Gabriel Luiz
O diretor Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) no Brasil, Carlos Ebner, afirmou nesta quinta-feira (1º) que o “setor sempre aprende muito” com acidentes aéreos. Segundo ele, o laudo com as explicações sobre a queda da aeronave com o time da Chapecoense – que não tem previsão para ser finalizado – deve apresentar conclusões que ajudarão a prevenir outra tragédia do tipo.
“Cada acidente na aviação é uma gama de lições que vão ser implementadas para que futuros acidentes sejam evitados”, disse ao G1 o diretor da Iata, que representa mais de 280 companhias aéreas pelo mundo. “O mais importante são as lições que se aprendem com o acidente.”
“[Os peritos] Vão analisar a conversa com a torre, os planos de voo, os procedimentos que existem lá. Isso tudo vai ser analisado. Por isso que demora oito meses, nove meses. Depois que tudo for analisado, os técnicos vão chegar a conclusões como ‘isso aqui temos que mudar porque não funciona do jeito que está’. O setor aprende muito, por isso que se vai aos mínimos detalhes em uma investigação.”
Ele citou a queda do voo da Varig RG-820, que pegou fogo em Paris em 1973, após um incêndio iniciado em um dos banheiros no fundo do avião. As análises apontaram que os passageiros morreram asfixiados por substâncias tóxicas que tinham sido lançadas no ar durante a queima.
"A partir dali, todo o equipamento a bordo tem que ter um tratamento especial para que não ocorra o que ocorreu. Ficou proibido fumar no banheiro e mudaram todo o material [uisado a bordo], que não pode ser mais tóxico", continuou Ebner.
Em Medellín, na Colômbia, especialistas brasileiros, americanos, ingleses, colombianos, bolivianos e espanhóis trabalham juntos para explicar o que motivou a queda da aeronave CP-2933, que acabou deixando 71 mortos e seis feridos. Havia 81 pessoas a bordo: 72 passageiros e 9 tripulantes.
Ebner declarou que o setor lamenta o acidente, porém negou que casos semelhantes tenham repercussão direta no mercado. “Há repercussão na imprensa, as pessoas ficam sentidas, mas não tem no setor. As pessoas continuam a viajar."
Tragédia
O voo da da companhia LaMia estava sem combustível no momento do impacto, de acordo com as descobertas iniciais de autoridades colombianas de aviação. Uma funcionária do aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde partiu o avião em direção a Medellín, disse que alertou o representante da companhia de que a quantidade de combustível era insuficiente e que não seria possível chegar a outro aeroporto no caso de uma emergência.
"Quando chegamos ao local do acidente e pudemos inspecionar os destroços, confirmamos que a aeronave não tinha combustível no momento do impacto", disse o secretário de segurança aérea da autoridade de aviação civil da Colômbia, Freddy Bonilla.
Em uma gravação das palavras finais do piloto se pode ouvir ele dizer à torre de controle que o avião estava em "falha total, falha elétrica total, sem combustível".
O piloto pediu permissão com urgência para aterrissar pouco antes de o áudio ficar mudo. O avião BAe 146, produzido pela BAE Systems, bateu em uma área montanhosa perto da cidade de La Unión, próxima a Medellín.
Somente seis pessoas a bordo do voo da companhia boliviana LaMia sobreviveram, incluindo três jogadores do time da Chapecoense que seguia para a final da Copa Sul-Americana, no maior jogo da história da equipe. Além dos atletas, também sobreviveram um jornalista e dois tripulantes.
Normas de voos internacionais exigem que aeronaves levem combustível suficiente para que possam voar por 30 minutos após chegarem ao destino final, caso tenham que voar em círculos antes do pouso ou voar para outro aeroporto.
"Neste caso, infelizmente, a aeronave não tinha combustível suficiente para cumprir as normas para contingência", disse Bonilla em Medellín. "Uma das teorias que estamos trabalhando é que por não termos encontrado combustível no local da colisão ou nos tubos de alimentação, a aeronave sofreu queda por falta de combustível".
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