para trás. Os governos atualmente são mais vítimas desse tipo de situação do que causadores”, aponta.
Martin também comentou sobre a responsabilidade individual dos usuários com os dados que colocam na Internet e a necessidade de leis e regulamentações que estabeleçam algumas fronteiras mais fixas e reconhecíveis, à medida em que elementos do mundo real, como guerra, crime, terrorismo e espionagem internacional migram para o ambiente das redes: “Não há dúvida de que haverá que ter uma legislação para definir essa “última fronteira”, que atualmente é ética”, afirma. “Sempre que se cria uma lei, se abre mão de alguma coisa. Não se pode perder tanto a liberdade, mas também é preciso defender o cidadão. É um debate complicado, mas em uma coisa todos concordam: não existe mais privacidade”, completa.
Nota da Editora: agradecimentos especiais ao jornalista Marcos Coelho, que propôs a entrevista e mediou o contato com o Sr. Martin.