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SSBNs – A proliferação no Pacífico


Por Peter Dombrowski – The Interpreter
Tradução, adaptação e edição – Nicholle Murmel

 

A Modernização Militar da China ao longo dos últimos 20 anos ajudou a exacerbar as tensões políticas e preocupações no Japão, Índia, Estados Unidos e Rússia. A busca contínua da Coreia do Norte por armas nucleares e sistemas de lançamento de mísseis também mantém a atmosfera exaltada no nordeste da asiático. O subcontinente indiano abriga duas potências atômicas que já travaram quatro guerras nos últimos 65 anos. Muitos países das regiões litorâneas da Ásia adotaram programas sérios de reaparelhamento, e estrategistas vêem por toda a região a proliferação de todo tipo de mísseis – sistemas anti-acesso, aeorespaciais e plataformas navais, entre outros.

 

NOTA  – Siglas usadas para identificar os tipos de submarinos.

SSBNShip Submersible Ballistic missile Nuclear powered  –  Submarino nuclear lançador de mísseis balísticos
SSGN Ship Submersible Guided missile Nuclear poweredSubmarino Nuclear Lançador de Mísseis de Cruzeiro.
SSNShip Submersible Nuclear Powered Attack  – Submarino de ataque propulsão nuclear
SSK Ship Submersible Convetional Powered Attack – Submarino de ataque propulsão convencional

 


Mas os programas regionais de modernização, especialmente o desenvolvimento de submarinos – de propulsão nuclear ou convencionais – com armas atômicas representam uma preocupação em particular.

China e Índia estão comprometidas com a produção de sistemas de lançamento e armas com maior alcance, precisão e componentes que as tornem mais letais e, assim, mais ameaçadoras para potenciais adversários. Enquanto isso, o Paquistão busca um programa para adquirir de Pequim submarinos mais capazes. Por enquanto, outras nações não se manifestaram contra a aspiração paquistanesa relativamente distante de ter submarinos armados com mísseis balísticos, mas alguns analistas sugerem que um míssil de cruzeiro com carga útil atômica é uma possibilidade bastante real. E dado o histórico do Paquistão em proliferação atômica ao longo das últimas décadas, esse temor é bem plausível.

Com exceção talvez dos Estados Unidos, outras potências fora da região indo-pacífica – por exemplo a Rússia – também se engajaram fortemente em modernização estratégica. Não esqueçamos que Moscou é uma potência na região por conta de sua Frota do Pacífico, equipada com a nova classe Borei de SSBNs, que vêm armados com mísseis Bulava. Bem ou mal, Washington está investindo em pesquisa e desenvolvimento preliminar de um submarino substituto para a classe Ohio – atualmente o braço naval da tríade atômica americana. A atualização estratégica dos EUA não é um catalizador na dinâmica regional do Pacífico, mas enquanto o país atua como pivô na Ásia, a capacidade do seu arsenal atômico e convencional permanece importante

A proliferação de SSBNs na região da Ásia-Pacífico pode ser resumida na seguinte tabela:

Este artigo breve não pretende fazer um levantamento das rivalidades regionais. Uma análise completa precisaria de um olhar mais próximo a todas as dimensões do poder militar e do impacto das forças americanas na área. Mas uma leitura rápida da tabela acima permite observar uma região que pode em breve ser tomada por uma corrida armamentista a todo vapor. Os prognósticos de estabilidade e paz a longo prazo – leia-se estabilidade estratégica, redução das crises e menos brechas para acidentes e falhas de entendimento que levem a conflitos – dependem, em parte, de agir antes cedo do que tarde para frear desdobramentos que possam causar instabilidade. No momento, programas regionais de desenvolvimento e aquisição de SSBNs não são tão avançados, e o número de plataformas e armamentos não é tão grande que as medidas adequadas não possam evitar uma corrida bélica.

O número crescente de submarinos com mísseis balísticos pode até preservar a dissuasão mútua e, assim, a estabilidade. Contudo, mais navios do tipo nas já abarrotadas do Pacífico podem dar mais brechas para acidentes, acasous ou mal-entendidos.

Acidentes com submarinos não são novidade: a tragédia nacional de um navio e tripulação perdidos pode rapidamente se tornar uma crise regional ou mesmo global caso o reator ou as armas nucleares apresentem problemas. Operações com esse tipo de embarcação em águas movimentadastabém aumentam a possibilidade de que um país entre em crise com outro, com resultados imprevisíveis. As tecnologias ainda em desenvolvimento para comando e controle, além de inteligência, vigilância e reconhecimento, ainda têm um longo caminho a percorrer – basta lembrar do quanto os EUA e a União Soviética demoraram para desenvolver seus respectivos sistemas.

Indo além, poucos comentam acerca do desafio de garantir a confiabilidade política e profissional das tripulações. Ainda que potências nucleares consolidadas atualmente não dêem tanto peso à confiabilidade do pessoal envolvido, esse elemento foi crucial em um passado não muito distante. E os SSBNs e mísseis balísticos não são o único aspecto preocupante da guerra submarina e da questão nuclear – frotas de superfície, medidas de minagem e contraminagem e guerra antissubmarina também elevam o risco de incidentes no mar, e o potencial para uma crise atômica. Analistas renomados estão apreensivos com a possibilidade de a próxima etapa da corrida armamentista na Ásia-Pacífico envolver ainda mais sumbarinos armados com mísseis de cruzeiros lançados do mar.

Três vezes “não”

Caso os atores regionais – não apenas os países buscando adquirir SSBNs, mas outros agentes de interesse – desacelerem o desenvolvimento e compra de armamentos, estabilizando a corrida de dissuasão marítima, deverão entender a situação como ela é. Uma corrida armamentista nuclear no Pacífico:

–    Não é uma questão apenas local ou regional.
–    Não é apenas uma questão militar.
–    Não é assunto apenas das Marinhas de Guerra.


Uma escalada armamentista no mar é um problema global com implicações de longo alcance em termos de proliferação nuclear, modernização de armamentos convencionais, e das possibilidades de controle sobre esses armamentos. A simples existência desses sistemas torna mais possível que um certo “tabu atômico” seja quebrado. Uma disputa submarina é algo profundamente político, pois afeta rivalidades geopolíticas entre grandes potências locais, isso sem mencionar estruturas de aliança e padrões regionais de governância.

Para todas as forças militares na área, essa corrida nuclear não é assunto só das Marinhas: SSBNs têm repercuções grandes e pequenas em operações conjuntas e combinadas, e apagam fronteiras importantes entre sistemas convencionais e nucleares. É preocupante que haja, no geral, um progresso assimétrico entre o desenvolvimento de sistemas de armas e o de protocolos de controle e comando (C2), segurança internacional ISR), treinamento e prontidão, e de uma doutrina necessária para empregar mecanismos de dissuasão marítima de forma segura e confiável.

Apesar de uma postura mais prudente por parte da Índia, China e outros atores regionais ser capaz de aliviar a ansiedade, pode não ser o bastante para aqueles que priorizam a estabilidade regional. No fim das contas, ainda que seja fora de moda advogar em favor do controle de armamentos, especialmente de componentes navais, estrategistas e políticos precisam ter em mente as palavras de Thomas Schelling, e Morton Halpering no livro Srtrategy and Arms Control, de 1961: “o atributo essencial do controle de armaentos é a percepção do interesse comum, da chance de reciprocidade e cooperação mesmo entre inimigos potenciais sob o ponto de vista militar”.

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