ROBERTO GODOY
A exigente Administração Federal de Aviação (FAA), a principal agência reguladora do setor aeronáutico dos Estados Unidos, certificou o turboélice de ataque leve Super Tucano, da Embraer Defesa e Segurança, para uma série de apresentações técnicas em bases militares americanas.
A chancela cria para a empresa brasileira a oportunidade de disputar contratos no maior mercado mundial de Defesa. Segundo Luiz Aguiar, o presidente da EDS, "o Super Tucano é o avião mais avançado da categoria – combina tecnologia no estado da arte com baixos custos". O Emb-314B1, nome técnico do avião, é empregado por forças de seis países – Brasil, Indonésia, Colômbia, Chile, Equador e Burkina Fasso.
A Guatemala entra no time até o fim do ano. Em mensagem enviada semana passada ao congresso nacional, o presidente Álvaro Colom comunicou que vai comprar no Brasil seis Super Tucanos para intensificar a repressão ao tráfico de drogas nas fronteiras, além de reprimir os voos clandestinos no país.
O valor do negócio é estimado em US$ 170 milhões e cobre também um radar de vigilância fornecido pela Atech, de São Paulo, coligada da Embraer Defesa. O financiamento será feito por bancos espanhóis e brasileiros. A entrega começa no segundo semestre de 2012.
Ataque bilionário. O atestado da FAA melhora, em certa medida, a posição da aeronave na difícil disputa pela encomenda bilionária da Força Aérea dos EUA, o programa LAAR. Por US$ até 2 bilhões, o governo americano quer de 100 a 200 aviões de ataque leve e reconhecimento armado. Quatro modelos são considerados finalistas: o T-6 Texan, da Hawker-Beechcraft, turboélice, produto local; o jato italiano Alenia Aermacchi M-346; o suíço Pilatus PC; e o Super Tucano.
Apenas o Emb-314B1 foi provado em ação – acumula 18 mil horas de combate sem perdas. A Embraer tem, a seu favor, outro fator estratégico: mantém uma fábrica na Flórida, de onde saem jatos executivos Phenom.
Entre os concorrentes, a americana Hawker é a única a se apresentar na mesma condição, todavia, com ressalvas. A principal delas é a forma como o Texas 2 é desenvolvido, uma colagem de partes. O sistema de armas ainda está na fase de integração. A decisão do Departamento de Defesa é esperada para o ano que vem.
O interesse americano, não apenas por meio do LAAR, é por um avião capaz de oferecer apoio à tropa em terra. Os caças pesados são caros. O gasto com a operação, alto. A hora de voo do supersônico F-16E não sai por menos de US$ 6,5 mil, contra apenas US$ 500 do Super Tucano. Mais que isso, leva carga eletrônica embarcada equivalente. O avião operado nos EUA é da Tactical Air Defense, empresa privada que presta serviços militares sob contrato.
Apresentado em 1995, pouco após a privatização da companhia, o Emb-314 B1 foi especificado pela FAB com referências de longo prazo. Depois de 15 anos, esse cuidado revela virtudes – o Super Tucano cumpre as missões de contrainsurgência, ataque leve, interceptação de alvos de baixo desempenho e a instrução avançada, com baixo custo de operação e alto rendimento, O batismo de fogo foi em 18 de janeiro de 2007. Dois esquadrões da Força Aérea da Colômbia despejaram 4,5 toneladas de explosivos sobre as instalações de um comando das Forças Armadas Revolucionárias, as Farc.
Em março de 2008, um número não revelado de aviões bombardeou um acampamento das Farc localizado pela inteligência colombiana em território do vizinho Equador. O alvo foi iluminado por dois times de operações especiais, em terra. Foram usadas bombas inteligentes do tipo Paveway, fornecidas por Israel.