Assuntos: Na Síria vencedores e perdedores, no Brasil Privatização ou Desnacionalização
No Mundo
Em termos militares e políticos, o conflito na Síria avança para uma conclusão desfavorável aos interesses da coalizão que converteu protestos internos pacíficos numa sangrenta conflagração internacional – EUA, Turquia, Israel, Arábia Saudita e os emirados do Golfo Pérsico. Embora cada parte tivesse a sua própria agenda, o conjunto tinha como objetivo principal a derrubada do governo do presidente Bashar al-Assad, o que neutralizaria a Síria como aliada estratégica do Irã e abriria o país à passagem de gasodutos controlados por interesses da coalizão. Deu errado. Assad continua no poder e a intervenção militar direta da Rússia, Irã e do Hezbollah libanês que garantiu a iminente vitória do regime, consolidando os papeis estratégicos destes atores no cenário regional. A pragmática China, tem provido um discreto mas relevante apoio econômico e político ao governo sírio.
Em dificuldade no Oriente Médio como também na Europa Oriental resta aos EUA aproveitar as vantagens relativas na América do Sul, onde os governos hostis a ele estão sendo derrubados por seu próprio povo, tal a incompetência e a roubalheira dos políticos locais, apresenta-se para os EUA uma oportunidade única de compensar suas perdas em outras regiões e esta oportunidade está sendo aproveitada principalmente no nosso País, com um governo tampão entreguista e totalmente obediente ao Consenso de Washington. Pode acontecer uma guerra civil na Arábia Saudita. Com as confusões previsíveis no Oriente Médio os indicadores apontam para elevação do preço do óleo cru bem como dos seus derivados. Nós estamos vendendo as jazidas e a Petrobras mantendo suas refinarias na ociosidade, deixando para a Ipiranga e a Shell importarem derivados dos EUA, para distribuição no mercado interno. Com isto é óbvio, as margens de lucro da companhia diminuíram. Que negócio é este? Isto é uma armação e não pode ser aceita por nenhum brasileiro.
No Brasil
É voz corrente que a iniciativa privada supera em eficiência agilidade e lisura as empresas estatais. Não se fala na contradição de a privatização do setor elétrico, iniciada na década de 1990, ter resultado em tarifas reais médias pelo menos duas vezes maiores que as daquela época. Nem, tampouco, o fato de o setor estar sendo crescentemente dominado por empresas estrangeiras – na maioria, estatais de países como a China, França e Itália, que compraram as usinas da Cemig e já controlavam outras como as do rio Madeira.
Privatização é uma coisa. Desnacionalização é outra, mas quase sempre andam juntas. A sanha privativista encobre a entrega dos bens de produção ao estrangeiro, inclusive para estatais estrangeiras enquanto as estatais brasileiras são alijadas por serem estatais.
Uma guerra híbrida nos ataca por todos os lados; o MST e o IBAMA fazem o possível para destruir a nossa agricultura; fala-se em vender o Banco do Brasil para fundos de pensão estrangeiros e também vender a Casa da Moeda.
Basta ver que a maioria das indústrias tidas como nacionais já são, na verdade, de propriedades transnacionais quando não de estatais estrangeiras. Brasileiros apenas os consumidores e empregados e os lucros e dividendos são remetidos para as suas além mar. Aliás, de quem é a CBC? Sua sede é nos paraísos fiscais do Caribe.
As indústrias aeroespaciais e de armamentos serão sempre as mais visadas, estas para a destruição pura e simples – Alcântara, submarino nuclear – lembram-se da ENGESA?
O Grupo Globo declarou no Fantástico que o maior inimigo dos Policiais são as suas armas funcionais. Realmente a transformação da Beretta 9mm em .40 não deu certo, mas o alvo não declarado é a indústria de defesa do Brasil. O ataque requentado segue interesses escusos, com interesses estratégicos de outros países, além das vantagens para certo senador. Tudo é válido na Guerra Híbrida. Preocupa-nos a possibilidade que o próximo alvo seja a AVIBRAS AEROESPACIAL (Veja o Editorial DefesaNet – Para Além da Taurus Link)
Chama a atenção uma boa medida, um ponto fora da curva da má administração: a redução dos juros. Teríamos alcançado o ponto máximo de capacidade de pagamento de juros sem quebrar? Ou seja: esses ministros e ex-ministros mesmo empenhados em se locupletar, ainda que isso implique na desnacionalização, não iriam matar a galinha dos ovos de ouro. Pelo menos essa medida merece o nosso aplauso.
É certo que os EUA já foram nossos amigos como também é certo que nos últimos tempos tem procurado obstar o nosso progresso. É verdade também que nos últimos tempos a posição da China pode ser percebida como melhor parceiro, mas isto não vai durar para sempre. Nós brasileiros temos que aprender muita coisa; uma delas é que entre nações amizades não são eternas e que entregando nossos meios de produção, em pouco tempo estaremos nas mãos do "parceiro". Outra coisa a aprender é a isolar e castigar os traidores. Sim, eles existem. Até entre os espartanos, nas Termopilas houve um.
Teríamos nós saída para esta arapuca em que nos metemos? – Apenas duas: Podemos retirar o presidente traidor com uma intervenção militar limitada – alternativa perigosa pois os substitutos constitucionais são ainda piores. A outra alternativa é eleger um novo presidente nacionalista e com apoio popular suficiente para fazer o que precisa ser feito apesar da oposição do Legislativo e do Judiciário.
Que Deus nos oriente em nossas decisões
Gelio Fregapani