Ten Emília Maria e Cap Oliveira
Para quem controla o espaço aéreo e defende a soberania nacional, a missão de integrar o território brasileiro vai muito além de encurtar distâncias num país de dimensões continentais. Os esquadrões de Transporte da Força Aérea Brasileira (FAB) realizam, todos os dias, missões e treinamentos essenciais para uma força armada, como transporte de cargas, lançamento de paraquedistas ou reabastecimento em voo.
Outras missões influenciam diretamente na vida de brasileiros e brasileiras em todas as regiões do país e envolvem também ações de luta contra o tempo para salvar vidas. Do transporte de tropas para realizar segurança onde for necessário, passando por traslado de órgãos para transplantes e remoção de feridos para atendimento médico, entre tantas outras possibilidades, a Aviação de Transporte cumpre seu papel diante da sociedade.
Para ter uma dimensão da relevância dessas missões para os cidadãos, confira um pouco do trabalho realizado apenas no ano de 2018:
Evacuações Aeromédicas e transportes de equipes de saúde
Em março, o Esquadrão Tracajá (1° ETA) realizou missão de Evacuação Aeromédica (EVAM) com uma aeronave C-98 Caravan, que decolou do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) rumo a São Luís (MA), transportando uma paciente gestante de 23 anos. Ela estava em trabalho de parto e com o bebê atravessado no útero – o que os médicos chamam de apresentação fetal córmica.
Naquele mesmo mês, o 1º ETA já havia realizado resgate de uma senhora de 68 anos que apresentava fratura no fêmur. "É muito gratificante saber que, no cumprimento da missão da Força Aérea, também transportamos assistência. Afinal, é a todos os brasileiros que devemos nossa razão de ser, existir e voar”, diz o Tenente Julian Dias Moreira, um dos pilotos do 1º ETA.
No final de maio, a aeronave C-95 Bandeirante do Esquadrão Pastor (2º ETA), sediado em Natal (RN), transportou até Recife (PE) duas pessoas que precisavam de cuidados médicos e estavam no Arquipélago de Fernando de Noronha (PE). Para as missões de EVAM, a aeronave leva a bordo equipe médica e equipamentos necessários ao transporte dos enfermos, como maca, hidratação venosa, aparelhos de reanimação cardiorrespiratória, entre outros.
Também em maio, a FAB levou médicos e enfermeiros da Organização Não Governamental Expedicionários da Saúde (EDS) para a região amazônica. A equipe foi transportada de Campinas (SP) até Lábrea (AM).
Durante a missão, houve a necessidade de transporte de um paciente infartado, de Lábrea até Porto Velho (RO), em uma aeronave C-98 Caravan. O avião é operado pelo Esquadrão Cobra (7º ETA), sediado na Ala 8, em Manaus (AM).
O transporte de equipes para atendimento à saúde também aconteceu em abril. O Boeing 767 do Esquadrão Corsário (2º/2º GT), sediado na Ala 11, no Rio de Janeiro (RJ), levou um grupo de 230 voluntários para Salvador (BA). Os passageiros fazem parte da Organização Voluntários do Sertão. O destino final do grupo foi à cidade de Santaluz, a 288 quilômetros da capital baiana.
Esse tipo de missão é realizada de acordo com a disponibilidade das aeronaves e de lugares, além da avaliação da necessidade de tratamento especializado com urgência.
Mais de 90 órgãos transportados no primeiro semestre
Com a mobilização de militares e a disponibilização de aeronaves em tempo integral, a FAB realiza, constantemente, operações de transporte de órgãos. “O tempo é o bem mais precioso que a equipe tem ao sermos acionados. Quanto mais rápido agimos, maior a chance de salvarmos uma vida”, explica o Tenente Aviador Hudson Negreiros dos Santos, do Quinto Esquadrão de Transporte Aéreo (5°ETA).
Os acionamentos – realizados a qualquer hora do dia e da noite – ocorrem de acordo com a demanda repassada pelo Ministério da Saúde, que coordena o Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Em fevereiro, aeronaves da FAB foram acionadas três dias seguidos. Na primeira missão, um C-95 Bandeirante partiu de Brasília (DF) para buscar um fígado e um coração em Goiânia (GO). Depois, um C-99 decolou com a equipe médica do aeroporto do Galeão (RJ), coletou um rim, um fígado e um coração em Boa Vista (RR), e levou os órgãos até a capital federal. Dois dias depois, outro C-95 retornou para Canoas (RS) com um pulmão coletado em Navegantes (SC). Os seis órgãos coletados, em apenas um fim de semana, foram transportados por três esquadrões diferentes.
No mesmo mês, um garoto de 12 anos recebeu o transplante de um coração transportado de Curitiba (PR) até o Rio de Janeiro pelo 3º Esquadrão de Transporte Aéreo (3º ETA). A tripulação decolou de Santa Cruz (RJ), com destino ao sul do país, para buscar o órgão.
Em abril, dois corações foram levados para serem transplantados em Recife (PE). Um deles foi coletado em Mossoró (RN) e acompanhado pela equipe médica num C-95 Bandeirante. O outro foi retirado do doador em Petrolina (PE).
"Eu vibrei muito vendo que nossa tripulação fez seu melhor para que a equipe médica e o órgão chegassem o mais rápido possível a seu destino. É gratificante fazer a diferença para salvar uma pessoa", conta o comandante da missão, Tenente Aviador Maurício Ancelloni Prado Garcia.
Até o início de junho, foram transportados 98 órgãos, sendo: 40 fígados, 37 corações, 13 rins, 7 pulmões e 1 pâncreas. “A ação coordenada entre a FAB e os diversos elos da sociedade produz retorno extremamente positivo para a população, além de ratificar a prontidão da Força Aérea na nobre missão de integrar os brasileiros, de integrar a nação”, afirma o Comandante do 3° ETA, Major Aviador Fábio Ferreira Silva.
Operação São Cristóvão
No fim de maio, as aeronaves da FAB realizaram diversos transportes de medicamentos, em apoio ao Ministério da Saúde, para minimizar os desabastecimentos causados pela mobilização dos caminhoneiros.
Nos dias 28 e 29, dois aviões C-130 Hércules do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) – Esquadrão Gordo – transportaram 23 toneladas de remédios de Montes Claros (MG) para Recife (PE).
Na quarta e quinta-feira (30 e 31), outros dois voos foram realizados por um C-130 do Esquadrão Cascavel (1º GTT), transportando o total de 25 toneladas de medicamentos de São Paulo (SP) para Salvador (BA).
"É uma grande realização saber que nosso trabalho está ajudando alguém e, até mesmo, salvando vidas", disse um dos pilotos, Capitão Aviador Guilherme Guimarães.
Também no dia 31, o Esquadrão Onça (1°/15° GAV) transportou 397 kg de medicamentos para Campo Grande (MS). Os medicamentos foram levados do Rio Grande do Sul e de Goiás para serem distribuídos no Mato Grosso do Sul.
Mais de 500 imigrantes transportados na Operação Acolhida
A Força Aérea Brasileira (FAB) realiza o transporte de assistidos no processo de interiorização para outras localidades brasileiras. Também atua na condução de pessoal militar e civil de apoio e suporte logístico no transporte de material e suprimentos.
Desde o mês de abril, quando foi iniciada a missão de interiorização articulada entre Governo Federal, Organização das Nações Unidas (ONU), municípios e entidades da sociedade civil, a aeronave Boeing 767, do Esquadrão Corsário (2º/2º GT), transportou 527 venezuelanos. Eles foram movimentados em três etapas para as cidades de São Paulo, Manaus e Cuiabá.
A FAB participa da Operação Acolhida também no transporte de suprimentos e de pessoal de apoio. Em abril, o Boeing 767 decolou rumo a Boa Vista com aproximadamente 26 toneladas de medicamentos, além de equipe médica.
No dia 8 de maio, a FAB também transportou 107 m3 de material – colchões, material de limpeza, material de higiene pessoal, entre outros – para apoio ao trabalho da força-tarefa.
O futuro do Transporte
Em breve, a Aviação de Transporte da FAB vai contar com uma nova aeronave: o cargueiro multimissão KC-390. As duas primeiras unidades estão confirmadas para serem entregues à Ala 2, em Anápolis (GO). Ao todo, 28 aeronaves adquiridas pelo governo brasileiro irão compor a frota da FAB.
Robusto, moderno e de alta capacidade operacional, o KC-390 se materializou a partir do conceito e ideias de pilotos e engenheiros da FAB que ansiavam por demandas acima das cumpridas pelo C-130 Hércules.