Com base na matéria publicada no Washington Post de 07 Dezembro 2013
A vitória da brasileira Graciela Saraiva no caso contra a marinha de guerra dos Estados Unidos continua sendo alvo de destaque na imprensa americana, comprovando que a indiferença com que o Governo Dilma tratou o caso, foi irrelevante e contraria a tradição brasileira de interceder por justiça e direitos humanos de nacionais e estrangeiros. Mas essa postura parece ter explicação: O pai de Graciela, fundador do PDT em Rondônia e ex-suplente de Deputado Federal pelo PMDB foi o autor intelectual da Proposta de Emenda a Constituição (PEC-436/2009) acolhida pelo Deputado Manoel Jr e mais 170 Congressistas que propõe representação política para os 3 milhões de brasileiros no exterior pelo sistema proporcional, com plenos poderes de fiscalização das ações do MRE em substituição ao CRBE, órgão meramente consultivo. O Itamaraty evidentemente se opõe a que seus consulados sejam supervisionados in loco e em caráter permanentemente pelo poder legislativo federal.
Mais uma vez o mais influente jornal político do planeta, The Washington Post, publicou em matéria assinada pelo jornalista Robert McCartney, mostrando que a trapalhada contra Graciela evidenciou que o problema é bem mais amplo e envolve não apenas a US Navy como também o Exército e outras forças de defesa na qual servem centenas de jovens de origem brasileira portadores de dupla cidadania lutando pelos ideários de liberdade e justiça contra a pirataria e o terrorismo.
Há duas semanas quando o caso de Graciela já estava encerrado e a US Navy se recusava readmiti-la reparando a injustiça da qual já havia sido inocentada, o influente jornalista escreveu artigo de meia pagina cobrando ao departamento de correção uma decisão coerente e acusou o seu presidente, W. Dean Pfeiffer de tentar desviar o foco da expulsão para prejudicar a brasileira acusada de "abuso de drogas por não ter reportado o uso de tylenol 3 receitado pelo dentista que procedeu após cirurgia.
A reversão final favorável à brasileira-estadunidense foi tomada pelo advogado da própria Navy, Robert L. Woods, Conselheiro geral Adjunto do Secretario Assistente da Marinha que enfatizou: "Eh uma prática do Departamento da Marinha mostrar consistência em seus julgamentos, particularmente quando as evidências são apresentadas em bases razoáveis".
"Me sinto aliviada por isso ter chegado ao fim, declarou Graciela, especialista júnior em logística (E-3 na classificação da marinha) que pretende voltar a carreira militar possivelmente como oficial após concluir a faculdade em dois anos.
Ela acredita que a repercussão na mídia americana e brasileira foi a chave para reverter a decisão injusta, mas é angustiante que eu sou apenas um dos milhares de militares norte-americanos cortados e maltratados em processos errôneos, e alguns causando sofrimento permanente".
Para Tom Berger, diretor-executivo do Conselho de Saúde dos Veteranos da América esse tipo de desligamento é a maneira mais barato de "enxugamento" de pessoal. Mas as dificuldades orçamentárias não devem admitir a utilização de procedimentos disciplinares em cortes marciais para se livrar de pessoas, por erros de conduta de menor gravidade, e sem o apoio jurídico adequado para protegê-los.