Virgínia Silveira
Apoiar o processo de transferência de tecnologia dos helicópteros que serão fornecidos para as Forças Armadas Brasileiras e dominar o conhecimento e o desenvolvimento das tecnologias necessárias à produção de um helicóptero brasileiro até 2020.
Esses são os principais objetivos do Centro Tecnológico de Helicópteros (CTH), que está sendo criado em Itajubá, cidade de 91 mil habitantes, localizada no Sul de Minas Gerais, onde a Helibras concentra hoje sua produção de helicópteros para o mercado brasileiro.
A fábrica acabou de ser ampliada para abrigar a produção do modelo EC725, versão mais recente da família Super Puma/Cougar. O governo brasileiro comprou 50 unidades, em 2008, para missões de transporte e proteção civil. O contrato está avaliado em € 1,8 bilhão.
Na unidade de Itajubá, a Helibras também está construindo uma nova fábrica destinada à preparação da rede de cabos elétricos para o EC 725 e uma unidade de montagem das caixas de transmissão dos helicópteros.
Além de apoiar o projeto de nacionalização dos helicópteros EC-725, a ampliação da fábrica de Itajubá atenderá a demanda cada vez mais crescente de projetos na área de defesa e da oferta de serviços e suporte ao cliente em todas as regiões do Brasil.
Em 2010, o Exército Brasileiro, por exemplo, fechou um contrato de R$ 375,8 milhões, para a modernização de 34 helicópteros Pantera, da Aviação do Exército (AvEx). O contrato prevê a troca de motores, aviônicos (aparelhos embarcados) de navegação e rádios das aeronaves.
A Helibras, segundo o diretor de Inovação da empresa, Vitor Afonso Coutinho, está trabalhando com as companhias brasileiras para desenvolver uma cadeia de provedores locais, além de apoiar a criação de cursos técnicos e universitários com foco no setor de asas rotativas, para fomentar a formação de mão de obra especializada e atender a demanda dos seus projetos.
"A implantação do CTH, por sua vez, visa a realização de pesquisas em apoio ao desenvolvimento de um polo de tecnologia aeronáutica na área de helicópteros, com impacto semelhante ao que o ITA e o CTA tiveram da indústria de aviões em São José dos Campos na década de 60", explica o reitor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), coordenadora do CTH, Renato Nunes.
A Helibras estabeleceu uma parceria com várias universidades brasileiras para aumentar a oferta de cursos universitários de aeronáutica e tecnologia aeroespacial e atender a necessidade de contratação de novos profissionais para a empresa nos próximos anos. A Unifei criou o curso de engenharia aeronáutica focado em helicópteros, além de aumentar a oferta de cursos técnicos de aeronáutica e tecnologia aeroespacial.
O reitor Renato Nunes disse que a Unifei está coordenando o lançamento de uma licitação internacional para a contratação da empresa que fará o detalhamento do projeto do CTH. "Estamos finalizando a documentação necessária para lançar o edital no começo do próximo semestre. Para isso contratamos o professor Michal Gartenkraut, ex reitor do ITA", disse.
Orçado em R$ 200 milhões, o CTH será financiado com recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O desenvolvimento do projeto, segundo o reitor da Unifei, está orçado em R$ 6 milhões e será bancado pela Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais).
O Centro Tecnológico de Helicópteros ficará localizado na área do Parque Científico e Tecnológico de Itajubá, que acaba de entrar em sua segunda fase de implantação, com a apresentação do projeto urbanístico de um condomínio de empresas de base tecnológica e dos edifícios da administração do parque e da a reitoria da Unifei. Cerca de 75% da área do Parque Tecnológico pertence à Unifei.
Na primeira fase do parque, instalado em um terreno de 30 mil metros quadrados dentro da Unifei, foram incubadas 19 empresas nas áreas de energia, biomédica e TI, sendo que cinco já foram graduadas. O reitor da Unifei disse que a fase um do parque custou R$ 29 milhões e a segunda etapa vai exigir investimento adicional de R$ 11,5 milhões.
Outras duas empresas do setor aeronáutico, segundo Nunes, já demonstraram interesse em se instalar no parque para apoiar o polo aeronáutico de Itajubá. "O projeto do parque prevê a instalação de até 120 empresas de base tecnológica."
O CTH, segundo o reitor da Unifei, funcionará como um centro de conhecimento composto por laboratórios de ponta e por engenheiros e técnicos altamente especializados, oriundos da universidade e também da indústria.
"Além da sua missão de formar pessoas e de evoluir o conhecimento, a universidade tem o papel de agente de desenvolvimento econômico. Por isso, é natural que a Unifei participe de projetos de criação de ambientes especiais, onde parte do conhecimento gera riqueza e bem estar social" disse.