O mercado de distribuição de energia deve receber neste ano um novo investidor, a estatal chinesa State Grid. A gigante, que já investe no segmento de transmissão, deve firmar a compra de pelo menos um dos três alvos da companhia: Celg-D (GO), Eletropaulo (SP) e CPFL (SP).
A companhia definiu o ano como estratégico para seu desenvolvimento no Brasil e separou cerca de R$ 15 bilhões para investir no setor.
O tiro mais fácil, na visão dos chineses, é a estatal goiana, que deve ser leiloada pelo governo neste mês. A State Grid deve participar do leilão por meio de um consórcio, ao qual devem se associar outras empresas brasileiras.
Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China e próximo da diretoria da State Grid no país, afirma que as negociações com as distribuidoras, especificamente CPFL e Eletropaulo, estão andando.
"Não há uma previsão de quando chegarão ao fim. A China acredita no mercado de distribuição, pois dá um retorno estável", diz.
Procurada, a State Grid afirma que está em busca de oportunidades no país. "As empresas estão em uma situação delicada, porém, um bom comprador irá saber precificar não só o valor das empresas, mas também a oportunidade de comprá-las", afirma Qu Yang, vice-presidente da companhia.
A CPFL diz que tem por prática não comentar assuntos relacionados aos acionistas controladores. A Eletropaulo nega estar negociando com a chinesa.
O momento, segundo Alexei Vivan, da ABCE (Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica), é ideal para a entrada da State Grid na distribuição.
Devido à desvalorização do real, ativos no setor elétrico estão baratos. Além disso, as empresas sofreram vários impactos sobre seus custos devido a ações do governo federal no setor para tentar baixar a conta de luz. "Os chineses têm caixa, tamanho e estratégia de longo prazo para recuperar os investimentos."
Empresas e associações nacionais veem com restrições a entrada da chinesa no segmento de distribuição. Isso porque a State Grid será a primeira empresa estatal de um país socialista a investir no setor brasileiro.
Os empresários acreditam que o fato de a chinesa atender aos interesses do governo daquele país fará com que os investimentos, principalmente em máquinas e equipamentos, sejam destinados a fornecedores chineses.
Indiretamente, outra gigante chinesa, a Three Gorges, já possui ativos no segmento no país. Ela é a controladora indireta das distribuidoras da EDP desde 2011
Nota DefesaNet
O avanço da China nas áreas de Infraestrutura Brasileira não são avaliados. Tanto do ponto de vista econômico como no ideológico. O risco estratégico de países com ideologias diferentes da nossa, entrarem em conflito. O efeito imediato é a remessa para o exterior dos recursos escassos em dólares gerados por serviços e não resultantes da produção industrial.
Avanço similar também nas áreas do Pré-sal.
A China tem sido o mais agressivo concorrente brasileiro tanto na África como na América Latina.
O Editor
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