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Setor aeronáutico descarta uso do etanol brasileiro

Assis Moreira

O etanol brasileiro está fora dos planos da indústria da aviação, que deseja usar combustível menos poluente afim de reduzir as emissões de gases. Entretanto, um dos projetos que a Embraer, Boeing e Airbus vão desenvolver, em parceria, é com base num derivado de cana-de-açúcar, a ser testado nos próximos meses num avião da brasileira Azul.

Construtores de aviões, de motores e companhias aéreas deixaram claro, num encontro ontem em Genebra, que um uso maior de biocarburante tem sido freado não por questões técnicas, e sim pela ausência de produção em larga escala para comercialização a preço competitivo.

A situação é diferente de quatro anos atrás, quando o uso de um bicombustível para fazer avião voar parecia algo difícil. Desde então, a indústria fez mais de 1.500 voos comerciais com diferentes combinações de produtores, motores e companhias com biocombustível "drop-in". Isso significa um combustível que serve como substituto direto da querosene, diesel e óleos para jatos, sem qualquer mudanças nas redes de distribuição ou nos motores.

Os preços atuais do custo de biocarburante são três vezes maiores do que o combustível convencional. "As pesquisas são muito caras até se alcançar combustível não apenas eficiente, mas sustentável ambiental e socialmente", afirmou o presidente de aviação comercial da Embraer, Paulo Cesar Silva, depois de assinar acordo para desenvolver a comercialização de biocarburante com o presidente de aviação comercial da Boeing, Jim Albaugh; e o presidente da Airbus, Tom Enders.

Uma das preocupações do setor em relação ao etanol, e que provoca sua exclusão, é primeiro de ordem técnica. "Etanol e diesel não são possíveis", segundo Paul Steelle, diretor do Air Transport Action Group (Atag). Mas há bioquerosene de diferentes elementos agrícolas e de detritos da indústria, por exemplo. "Não queremos fazer combustível e deixar as pessoas morrendo de fome", afirmou Enders, da Airbus.

O diretor de estratégias e tecnologias para o meio ambiente da Embraer, Guilherme de Almeida Freire, destaca a tecnologia aprovada para uso de oleaginosos como biomassa, que só depende da disponibilidade dos produtos. Também há testes para utilização de sacarose para transformar álcool em biocarburante atraves de modificações químico-físicas. Outro projeto de uso de derivado de cana-de-açucar substitui a antiga levedura do etanol por levedura geneticamente modificada para chegar a hidrocarbureto, fazer a mistura, equilibrar o produto e fazer o avião voar.

No encontro de Genebra, Airbus e Virgin Australia anunciaram estudo sobre nova maneira de produzir etanol sustentável, a partir de madeira de eucalipto.

Por sua vez, a Lufthansa quer prosseguir com os testes que já vem fez, durante seis meses, usando bioquerosene nos voos entre Hamburgo e Frankfurt.

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