Para viajantes que estão cansados de esperar demais em aeroportos e de ter pouco espaço para as pernas nos aviões, mas não podem bancar seu próprio jato particular, agora existem alternativas intermediárias.
Algumas “startups” de serviços aéreos oferecem viagens curtas programadas em turboélices privados por uma taxa mensal. Outras colocam seus clientes em assentos individuais de aviões particulares voando entre grandes cidades. E duas empresas estão usando terminais privados e jatos regionais com 30 lugares para oferecer serviços aéreos alternativos em rotas movimentadas, cobrando tarifas normais.
Inspiradas por serviços de compartilhamento, como Uber e Airbnb, essas alternativas ganharam força com a consolidação das empresas aéreas, que deixou muitas rotas com poucos voos e passagens mais altas. Um atrativo para usar esses serviços é evitar as esperas nas filas para a inspeção de segurança, que estão forçando os passageiros a chegar mais cedo nos aeroportos.
Mas, como muitas startups, elas enfrentam céus turbulentos. Algumas já fracassaram, como a Beacon, uma novata da costa leste dos Estados Unidos que voava entre Boston e White Plains, no Estado de Nova York. Lançada em setembro de 2015, ela fechou as portas em abril. Outra vítima: a Blackjet, que vendeu assinaturas oferecendo assentos em jatos privados, antes de fechar.
Em meio a esses percalços, alguns serviços já mostram histórico de mais de um ano de sucesso.
A Rise Air, que começou a voar no fim de 2014 do aeroporto Love Field, em Dallas, aluga turboélices King Air, com nove lugares, de sete operadoras diferentes de aviões fretados para oferecer voos entre Dallas, Houston, Austin e Midland, todas cidades do Texas. Os membros pagam US$ 1.850 por mês por voos ilimitados. Contratos de empresas ganham desconto. Nick Kennedy, o diretor-presidente, diz que cerca de 70% dos membros nunca haviam voado em jatos particulares antes.
Se você voa quatro vezes por mês, o custo é o mesmo de uma empresa aérea de baixo custo e “você tem a experiência de um jato particular”, diz Michael Mitchell, que trabalha em um banco de investimento em Dallas e viaja para Houston e Austin entre duas a três vezes por semana. “Estar em um avião com outras pessoas de empresas transforma a viagem em um clube de negócios.”
A Surf Air, que tem três anos, oferece um serviço semelhante na Califórnia, usando aviões próprios Pilatus, de oito lugares, que a empresa também opera. A Surf Air cobra uma taxa inicial de US$ 1.000 e uma mensalidade de US$ 1.950. Os membros passam pelas inspeções da Agência de Segurança de Transporte dos EUA e são sujeitos a algumas medidas de segurança, como consultas a carteiras de motorista e até detectores de resíduos de explosivos.
Como na Rise, os membros podem reservar uma viagem de ida e volta por vez. O diretor-presidente Jeff Potter diz que os passageiros da Surf Air voam, em média, duas vezes por mês. Cerca de 85% deles voam a negócio.
Os passageiros podem chegar ao aeroporto 15 minutos antes do embarque, em vez das duas horas recomendadas num voo comercial. O estacionamento com manobrista é grátis. O horário dos voos nos Pilatus, entre pequenos aeroportos de San Francisco para Los Angeles, é próximo da grade dos voos comerciais.
Já a também californiana JetSuite, um serviço de voos fretados de jatos particulares, começou em abril a programar voos entre Burbank, perto de Los Angeles, e Concord, nos arredores de Oakland, sob o nome de JetSuiteX. Ela adicionou voos de Burbank para Las Vegas em maio. Seus jatos Embraer 135, que pertenciam à American Eagle, têm 30 assentos em vez de 37, aumentando o espaço para as pernas.
As tarifas da empresa variam entre US$ 99 e US$ 299 para apenas ida, com um preço médio de US$ 240. A JetSuiteX reformou os aviões, que ficaram com interiores mais atraentes e revestimentos extras à prova de som. Ela também removeu os bagageiros superiores para tornar a cabine mais aconchegante, diz o diretor-presidente, Alex Wilcox.
Com apenas 30 lugares, a JetSuiteX não precisa usar terminais aéreos comerciais, então os passageiros ganham serviços de jatos particulares em terra. Há checagens de segurança, mas sem as filas dos aeroportos comerciais.
“Nós estamos tentando tirar o aeroporto da experiência da aviação”, diz Wilcox.
Um serviço similar, o Ultimate Air Shuttle, de Cincinnati, no Estado americano de Ohio, também usa jatos regionais de 30 lugares em voos para Nova York, Chicago, Cleveland e Charlotte, na Carolina do Norte. A Ultimate Air Shuttle procura atrair viajantes de negócios afetados pelo corte drástico de voos para Cincinnati feito pela Delta Air Lines.
Para aqueles dispostos a gastar mais, há formas de voar em jatos particulares compartilhados pagando dezenas de milhares de dólares, em vez de centenas de milhares. Um cartão de 25 horas de voo tem um preço inicial de US$ 125 mil e aviões maiores custam bem mais.
A Jet Smarter, uma das maiores empresas do segmento, foi criada em março de 2013 e já possui mais de 4 mil membros, com voos programados em jatos particulares em 16 rotas americanas, nove na Europa e seis no Oriente Médio.
A empresa oferece compartilhamento de lugares em jatos particulares, seja em suas pontes aéreas programadas para as rotas principais ou em viagens onde os aviões voam vazios de um aeroporto para outro, antes de sua próxima viagem usual com passageiros. Uma assinatura que dá acesso a uma vaga nos voos disponíveis custa US$ 10 mil por ano, mais uma taxa inicial no primeiro ano de US$ 5 mil.
As pontes aéreas têm alguns voos programados por semana sem custo extra. Os voos programados podem ser reservados com semanas de antecedência, mas as rotas em que o avião voa vazio geralmente só são confirmadas menos de 24 horas antes da decolagem.