Discurso da Presidenta da República, Dilma Rousseff, durante cerimônia de início da construção dos submarinos S-BR no Brasil
Itaguaí-RJ, 16 de julho de 2011
Senhor governador Sérgio Cabral, governador deste estado, que sempre será um dos estados mais amados do Brasil, o Rio de Janeiro,
Senhor Yves Saint-Geours, embaixador da República Francesa no Brasil
Ministros que me acompanham neste dia: Nelson Jobim, ministro da Defesa; Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia; Orlando Silva, ministro dos Esportes; Luiz Sérgio, ministro da Pesca e da Aquicultura; Helena Chagas, ministra da Comunicação Social e Maria do Rosário, ministra dos Direitos Humanos.
Senhor Vice-governador do Rio de Janeiro, grande parceiro, Luiz Fernando de Souza Pezão,
Almirante-de-Esquadra Júlio Soares de Moura Neto, Comandante da Marinha,
Senhor Gérard Longuet, ministro da Defesa da República Francesa,
Deputados Federais Benedita da Silva, Carlos Zarattini e Zoinho,
General-de-Exército José Carlos De Nardi, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas,
Senhor Carlos Busatto Júnior, prefeito de Itaguaí,
Senhor Jaime Wallwitz – Jaimão –, presidente da Nuclep,
Senhor Yves Blanc, presidente da DGA,
Senhor Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da Odebrecht,
Senhor Patrick Boissier, presidente da DCNS,
Senhor Gérard Solve, presidente da Itaguaí Construções Navais,
Senhor Alex Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro,
Senhora Ana Cláudia Souza Fernandes, por intermédio de quem cumprimento as trabalhadoras e os trabalhadores da Nuclep,
Senhoras e senhores,
Nesta cerimônia nós vivemos um momento estratégico para o Brasil, com o início da construção dos submarinos Sub S-BR. Nós sabemos – aliás, foi dito de uma forma muito clara para nós, na apresentação que recebemos aqui, da Marinha – que um pequeno grupo de países domina a construção de submarinos, em especial de submarinos de propulsão nuclear.
Por isso, hoje é um momento especial. O Brasil dá mais um passo em direção à afirmação cada vez maior da sua condição de país desenvolvido, de país com uma indústria sofisticada e, portanto, de país que é capaz de absorver, dominar e utilizar tecnologias avançadas.
Graças à Marinha, responsável pelo Programa de Desenvolvimento de Submarinos e, também, graças à decisão política do presidente Lula, em 2008, que, em parceria com a França e o presidente Sarkozy, o Brasil passa a trilhar este caminho da construção de submarinos.
O grande mérito e o grande objetivo dessa parceria é a transferência de tecnologia e, portanto, uma aliança estratégica no sentido da construção de submarinos com a França.
Nós, neste projeto, temos um objetivo fundamental, que é fortalecer e capacitar a Marinha do Brasil em dois aspectos, tanto na sua modernização cada vez maior, ao se tornar uma arma capaz de dominar a tecnologia da produção de submarino de propulsão nuclear, dentro de um quadro de defesa nacional, jamais de ataque, porque somos um país comprometido com os princípios da paz, e também no sentido de assegurar que a nossa Marinha seja capaz de proteger o nosso povo e, sobretudo, ser capaz de garantir um ambiente pacífico no nosso país e, também, garantir a segurança de nossas riquezas naturais.
Este país possui um valor muito grande com a descoberta do pré-sal na sua plataforma continental. Nada mais justo que nós tenhamos, na Marinha, um dos fatores de garantia da soberania deste país e de proteção de suas riquezas.
Mas este programa não se esgota aí. Ele é um programa, também, que tem por objetivo adquirir conhecimento. Conhecimento é um valor fundamental para a afirmação da soberania do nosso país. É também um programa para assimilar tecnologia, como eu já disse, das mais avançadas. É um programa para fortalecer a indústria nacional de defesa do país, um programa de capacitar e qualificar profissionais. Sobretudo, é um programa que nos dá orgulho de ver que nesses últimos dois anos e meio, desde 2008, nós conseguimos trilhar este caminho e, agora, damos o primeiro passo em direção da construção do primeiro submarino. E, através desse primeiro passo, nosso objetivo é chegar aos quatro submarinos mais convencionais, com propulsão a diesel, para desembocarmos na produção de submarino com propulsão nuclear.
Nós podemos nos orgulhar, porque, nos últimos anos, o Brasil afirmou, reafirmou a sua capacidade de voltar a produzir e a dominar tecnologias que durante alguns anos nós deixamos de lado. Fomos a segunda maior indústria naval, nos anos 80, e hoje voltamos novamente, também a partir da decisão de produzir aqui plataformas, sondas, navios, petroleiros, equipamentos, bens e serviços para o fornecimento para a nossa indústria de petróleo e gás.
Eu tenho muito orgulho de estar aqui hoje, porque acredito que este momento se combina com o momento excepcional do nosso país. É o momento em que nós afirmamos a capacidade do país crescer com estabilidade macroeconômica, controle da inflação, uma política robusta, no que se refere aos nossos orçamentos fiscais, mas também uma política que tem compromisso com as necessidades do país e do seu povo.
Mantemos o país crescendo, mantemos a distribuição de renda que caracterizou, nos últimos anos, esse período fantástico para o nosso país, no qual introduzimos, como consumidores, produtores e cidadãos, quase uma Argentina. Pelos dados da Fundação Getúlio Vargas, foram 39 milhões e meio de pessoas que entraram na classe média, desde 2003 até maio de 2011. Isso significa que nós estamos dando sequência a uma visão de desenvolvimento com inclusão social. Mas, sobretudo, a uma concepção clara que o nosso país é um país que tem uma grande riqueza, além do pré-sal, dos minérios, da nossa indústria, da nossa agricultura: são os 190 milhões de brasileiros e de brasileiras que têm o poder de transformar, de fato, o nosso país numa grande nação.
Eu queria afirmar… dar os parabéns à NUCLEP. A NUCLEP era uma empresa que vivia à margem, nos anos 90. Com a chegada do presidente Lula ao governo, em 2003, essa empresa, que é uma das grandes empresas produtoras de equipamentos pesados no nosso país, foi recuperada, e tenho certeza que progressivamente, com seus trabalhadores, seu conhecimento, seus equipamentos, irá produzir cada vez mais, para o bem do nosso país.
Eu queria cumprimentar, aqui, e dar meus parabéns ao ministro da Defesa, Nelson Jobim e à Marinha do Brasil, através do almirante Júlio. Queria cumprimentar o Jaime, presidente da NUCLEP. Cumprimentar a Odebrecht, a DCNS francesa e a nova empresa Itaguaí, de construções navais.
Tenho certeza de que nós todos, unidos, num projeto comum, em que os submarinos, a produção deles se transforma numa posição estratégica do Brasil diante do fortalecimento da sua indústria, da capacitação do nosso país, da nossa capacidade, também, de construir alianças internacionais, tudo isso consubstancia-se neste projeto. E, por isso, eu tenho só um desejo: sucesso a todos que estão envolvidos nesse desafio e nessa caminhada.
Dilma Rousseff
Presidenta da República