Raquel Landim
de São Paulo
Nicola Pamplona
do Rio
Com a queda nos preços do petróleo e a forte desvalorização do real, o plano de negócios da Petrobras "caducou".
Segundo a Folha apurou, o conselho de administração já estuda alternativas de novos cortes de investimentos.
Lançado há pouco mais de dois meses, o plano de negócios 2015-2019 foi considerado um "choque de realismo" ao reduzir em 40% os investimentos previstos de US$ 221 bilhões para US$ 130 bilhões.
Os analistas, porém, já avaliam que as contas não fecham por causa da deterioração da economia brasileira e da queda das commodities nesse curto período.
Entre as premissas do plano, a estatal estimava que o dólar ficaria em R$ 3,10 neste ano, e o preço médio do petróleo tipo Brent seria de US$ 60 por barril. Hoje esses números são irrealistas.
As incertezas sobre o futuro do governo Dilma levaram o dólar a subir 25% desde o fim de junho. Na sexta-feira (11), a moeda americana fechou a R$ 3,88. Já o petróleo estava a US$ 48,14, mas bateu US$ 42 no fim de agosto.
As duas variáveis afetam o resultado da Petrobras, porque a queda do petróleo reduz a receita enquanto a alta do dólar eleva a dívida. Mais de 80% da dívida está atrelada a moedas estrangeiras.
Com as recentes captações, a estatal não precisa de dinheiro agora, mas seu negócio não se sustenta. Conforme relatório do Credit Suisse, na atual conjuntura, a empresa gera US$ 17 bilhões de caixa por ano, o que é insuficiente para custear US$ 25 bilhões em investimentos anuais e ainda pagar US$ 7 bilhões em juros de dívida.
Em sua última reunião, os conselheiros já estavam convencidos de que o plano de negócios "caducou". Eles pediram à diretoria um relatório de quais projetos seguem viáveis com o petróleo perto de US$ 40 por barril.
A missão de cortar não será fácil. Para o Citibank, os investimentos já estão enxutos e será difícil cortar novos projetos sem comprometer a empresa no longo prazo.
Segundo a Folha apurou, enquanto isso, a estatal tenta reduzir custos e abriu renegociação com seus fornecedores. Já conseguiu descontos que variam de 2% a 15% do valor dos contratos.
Também se esforça para reduzir US$ 12 bilhões em custos operacionais, o que inclui demissões. O corte de pessoal está concentrado nos terceirizados, que representam 80% da força de trabalho.
Outra saída é vender patrimônio, mas o processo é lento. Os ativos mais próximos de serem negociados representam um valor pequeno