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Trabalho conjunto pela prevenção de acidentes aeronáuticos

Ten Emilia Maria / Cap Oliveira

Três profissionais: essa é a formação básica de uma Comissão de Investigação de Acidentes Aeronáuticos. Em casos mais complexos, como a queda da aeronave  que transportava o Ministro Teori Zavascki e outras quatro pessoas em janeiro de 2017, a Comissão foi formada por 18 especialistas, como pilotos, engenheiros, psicólogos, controladores de tráfego aéreo e mecânicos.

O relatório dessa investigação foi divulgado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) no dia 22 de janeiro de 2018. Ou seja, durante um ano a equipe trabalhou para chegar às causas do ocorrido e prevenir outros acidentes.

Esse é o grande objetivo do CENIPA, sediado em Brasília (DF), e dos Serviços Regionais de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA), localizados por todo o Brasil. Os profissionais trabalham na identificação dos fatores contribuintes presentes, direta ou indiretamente, na ocorrência e na emissão de Recomendações de Segurança (RS) que possibilitem a ação direta ou tomada de decisões que eliminem aqueles fatores ou minimizem as suas consequências.

Veja o depoimento de alguns dos profissionais que integram Comissões de Investigação:

“Trabalhar em uma investigação de acidentes aeronáuticos, além de ser motivo de muita responsabilidade, é uma oportunidade singular de integrar a medicina e a aviação em prol de um propósito comum e maior: o compromisso com a vida. É um trabalho em equipe, onde cada parte é importante, e o resultado final só se constrói com o empenho de cada um”.

Coronel Médica Gisele Leite L’Abbate

“O trabalho de um engenheiro em uma comissão de investigação de acidentes aeronáuticos é algo certamente motivante e desafiador. Cada ocorrência possui características próprias, exigindo muita dedicação e horas de estudos. Porém, o resultado final sempre traz grande satisfação em contribuir para a segurança da aviação”.

Tenente Engenheiro Aeronáutico Ricardo Maia Senna Delgado

Uma das principais atuações do psicólogo envolve atividades promocionais e educativas de prevenção e de investigação de ocorrências aeronáuticas no âmbito dos Fatores Humanos. Assumimos, portanto, um compromisso ético com a sociedade, pois o produto do nosso trabalho reflete na segurança e eficiência do transporte aéreo brasileiro, benefício evidente para clientes e usuários desse serviço. Além disso, fomenta a qualidade de vida no trabalho para os profissionais que se dedicam a esta atividade. Impactar positivamente na vida de tantas pessoas é motivo de muito orgulho”.

Tenente Psicóloga Camila Ferrari de Almeida

“Poder contribuir para que esse sistema seja mais eficiente, mais eficaz e, acima de tudo, mais seguro é uma grande satisfação e motivo de orgulho na minha carreira. Trabalho na área desde 2003 e tenho certeza que o trabalho que desenvolvemos no CENIPA é de muita relevância para a sociedade brasileira como um todo e até para o mundo. Por meio da prevenção, tornamos o sistema mais seguro e, mediante a investigação de acidentes, podemos dar respostas à sociedade – no caso da perda de entes queridos – e também aprendemos, mitigando riscos na atividade aérea”.

Major Aviador Thiago Alexandre Lírio

Formação básica da Comissão de Investigação

– Investigador-Encarregado: Responsável pela organização, condução e controle da investigação, de acordo com a legislação em vigor. Pode acumular a função responsável pelo fator operacional.

– Fator Operacional: Área responsável pela investigação de aspectos referentes ao desempenho do ser humano na atividade relacionada com o voo. Inclui as seguintes áreas: meteorologia, infraestrutura, instrução, manutenção, aplicação dos comandos da aeronave, tráfego aéreo, coordenação de cabine, julgamento da tripulação, deficiência de pessoal, deficiência de planejamento, deficiência de supervisão, indisciplina de voo, influência do meio ambiente e experiência de voo na aeronave, entre outros.

– Fator Material: Área responsável pela abordagem da segurança de voo que se refere à aeronave nos seus aspectos de projeto, fabricação e de manuseio de material. Não inclui os serviços de manutenção de aeronave.

– Fator Humano: Aspectos médico e psicológico: Área responsável pela abordagem da segurança de voo em relação ao complexo biológico do ser humano, nos aspectos fisiológicos e psicológicos que possam ter refletido nas ações da tripulação e demais pessoas envolvidas no acidente, servindo para clarificar a sequência dos acontecimentos na ocorrência.

Todos devem ser profissionais credenciados pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER).

Etapas da Investigação

– Coleta de Dados: Ação Inicial das equipes de militares especializados que consiste na coleta de dados. Para isso, analisa os destroços, busca indícios de falhas, levanta hipóteses sobre performance da aeronave nos momentos finais do voo, fotografa detalhes, entrevista testemunhas e retira partes da aeronave para análise.

– Análise de Dados: Fase em que os dados coletados são analisados, estabelecendo relações que levarão em conta diversos fatores contribuintes, sejam materiais (sistemas da aeronave e projeto), humanos (aspectos médicos e psicológicos) ou operacionais (rota, meteorologia entre outros). Ao longo dos trabalhos, outros profissionais (pilotos, engenheiros, médicos, psicólogos, mecânicos) poderão se integrar à comissão, conferindo um caráter multidisciplinar.

– Apresentação dos Resultados: O resultado da investigação é divulgado somente após a conclusão do Relatório Final, que é publicado no site do CENIPA (fab.mil.br/cenipa). Ele identifica os fatores que contribuíram para o acidente e elabora as respectivas recomendações de segurança, de forma a tornar a aviação mais segura no Brasil e no mundo.

Fotos: Agência Força Aérea / FAB

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