O protótipo do avião T-Xc (modelo Novaer N-210) se encontra em testes. O novo avião terá duas versões, seguindo a diretriz de estimular o desenvolvimento de tecnologias de uso dual (militar e civil). O projeto foi financiado pela Finep/MCTI, via Subvenção Econômica, com cerca de R$ 10 milhões.
O T-Xc realizou com sucesso seu primeiro voo, no dia 22 de agosto, em São José dos Campos (SP), com duração de 20 minutos. Um segundo voo foi feito no dia seguinte – este por 50 minutos, quando foram realizadas as primeiras provas de manobras.
Outras provas se seguirão nas próximas semanas, período em que o avião estará baseado em instalações cedidas pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Espacial (DCTA).
Entre outros usos, a versão treinador – uma aeronave acrobática de dois lugares, para o treinamento primário de pilotos militares – deverá ser utilizada pelos cadetes da Força Aérea Brasileira (FAB), substituindo os atuais Neiva T-25. A versão utilitária, também chamada de U-Xc, terá quatro lugares e se destinará ao transporte de passageiros e pequenas cargas.
O T-Xc apresenta tecnologias mais recentes, como sua fuselagem – construída em fibras de carbono, mais leve, econômica e resistente que o alumínio aeronáutico, além de ser imune à corrosão.
O conceito do modelo foi idealizado pelo projetista do avião EMB-312 Tucano, da Embraer, originalmente desenvolvido para servir de avião de treinamento avançado da FAB.
Fomento à inovação
A concessão de subvenção econômica para a inovação nas empresas é um instrumento de política de governo largamente utilizado em países desenvolvidos, operado de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio. Lançado no Brasil em agosto de 2006, esta foi a primeira vez que um instrumento desse tipo foi disponibilizado no País.
O objetivo do Programa de Subvenção Econômica da Finep é promover um significativo aumento das atividades de inovação e o incremento da competitividade das empresas e da economia do País.
Essa modalidade de apoio financeiro consiste na aplicação de recursos públicos não reembolsáveis (que não precisam ser devolvidos) diretamente em empresas, para compartilhar com elas os custos e riscos inerentes a tais atividades.
O marco-regulatório que viabiliza a concessão de subvenção econômica foi estabelecido a partir da aprovação da Lei 10.973, de 02.12.2004, regulamentada pelo Decreto 5.563, de 11.10.2005 (Lei da Inovação), e da Lei 11.196, de 21.11.2005, regulamentada pelo Decreto no. 5.798 de 07 de junho de 2006 (Lei do Bem).
Características do produto T-Xc
Descrição Geral
Monomotor a pistão, monoplano de asa baixa;
Estrutura primaria e secundária construídas integralmente em fibra de carbono, curada em autoclave;
Trem de pouso retrátil do tipo triciclo;
Cabine dotada de um compartimento dianteiro para dois ocupantes (instrutor e aluno) dispostos lado a lado;
Compartimento traseiro para transporte de carga;
Acesso ao compartimento dianteiro da cabine através de portas articuladas para cima do tipo “gaivota”;
Acesso ao compartimento traseiro por uma porta do lado esquerdo da fuselagem, também de tipo gaivota.
Emprego
Treinador militar primário / básico e para treinamento de vôo noturno e por instrumentos;
Possui duplo comando completo, onde ambos tripulantes têm acesso a todos os comandos, alavancas, manetes, pedais e chaves seletoras que controlem o avião em todas as fases da operação;
Avião completamente acrobático, sem limitação de manobras acrobáticas entre +6G e -3G;
Certificação
O T-Xc foi projetado para atender aos requisitos de certificação estabelecidos pelas autoridades aeronáuticas internacionais (ANAC, FAA e EASA), conforme o regulamento RBAC Parte 23 (equivalente aos FAR-23 da FAA);
Na configuração Treinador o avião será certificado na categoria “Acrobática”;
Outros requisitos específicos para operação militar ou estabelecidos por órgãos públicos poderão ser utilizados, para atender demandas especiais.
Trem de pouso
Tipo triciclo, telescópico com amortecedores hidro-pneumáticos incorporados;
Retrátil, com recolhimento e extensão potenciada por atuadores hidráulicos;
Equipados com um conjunto de roda e pneumático sem câmara;
Projetados para operação em pistas não pavimentadas;
Travamento positivo dos trens nas duas posições (up e down), dotados de sinalização e sistemas de segurança conforme regulamentos;
Extensão em situação de emergência (free-fall), e alertas de potencia em “lento” e flape baixado, para evitar esquecimento.
Comandos de Vôo
Comandos primários: acionamento por hastes para profundor e ailerons, e por cabos para leme de direção, sendo manche e pedaleira duplicados;
Flapes acionados por atuador eletromecânico central ligado a um tubo de torção, impedindo assimetria;
Flapes acionarão os ailerons, através de um mecanismo de derivação, que passarão a auxiliar os flapes;
Na deflexão máxima de 45º, os ailerons serão defletidos em aproximadamente 22º, aumentando a sustentação e melhorando desempenho de pouso e decolagem;
Compensação de comandos (“trim”) apenas no profundor e leme, atuando por meio de dispositivos eletromecânicos associados a molas, não havendo necessidade de compensação aerodinâmica;
Mesmo quando nas posições extremas de compensação, aos pilotos será permitido override na ocorrência de “trim runaway”.
Grupo Moto-Propulsor
É constituído por um motor Lycoming acrobático, de 6 cilindros normalmente aspirado, seus acessórios, e por uma hélice tripá com “spinner”, instalados à frente da aeronave. O conjunto será certificado para operação em vôos acrobáticos e é isolado da cabine por uma parede de fogo.